Capítulo 12: Suspicaz

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Vergil

Controle. Eu precisava manter o controle.

As emoções são vozes. Algumas, sussurram em meio às multidões. Outras, gritam no silêncio. E as minhas já não eram ouvidas há anos. Isso até colocar meus olhos nela. O motivo da minha vida ser como é, a razão do meu coração ter se tornado cinzento e duro como um bloco de cimento seco. Como eu queria ter o prazer de enfiar uma lâmina em sua garganta e vê-la se contorcer no chão gelado. Uma cena que eu já havia visto em uma outra vítima, e estava disposto a repetir.

Eu ansiava pela vingança, que era tardia e lenta, mas que valeria a pena no final. Eu havia aprendido a ser paciente conforme o tempo, mas eu estava tão perto, de modo que minhas mãos já poderiam tocar. Mas não. Isso arruinaria tudo. E eu queria ver ele sofrer, assim como eu sofri.

Minha mãe, em seus poucos momentos de "lucidez", me disse que Deus era justo, e os pecados nunca sairiam impunes desta vida.

E o que me impedia de agilizar o processo? Afinal, ele não esperou ou hesitou em me ferir mortalmente. Eu jamais teria misericórdia novamente.

Eu me certificaria de que os pecados deles seriam pagos perante aos meus olhos, e mal podia esperar o momento de presenciar as lágrimas de fogo descendo por seus olhos sem alma alguma. Assim como os meus.

Para sempre.



Sally

- Sally, eu achei que tivesse dito triângulos, não retângulos desfigurados. - Implica Caleb, me retirando dos meus pensamentos.

Nós fazíamos os rostos nas grandes abóboras, que estariam na festa de Gwen no dia seguinte. Caleb, quem era o mais empenhado em manter segredo para que ela não descobrisse, mandou que Tristan a levasse para qualquer outro lugar longe dali, enquanto nós preparávamos os últimos detalhes. Embora eu desconfiasse que ela já havia descoberto.

- Ah, me desculpe. Eu estava distraída. - Comento, pegando outra abóbora.

Eu estava me sentindo estranhamente desconfiada, como uma forte intuição perigosa e alertante. Já havia sentido isso antes, mas nunca dei a devida atenção para tal. E eu não queria estragar a diversão de todos com minhas suspeitas sem cabimento, por isso, decidi manter tudo para mim mesma. Mesmo assim, manteria os olhos abertos. Eu jamais descartaria qualquer possibilidade de algo acontecer.

- Se distraia amanhã à noite quando já estiver na festa, sim? - Ele aponta com a faca para a abóbora. - Triângulos.

- Você realmente está achando que a festa será tão boa quanto o Coachella, não é? - Alfineta Noah, pendurando morcegos de plástico em uma árvore. - É Halloween, não um show da Beyoncé.

Caleb mostra o dedo à ele, que sorri, como se houvesse se realizado em perturbá-lo.

- Como você e Dylan estão? - Pergunto, baixinho.

Ele dá de ombros, demonstrando indiferença.

- Não tem um "nós" para ele, aparentemente. Ele está confuso. Provavelmente, estava apenas testando sua sexualidade comigo.

- Não diga isso, sabe que não é verdade. Ele apenas está confuso, como você disse. Precisa de tempo para se organizar. Tenho certeza de que logo ele irá até você.

As Peças Celestiais: Ascensão (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora