Capítulo 32: Até Que A Morte Os Separe

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Jack

Na vida, apenas existem dois caminhos: bem e mal. Não há meio termo.

Deus, uma vez disse que cospe na face dos mornos. E Ele não poderia ter sido mais correto. O que difere, porém, é o que leva o indivíduo a escolher sua jornada, e assim, ter o reflexo de sua decisão nas ações que executa.

Digamos que há uma pessoa torturando outra fisicamente, sem motivo, por anos. Acharia errado que ela a matasse na primeira chance? Eu não, o que entra em outro tópico, qual chamo de Ciclo.

Uma pessoa sofre um trauma, ou diversos em sua infância, que desencadeiam problemas psicológicos durante toda a sua vida. Uma palavra venenosa, um insulto na frente de um público, ou até mesmo conflitos dentro de casa, podem ser responsáveis por moldar o caráter de centenas de indivíduos. O bem apenas existe porque o mal aconteceu. Do contrário, como poderiam ser identificados?

Minha intenção não é justificar minhas ações, eu não busco um veredito. Eu decidi minha própria sentença. Apenas uma ilustração da minha mente de o porquê as pessoas agem da maneira como fazem.

Para Gadrieel, eu estava sendo cruel e calculista. Claro, era fácil julgar prematuramente, já que ele veio muito, muito depois na fila de atrocidades que eu acompanhei durante toda a minha vida. Ele não sabia o que era crescer sendo manipulado, forçado a ter um pensamento, e não me deixando opção a não ser sempre enxergar o lado sombrio da lua.

Eu cresci para ser um monstro. Fui treinado para apenas um propósito, e não estava gostando do rumo que tudo havia tomado, com tantos obstáculos e imprevistos. Os poucos momentos de felicidade que tive, não foram verdadeiramente genuínos. E ainda sim, eu conseguia viver.

Meu pai e Vergil sempre estiveram juntos, o que, para mim, significava que eu cresci com o plano. Eu era a isca perfeita, o sorriso encantador que eles precisavam para que tudo desse certo. A distração, enquanto Gadrieel apenas fazia o trabalho sujo. Claro, ela tinha o destaque por isso, e não eu.

E agora, finalmente, eu poderia fazer algo realmente grandioso e explosivo, o suficiente para recuperar minhas habilidades desperdiçadas. Era revigorante, mas ao mesmo tempo agridoce, por estar chegando ao final. Mas tudo foi feito para acabar, não é?

- Vai precisar de reforço, eu imagino.

- Não. - Retruco, escondendo a gasolina atrás de troncos de madeira cortados atrás do Arsenal. - Pode ir com os outros, eu ficarei bem. Ela vai estar tão dopada que nem vai perceber qualquer coisa. Já planejei tudo. Apenas fique com eles, e não faça nada suspeito.

- Estamos indo bem com isso, Vergil vai ficar feliz, ainda mais em saber que você aprimorou os planos.

- Finalmente, estou fazendo alguma coisa de útil. - Cruzo os braços. - Já estava cansado do Gadrieel tomando todo o protagonismo para si.

- Talvez possamos fazer algo com ele, também. - Sugere.

- Vamos fazer. Que ele queime. - Coloco um fósforo na boca.

Evanora

Eu nunca havia sentido esta sensação antes.
Era um misto de adrenalina e medo, relutância e impulso, que era tão contraditório ao ponto de bagunçar minha meoutros, e conseguir um emprego em uma faculdade de história. Eu havia terminado a escola, e vivia bem, assistindo filmes de ação com meu melhor amigo nas noites de fim de semana, após limpar mesas de um restaurante infantil, desgrudando chicletes velhos e polindo o chão gasto. Agora, tudo aquilo parecia longe e irreal.

As Peças Celestiais: Ascensão (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora