Capítulo 18

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  - E aí? Como foi os primeiros dias com a princesa na vida real?- foi a primeira coisa que Paula perguntou quando Breno entrou pela porta do escritório.

  - Foi maravilhoso- disse suspirando e a morena deu um pequeno sorriso- Mas a gente dormiu na casa dela, porque supostamente você ainda mora comigo.

  - Diz que eu aluguei um apartamento, sei lá, pelo menos até eu ir pra Belo Horizonte- sugeriu focada nas anotações que fazia na agenda.

  - É, boa ideia- foi até sua porta- Segue tudo bem entre a gente, né?- ele parou antes de entrar e resolveu perguntar.

  Haviam agido como se nada tivesse acontecido desde que chegaram, mas Breno podia sentir o clima meio pesado entre eles.

  - Claro, por que não estaria?- deu uma rápida olhada para ele e logo voltou para o computador.

  Eles resolveram usar o frase "o que aconteceu no Havaí, fica no Havaí", nunca nem chegaram a mencionar o quase beijo que trocaram e nem o misto de sentimentos que se revelaram.








  Paula estava pensativa, não estava conseguindo se concentrar em nada que estava fazendo. Por mais que agisse como se estivesse tudo bem entre ela e Breno, não estava nada bem. Ela não conseguiria fingir por muito tempo que nada aconteceu no Havaí, ela não conseguia esquecer os dois beijos que ele tentou dar nela, não conseguia esquecer as declarações do dia do jantar, simplesmente era impossível. Não sabia quanto tempo mais ela ia conseguir conviver com ele sem explodir tudo aquilo.

  - Por que você tá com essa cara pensativa?- a voz de Breno a tirou de seus devaneios.

  - Que?- pôs o óculos de volta no rosto e o olhou rapidamente.

  - Não tá tudo bem, né?- parou em frente à mesa dela- Você não tá nem olhando no meu olho.

  - Tá tudo ótimo- tentou mentir.

  - Não tá- ele se sentou e ficou olhando para aquele rosto lindo em sua frente- Hey- segurou sua mão que escrevia na agenda- Olha pra mim, por favor- pediu com a voz suave e vou ela hesitar antes de finalmente focar o olhar no dele- Você tá magoada.

  - O que? Não!- desviou o olhar novamente.

  - Fica olhando pra mim, por favor- ainda segurava a mão dela.

  Paula suspirou e tomou coragem. Ela tirou os óculos de grau e olhou nos olhos dele. Enxergar pouco era essencial naquele momento.

  - Você tá triste pelo que aconteceu na viagem?- ela não falou nada, apenas ficou parada o encarando com uma expressão apática- Me diz o que eu posso fazer pra nós ficarmos de bem de novo. O que eu tenho que corrigir?

  - Eu só queria entender o porquê- falou após alguns segundos de silêncio.

  - Do que?- ele engoliu seco imaginado sobre o ela estava falando.

  - Por que você tentou me beijar duas vezes?- arqueou as sobrancelhas, havia tomado coragem para pôr as cartas na mesa.

  - Eu...- suspirou- Quando você começou a trabalhar aqui eu me sentia muito atraído por você, mas você tinha aquele casamento complicado, então não pude fazer nada, e aconteceu de nos tornarmos tão parceiros e tão amigos que esse sentimento adormeceu- dizia tudo olhando nos olhos dela e sentindo seu rosto quente- Só que essa viagem fez com que essa forte atração despertasse novamente e... eu não consegui controlar.

  - Essa viagem só aconteceu porque você queria namorar essa menina- ela seguia sem expressão- Não faz o mínimo sentido pra mim.

  - Você é uma mulher muito atraente, eu sei que sabe disso, e, querendo ou não, é um pouco difícil de deixar de lado meu lado... apreciador de mulheres tão rápido assim- sabia que estava falando merda, mas não conseguia se expressar de outra maneira- Entende?

  - Essa é a desculpa mais podre que eu já ouvi na minha vida- ela suspirou, se jogou para trás em sua cadeira e pôs a mão nos olhos- Maldita hora que eu fui aceitar entrar nessa loucurada toda- negou com a cabeça- Nossa relação era tão boa, era tão mais fácil disfarçar.

  - Disfarçar o que?- perguntou curioso.

  - Nada- ela tirou a mãos dos olhos e o encarou novamente- Essa viagem construiu sua relação com a Marcela e destruiu a nossa.

  - O que? Não fala uma coisa dessas, Paulinha- disse levemente desesperado- Não destruiu nada! A gente é muito maior do que aquilo.

  - Eu sei, mas é difícil, entende?- fez uma careta- Eu não consigo fingir que aquelas declarações e aqueles quase beijos não aconteceram.

  - Não precisa fingir- pôs os cotovelos na mesa- A gente pode aprender a lidar com isso. Eu também não consegui esquecer a frustração que eu senti em não conseguir te beijar- a última frase foi com um tom de voz mais baixo e sensual.

  - Não faz isso- ela resmungou negando com a cabeça- Isso vai acabar com meu psicológico.

  - Desculpa- se ajeitou na cadeira- Eu prometo que vou fazer o possível pra nossa relação voltar a ser o que era- levantou seu dedo minguinho- Eu juro.

  - Você é ridículo- deu uma risadinha, mas logo uniu seu dedo ao dele- Parece a minha filha.

  - Foi ela que me ensinou- eles ficaram se olhando por alguns segundos- Falando nela- se afastou levemente enquanto a mulher voltava a fechar a expressão.

  - Você não da ponto sem nó, né?

  - Eu preciso deles esse final de semana. Por favor, Paulinha!- juntou as mãos- Só um almoço, vai ser rapidinho, eu prometo.

  - Mas esse é o meu tempo que ficar com eles.

  - Você dorme com eles todos os dias. Eu só quero seguir com a história e matar a saudade dos pestinhas- admitiu- Sim, eu me apeguei a eles.

  Ela riu negando com a cabeça.

  - Posso te dar um conselho?- questionou e ele assentiu com a cabeça- Conta a verdade pra essa menina, ela não merece ficar sendo enganada.

  - Mas isso vai acabar com nosso relacionamento.

  - Relacionamento construído a base de mentiras nunca acaba bem, olha pro meu casamento- sorriu sem humor- Promete que vai pensar sobre isso?

  - Prometo- garantiu.

  - Ótimo- pôs os óculos novamente no rosto- Pegue meus filhos as 11:00 e me devolva as 14:00 no sábado, sem mais e nem menos- apontou a caneta para ele- Agora sai da minha mesa e vai trabalhar- voltou a atenção para o computador.

  - Não sei se sabe, mas esse escritório todo é meu- disse em tom de brincadeira.

  - O escritório é seu, mas quem manda aqui sou eu, então vaza da minha mesa e vai trabalhar.

  Ele riu, se levantou e se inclinou na mesa dando um beijo na testa dela.

  - Você é a melhor, obrigado- e voltou para a sala dele.

  No fim das contas aquela conversa apenas gerou esclarecimentos, mas não decisões, então ela tomou uma decisão dentro de si: faria de tudo para afastar o que sentia pelo seu chefe pelo bem de sua sanidade mental.

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