Capítulo 25: Dominar

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Gwen

- Você o quê? - Caleb me encara, incrédulo.

- Eu pedi ao Vergil se eu posso ter um horário fixo nas Torres. O que você não entendeu?

- Não entendi como pode ser tão burra.

- Sutil. - Murmuro.

Todos, pelo menos do meu grupo, odiavam fazer vigília. Dentre os argumentos mais famosos, estavam o fato de nada nunca acontecer, ficar apenas em um lugar durante horas, virar a noite, e estar atento.

Já eu, encarava de outro modo. Além de estar desocupada, e não faz mal ajudar. E tudo fazia parte da minha nova concepção de vida.

Eu não tinha ninguém de laços de sangue para lutar por, mas meus amigos eram mais do que o bastante. E eu lutaria por eles, pelo modo como não lutei por Denzel. O ataque mudou algo em mim, algo grandioso e desconhecido, qual eu ainda estava descobrindo. Mas eu sabia que nada estava igual, e não voltaria a ser. Ver que tudo poderia acabar em um minuto, um piscar de olhos para a escuridão eterna me mostrou que era hora de mudar. E eu estava pronta.

- Gwen, nós temos turnos, tá legal? - Caleb morde o sanduíche que segurava. - E isso acontece justamente para que ninguém passe por essa tortura todos os dias. - Completa, com a boca cheia.

- Eu acho que você está exagerando. - Deslizo as mãos sobre a mesa antes de me levantar. - E falando nisso, eu vi Dylan e você ontem, e não pareciam estarem sendo torturados. - Sorrio, insinuadamente.

- E você queria o que, que estivéssemos lendo a Bíblia?

- Olhe, não blasfeme. Vou até o Arsenal verificar se Kyle terminou com meu novo arco. Mas esse assunto não acabou, mocinho.

- Certo mamãe, boa sorte, não esperarei acordado.

Reviro os olhos e vou até o lado de fora. O céu estava azul, e as nuvens pareciam não existir por um momento. O sol brilhava e as folhas caíam das árvores em laranja e amarelo, indicando a chegada do outono. As estações de Akhadia eram totalmente opostas e desorganizadas, nada igual à Terra. Primavera e Outono estarem juntos era algo extremamente possível, assim como neve no Verão. Sorte meu sistema imunológico ser forte.

Adentro o Arsenal e Dylan estava ao fundo, conversando com Emmitt, seu mais novo aluno e sombra. O garoto parecia adorar Dylan.

- Kyle? - Me aproximo da figura de olhos cinzentos. Ele era extremamente alto, e seus cabelos brancos estavam amarrados em uma trança. Mas apesar do porte físico e das dezenas de runas, ele era tão gentil quanto pode se imaginar.

- Ora, se não é a elfa ruiva do Outono. - Ele sorri, guardando uma lâmina roxa no grande baú repleto de facas, fechando-o em seguida. - No que posso ser útil?

- Eu vim pelo arco, você me disse que estaria pronto hoje. E todas as vezes que me vê, você vem com um nome diferente.

- Eu gosto de usar a criatividade, você sabe. - Ele dá de ombros. Então abre uma das grandes portas de madeira atrás de si, onde as prateleiras de aço repletas de lâminas, bastões, arcos e facas se estendiam ate o fim do corredor. Era muito maior do que eu me lembrava antes das reformas.

Kyle retorna segundos depois com o arco. Sua estrutura era resistente, curvada, longa e prateada, proporcionando uma pressão melhor nas flechas, até em superfícies mais sólidas, e era exatamente o que eu estava procurando.

As Peças Celestiais: Ascensão (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora