Capítulo 4: O Segredo

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Evanora

Eu não conseguia distinguir o real e o inconsciente. Minha pele fervia, minha respiração pesava como se eu estivesse imersa em um oceano profundo. Meus olhos estavam abertos, mas eu não enxergava.

- Nós precisamos cortar. E agora.

- Não temos o material apropriado pode piorar tudo e...

- Me dê o maldito punhal, não temos tempo!

- Eva, aguente firme.

Eu não pude identificar os autores de cada frase. Eu me sentia cada vez mais distante, mais perto do escuro. A lâmina gelada perfura minha pele e desliza pelas minhas costas e eu grito, mas só um zunido ressoante atinge meus ouvidos.

Enxergo fogo, sangue, uma espada e uma criança nos braços de um demônio.

E então não vi mais nada.



Jack

Já faziam 2 dias. Ela estava deitada de bruços, com as asas de cores distintas esticadas, que cobriam todo seu corpo. Ainda havia sangue seco nos lençóis, pois temíamos movê-la e piorar a situação. Sua pele era de um castanho claro, como avelã e chocolate, brilhando sobre a luz que emitia das janelas. Eu não imaginava a dor que ela poderia estar sentindo.

- A febre abaixou. - Diz Sally, que estava sentada a seu lado. - Me dê esse pano úmido, por favor.

- O que isso significa? As asas, quero dizer. - Pergunto, já sabendo a resposta. Entrego o pano a ela, que passa pela testa de Eva, suavemente. 

- Eu não sei. Nunca havia visto isso antes. Quando ela chegou, eu achei que as asas estariam ocultas ou algo do tipo, por isso não me questionei. Vergil já sabe?

- Não sei se Gadrieel ou Dylan já falaram com ele. 

- Estranho. - Ela coloca o pano de volta na tigela cheia de água.

- O que é estranho, Sally?

Vergil ter mandado Gadrieel atrás dela. Quero dizer ela é um anjo, sim, mas tem algo de diferente nela. Ele nunca colocaria alguém neste lugar que ele não conhecesse.

- Gadrieel recruta todos que possam nos ajudar. - Dou de ombros. - Não importa necessariamente o que são, se não isso daqui seria a sede de Alderland. O que você acha que ela é?

Sally se mantém em silêncio, analisando-a. Certamente, ela não queria aceitar a verdade.



Vergil


Dizem que a vingança é um prato que se come frio. E é, para os incompetentes, diga-se de passagem.

Eu não estava esperando um milagre por todos esses anos. Não sou um homem de ilusões. Preparei tudo, juntei todos os pedaços e interliguei os caminhos para meu benefício. Manipulei todas as peças para chegar ao Xeque Mate. Era meu jogo, minhas regras. E eu estava disposto a retirar todos os peões que me impedissem de chegar à rainha. Custe o que custar.

Eu não aceitava que havia o perdido. E nunca iria, pois iria conseguir de volta. De um jeito ou de outro. Ele estava encurralado, e teria que cooperar comigo. Foi a primeira e última vez que você quebrou meu coração. E como ditam as regras do xadrez, agora é minha vez.

As Peças Celestiais: Ascensão (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora