Capítulo 3

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  - Misericórdia- foi a única coisa que Paula conseguiu dizer enquanto ouvia a história que o loiro a contava- E o que aconteceu?

  - Eu comecei a gaguejar enquanto tentava inventar uma história, aí ela ficou desconfiada e jogou a aliança na minha cara, me deixando lá sozinho- explicou.

  - E você ainda tava sem calça?- arqueou as sobrancelhas olhando ainda sem acreditar para o homem.

  - É com isso que você tá preocupada?- ele suspirou- Pela primeira vez eu me senti no dever de ser honesto com alguém e algo assim acontece. Eu até falei a minha real idade pra ela.

  - E qual o problema?- Paula não estava entendendo muito bem onde o loiro queria chegar.

  - Que aquela aliança acabou com a minha vida!

  - Mas por que você não segue o plano original e conta toda a verdade?

  - Como?

  - Diz pra ela que você não é casado, é só um canalha que usa uma aliança de quando foi largado no altar pra levar as mulheres para a cama- forçou um sorriso enquanto o loiro revirava os olhos.

  - Eu não posso fazer isso!- começou a andar de um lado para o outro- Eu realmente me vejo em um relacionamento com essa mulher.

  - Nossa, mas o mel era tão bom assim pra te prender em uma noite?

  - Ela é diferente, sei lá- deu de ombros e fechou os olhos.

- Então vai atrás dela e conta a sua verdade, seja ela podre ou sincera- aconselhou.

- Mas eu não sei onde ela mora- olhou para a secretária- Ela é sobrinha do Antenor, com certeza ele sabe- um sorriso surgiu nos lábios do homem.

- Não- ela falou assim que conseguiu entender o que o sorriso significava- Eu não tenho nada a ver com essas suas sacanagens. To aqui pra tratar sobre seu trabalho de arquiteto, não de enganador de mulheres- negou com a cabeça- Liga você mesmo.

- Mas eu vou falar o que?- pôs as mãos na cintura- Oi, onde mora aquela sua sobrinha que eu transei na noite retrasada?- fez uma voz de deboche- Acho melhor não.

- Vem cá- fez uma expressão curiosa- Como é que você foi embora? E onde tava o Kaysar nesse tempo todo?

- Aquele filho da mãe sumiu antes de eu conhecer a Marcela- contou- E eu vim embora de carro. Não achei e não to nem aí pra ele- deu de ombros e a mulher sorriu sem mostrar os dentes.

- Treze anos mais nova?- fez uma careta.

- Ela é legal, eu juro- apoiou as mãos na mesa que a morena estava- E é uma das mulheres mais lindas que eu já conheci.

- É, não apaixonou o suficiente- brincou e o homem apenas revirou os olhos.

  - Faz esse favorzinho pra mim, vai?- fez um bico- Eu te dou quantas folgas você quiser.

- Você não sobrevive sem mim- disse pegando o telefone e procurando o número do homem na agenda eletrônica.

- Você é a melhor!- sorriu em agradecimento e ela lhe lançou um olhar de repreensão.

- Senhor Antenor? Olá, aqui a Paula, da Simões Arquitetura- disse simpática e revirou os olhos para algo que o velho disse, Breno apenas conseguiu rir- Não, está tudo certo com o seu novo projeto, não se preocupe. O senhor Simões que pediu para que eu ligasse pro senhor. Ele gostaria de saber onde mora aquela sobrinha que foi apresentada a ele na festa- dito isso ela começou a anotar algo em um papel isso- Isso mesmo, a que ele transou na praia e está prestes a enganar- o loiro arregalou os olhos com a frase- Muito obrigada, tenha um bom dia- ela desligou o telefone e olhou para o chefe, que tinha o rosto avermelhado e um olhar assustado.

- Por que você contou isso pra ele?

- Na verdade ele me passou as informações e a ligação caiu- disse para o alívio de Breno- Mas eu deveria sim contar sobre a vida de mentiras que você quer construir com a menina.

- O que ele disse?- ignorou a última frase dela.

- Ele não sabe a casa dela, mas ela mora aqui em Goiânia e trabalha na escola de freiras que tem no centro, ao lado do hospital- arrancou a folha que havia feito a anotação e entregou para o homem.

- Eu já disse como você é a melhor?- segurou os dois lados do rosto da mulher e deu um beijo em sua testa.

- Olá- a voz da babá dos filhos de Paula foi ouvida.

- O que vocês estão fazendo aqui?- perguntou surpresa e se levantou para abraçar seus pequenos.

- A Sofia tava enchendo o saco- Pedro falou e revirou os olhos.

- Eu tava com saudade de você, mamãe- a menina disse com um bico nos lábios.

- Oh, meu amorzinho- a abraçou e deu um beijo em seus cabelos castanhos- Cumprimentem o senhor Simões.

- Olá, senhor Simões- disseram em uníssono.

- Oi, crianças!

- O que vão fazer quando sair daqui?- acariciou as mechas escuras da filha e olhou para o mais velho.

- Nada- o menino respondeu dando de ombros- Senhor Simões- sua atenção foi para o homem- Você pode me levar pra nadar com os golfinhos?

- Pedro!- Paula o repreendeu.

- Como assim?- o loiro perguntou confuso.

- Minha mãe disse que você é cheio da grana, então pode me levar pra nadar com os golfinhos no Havaí- a morena apenas fechou os olhos e negou com a cabeça enquanto ouvia o que o filho falava.

- Pessoas ricas não pagam viagem para os outros, é por isso que continuam ricas- explicou para ele.

- Já tá na hora de irem embora, né?- beijou o rosto da filha mais algumas vezes e também beijou o menino a força, já que ele não gostava de demonstrações de afeto, assim como o pai- Se comportem!

Os três se despediram e então saíram da sala.

- Esse menino tá cada vez mais terrível- suspirou- O que vai fazer?

- Nada, não sou o pai dele.

- Eu to falando da adolescente, Breno!- o olhou séria.

- Ela não é adolescente- corrigiu- Eu vou ir atrás dela e vou contar a verdade. Quer dizer, essa é a melhor forma de começar um relacionamento, né?

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