Capítulo 31

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  - Mamãe- Paula conseguiu ouvir aquele sussurro que parecia vir de longe enquanto estava em um profundo sono- Mamãe, acorda!- foi necessário a menina balançar o ombro da mulher para ela despertar.

  - Oh, meu amor, que susto- esfregou os olhos com as mãos enquanto ouvia a risadinha da menina- Que horas são?

  - Eu não sei- ela estava sentada na cama olhando com uma cara travessa para a mãe.

  - O que você tá aprontando?- semicerrou os olhos. Conhecia muito bem aquela carinha de sapeca.

  - Promete que vai fechar os olhos e só vai abrir quando eu disser que pode?- levantou o dedo mínimo e ficou esperando a morena fazer contato.

  - Mas se eu fechar os olhos eu durmo, filha- riu.

  - Não, mamãe, faz esse esforço, por favorzinho- fez um bico.

  - Tá bom- sorriu e juntou seu dedinho com o da menina- Não demora se não eu volto a dormir, hein?- disse enquanto ela descia da cama e saía do quarto.

  Fechou seus olhos e ficou esperando. Ouviu uma movimentação no quarto, mas não deixou sua curiosidade falar mais alto. Sentiu o colchão afundar dos dois lados e então a mãozinha quente de Sofia em seu braço.

  - Já pode abrir os olhos, mãe!

  Ela abriu os olhos lentamente e pôde ver uma bandeja de café da manhã cheia de guloseimas, salgados e coisas que adorava comer.

  - Feliz aniversário!- eles gritaram em conjunto.

  - Uau- estava realmente surpresa- Como vocês prepararam isso?- a surpresa foi tamanha que ela sequer conseguiu agradecê-los de primeira.

  - A gente não sabia fazer nada, então ligamos pro Breno e pedimos ajuda, aí ele encomendou isso e trouxe aqui em casa- Pedro explicou.

  Ela realmente não esperava nada daquilo.

  - Sério?- olhou para o menino.

  - Sim- ele assentiu- Você gostou?- ficou evidente o nervosismo em seu olhar.

  - É claro que eu gostei, meu amor- abraçou cada um deles com um braço- Eu amo vocês mais do que tudo nessa vida- beijou a cabeça de ambos.

  - A gente também te ama, mamãe- Sofia sorriu e beijou o rosto da mulher- Agora vamos comer.

  - Mas o aniversário não é meu?- perguntou em um tom de brincadeira enquanto via eles pegarem algumas caixinhas de suco que haviam deixado no pé da cama.

  - Sim, mas você sempre diz que o que é seu é nosso- Pedro argumentou- Então o café é nosso.

  Eles comeram tudo que estava na bandeja enquanto se divertiam. Conversavam sobre a escola, eles a enchiam de perguntas como sempre faziam e a morena respondia tudo da melhor maneira para ambos entenderem.

  Paula nunca festejava seu aniversário, adorava preparar festa para os demais, mas o seu geralmente era comemorado apenas com um jantar mais íntimo ou com acontecimentos como esse pela manhã. Também nunca foi muito fã de receber presentes, a única pessoa que a presenteava mesmo contra a sua vontade era o antigo chefe. Ele sempre lhe dava algo de presente e fazia alguma das refeições com ela para comemorar.

  Um enorme vazio tomou conta dela quando reparou que não aconteceria nada que sempre acontecia nos outros anos. O loiro não apareceria de surpresa, ele não a presentearia mesmo contra a sua vontade e não daria aquele forte abraço que apenas ele sabia dar. Era estranho não ter ele em sua vida. Por mais que amasse a companhia de seus filhos, o homem fazia parte de sua rotina de aniversário e ele não estava lá naquele ano.









  Paula estava sentada no sofá de sua casa com seu celular na mão. Já era tarde da noite e as crianças já estavam dormindo. Ela tinha os contatos do celular aberto e o nome "Breno" aparecendo na tela. Queria muito ligar para o loiro e agradecer por ter ajudado os filhos na surpresa, mas não se sentia a vontade. Ele não havia ligado para parabeniza-la, por que ela ligaria para agradecê-lo?

  Deu um longo suspiro e, quando se convenceu a deixar de ser trouxa e foi com o dedo no botão lateral para desligar a tela do celular, o nome do homem loiro brilhou na tela fazendo o seu coração disparar.

  Tocou mais três vezes até que ela tivesse coragem de pressionar o botão verde.

  - Alô?- disse um pouco sem graça, era o primeiro contato em meses.

  - Oi- dava para ver que ele também não estava totalmente confortável com a situação- Eu queria te dar parabéns. Por mais que estejamos distantes, quero que saiba que te desejo tudo de melhor nessa vida.

  - Obrigada, Breno- engoliu seco- Também queria te agradecer por ajudar as crianças com a supresa hoje de manhã. Depois eu deposito na sua conta o valor gasto, só me mandar.

  - Não. Isso foi uma parte do meu presente pra você- a informação a fez ficar confusa- Foi de coração.

  - Então eu agradeço apenas- umedeceu os lábios com a língua.

  O silêncio reinou por alguns segundos fazendo o nervosismo apenas aumentar.

  - Você tá em casa?- ele perguntou quebrando o silêncio.

  - Sim- respondeu- As crianças já foram dormir e eu to tomando um vinho aqui na sala. Melhor forma de comemorar meus 36 anos- deu uma risadinha ao final da frase.

  - É, com certeza- ele concordou- Eu não liguei só pra te dar parabéns, na verdade.

  - Não?- questionou.

  - Não- limpou a garganta- Eu queria te dizer que eu terminei meu relacionamento com a Marcela.

  A frase fez seu coração acelerar ainda mais, sentia que a qualquer momento ele iria pular para fora do peito. Se repreendeu mentalmente por isso pois parecia uma adolescente emocionada.

  - Oh, eu sinto muito- tentou controlar o nervosismo em sua voz- Você tá bem? Digo, da última vez quase entrou em colapso.

  - To lidando da melhor maneira possível e... foi o melhor pra nós dois- mordeu o lábio inferior- Infelizmente aquilo não ia dar certo.

  - Vocês pareciam tão perfeitos um para o outro- doeu um pouco dizer aquilo, mas ela realmente sentia isso.

  - Nem tudo é o que parece- o silêncio se fez presente novamente- Você tá sozinha?

  - Sim, só eu e meu vinho- deu uma risadinha.

  - Eu posso ir aí?- a pergunta repentina fez o sangue dela correr frio pelas veias. Não esperava por isso.

  - Breno, acho que não é uma boa ideia- rebateu se segurando para não lhe dizer 'sim'.

  - Tarde demais- ao fim dessa frase se ouviu três batidinhas na porta principal de sua casa.

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