Capítulo 19

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Passaram-se três meses desde os últimos acontecimentos. Tudo seguia bem entre Breno e Marcela, já havia acontecido a suposta viagem de sua ex com os filhos para Belo Horizonte e, todos os fins de semana ele falava com as crianças por vídeo para seguir com a farsa.

Paula havia conseguido neutralizar tudo o que estava sentindo, voltando a se relacionar normalmente com o chefe. Ela morria de medo de chegar a cruzar com a loira algum dia, tanto que evitava ao máximo ir a shopping ou qualquer outro lugar que tivesse a chance de encontrar com a mulher.

- Olá!- Breno falou entrando no escritório.

- Tá atrasado- a morena disse olhando para o relógio.

- Desculpa, chefinha. Prometo ficar até tarde pra compensar- brincou e foi até a frente da mesa dela.

  - O que foi, moço?- ajeitou o óculos no rosto.

  Ele suspirou e se sentou.

  - Eu tomei uma decisão importantíssima e preciso ouvir da sua boca que isso é o certo pra não ficar com o coração pesado- mordeu o lábio inferior.

  - O que foi?- ela tirou o óculos e esperou que ele falasse.

  - Eu...- olhou para as próprias mãos sem jeito- Eu quero falar toda a verdade pra Marcela- subiu o olhar vendo uma expressão preocupada no rosto de Paula- Eu sei que é arriscado, mas não me sinto confortável de ficar enganando ela desse jeito. É realmente péssimo construir uma relação a base de mentiras- suspirou- Parece que a qualquer momento eu vou falar uma merda e tudo vai por água abaixo. O que você acha sobre isso?

  - Eu te deixei bem claro meu posicionamento sobre isso lá no início. Ninguém merece ser enganado e essa menina merece saber toda a verdade- segurou a mão dele por cima da mesa- Sei que é provável que ela não aceite bem, que fique brava, inclusive comigo, mas é algo necessário. É melhor vocês pararem agora ou então continuarem com as cartas abertas na mesa.

  - Eu não sei como chegar nela e abordar isso- segurou a mão dela com firmeza- Eu to com medo, não to preparado pra ver ela mal e... que merda- abaixou a cabeça e ficou em silêncio.

  - Vai acontecer tudo o que tem que acontecer, não adianta. O destino não falha, Breno- acariciava a mão dele com o dedo polegar enquanto o lançava um olhar de compaixão.

  - Eu to tão ferrado- resmungou voltando a olhar para ela e soltou uma risada sem humor- Por que eu tenho que te dar ouvidos?

  - Agora a culpa é minha?- perguntou em um tom divertido.

  - Você é a minha razão, né, miséria!- riu- Se não fosse a sua sensatez eu acho que já tinha me dado muito mal.

  - Deixa de ser conversado- soltou a mão dele- Agora levanta essa cabeça, princesa.

  - Eu te odeio- se levantou da cadeira rindo- Eu até te daria um abraço, mas...

  - Não! Nossa relação é estritamente profissional, vai lá fazer seu trabalho!- disse em tom de brincadeira e o homem negou com a cabeça sorrindo enquanto entrava em sua sala.











  - Preparado?- Paula perguntou para o chefe enquanto arrumavam as coisas para irem embora.

  - Não- resmungou- Posso ir dormir na sua casa?

  - Deixa de ser frouxo, Breno- pegou a bolsa dela- Você vai criar coragem e fazer o que se propôs- apontou o dedo no rosto dele- E isso é uma ordem!

  - Sabia que não é bom fazer as coisas por pressão dos outros?

  - Eu sou a sua razão, então é basicamente sua consciência falando com você- fecharam a porta e entraram no elevador indo para o estacionamento.

  - Meu coração tá acelerado e eu to suando frio- olhou assustado para ela.

  - Era assim que meu ex tava quando eu dei um pé na bunda dele- zoou e viu o homem arregalar os olhos- Brincadeira fora de hora, me desculpa- segurou o riso.

  - E se ela tentar me matar?

  - Aí a gente vai saber que ela não era boa pra você.

  - Você é péssima com conselhos, né?

  - Minha vida amorosa foi basicamente resumida a um homem que me humilhava... não tenho muita propriedade pra falar sobre o assunto- explicou.

  - E quando tudo der errado eu vou chorar nos braços de quem?- olhou para ela- Não posso esperar até segunda pra chorar pra você.

  - Chora por telefone, assim eu posso pôr no mudo e fingir que to te entendendo- forçou um sorriso enquanto ele revirava os olhos- Pode aparecer na minha casa a hora que quiser, você sabe muito bem disso.

  - Eu to me revelando um belo cagão- disse quando já estavam em frente aos carros.

  - O amor deixa a gente bem trouxa mesmo- deu de ombros- uma hora você se acostuma.

  - Ainda bem que você é minha razão, porque se fosse meu coração eu tava ferrado- suspirou e ela riu.

  - Eu sei, desculpa- pôs a mão no ombro dele- Eu tava zoando antes. Faz as coisas na hora que achar que deve. Se sentir que hoje não é o dia, não faça! Não se sinta pressionado.

  - Obrigado, Paulinha- beijou a testa dela- Compra uma garrafa de vinho no caso de eu aparecer de madrugada na sua casa precisando encher a cara.

  - Eu vou comprar umas três- afirmou e ele riu- Agora vai lá e segue seu coração.

  - Me deseje boa sorte- suspirou.

  - Boa sorte!

  Eles se despediram e cada um entrou em seu carro partindo para suas respectivas casas.

  Breno nunca andou tão lento em toda sua vida, tudo que ele queria era demorar o máximo que pudesse para chegar em casa. Queria que aquela conversa acontecesse logo, mas estava com medo das consequências que poderiam ter, então sentia um grande aperto em seu coração, mas tinha que ser corajoso. E uma frase martelava em sua cabeça enquanto dirigia: 'é hoje ou nunca'!

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