Capítulo 21: A Última Profecia

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Evanora

- Então, o que é? - Pergunto. Sally analisava minhas asas para descobrir o que estava de errado com elas.

Honestamente, eu estava tentando não pensar em nada do que estava acontecendo. Noah ainda não havia acordado, o que me pegou de surpresa, já que eu esperava que ele já estivesse de pé agora. Eu estava aterrorizada com a possibilidade de algo de pior acontecer. A perda me assombrava, o medo ocupava todo o espaço livre da minha mente.

- Não me parece bom, Eva. - Retruca, passando a mão pelas plumas. - Parece que há uma disfunção. Eu não sei bem o motivo, mas é como se suas asas não fossem feitas para o voo. Me desculpe. Talvez se tivermos uma segunda opinião, possa ser outra coisa.

Fecho os olhos. Não o suficiente eu ter nascido como uma aberração anormal, agora não poderia voar. E, embora Sally estivesse tentando, eu sabia perfeitamente que o que ela havia dito, era a verdade.

- Não é culpa sua. Você me ajudou, Sally, obrigada.

Ela vem até minha frente, me olhando com amparo.

- Sabe, eu queria poder lhe dar uma boa notícia com tudo isso que está acontecendo. Realmente gostaria de diminuir sua dor.

- Eu também gostaria de algo bom agora. - Respiro fundo, passando as mãos pelas coxas. - Eu só queria parar. Queria que tudo isso parasse de me atingir tão rápido. Eu não sei porque essas coisas estão acontecendo comigo. Não só comigo, mas conosco.

- Eu ouvi dizer que tudo tem um propósito. Talvez, seja para lhe dar algum tipo de força. E nada ruim dura para sempre, é o que minha mãe costumava me dizer.

Olho para Noah deitado na cama.

- Posso ficar sozinha com ele, um pouco?

- Claro. Vou buscar bandagens novas para trocá-las, não quero que infeccionem. Me chame se precisar.

Assinto, e ela toca meu ombro, saindo.

Me sento na cama ao seu lado. Passo a mão por seus cabelos.

- Você me disse que não havia nada que eu não pudesse suportar. - Começo. - Mas eu acho que você estava errado. Eu...eu não aguento mais, Noah, eu juro. Parece que a qualquer momento eu vou morrer aqui. - Sinto meus olhos marejando. - Eu queria que você acordasse. Queria que me dissesse qualquer coisa, qualquer uma. Eu não vou conseguir sem você. - Eu desabo. O choro engasga minha garganta, em um soluço alto. - Eu não sei o que eu estou fazendo. Eu não sei quem eu sou, como seguir em frente agora. - Ouço minha voz mais alta e aguda. - Acorda, por favor. Eu preciso de você.

Aperto sua mão, segurando-a próxima do meu peito.

Eu não poderia suportar a ideia de perdê-lo. Não haveria mais ninguém que me envolveria em um abraço tão puro e bem intencionado. Ou quem passaria a noite comigo quando tivesse a pior das gripes, espirrando em falso, apenas para me fazer sentir melhor e rir. Em quem eu confiaria meus segredos mais sinceros, minhas lágrimas mais sufocantes?

Com a mão livre, retiro nossa foto de formatura do bolso dos meus jeans. Noah beijava minha bochecha enquanto segurava seu próprio capelo, e eu, sorria, com os olhos fechados. Mal sabendo o que nos aconteceria um ano depois.

- Você se lembra desse dia? Eu estava tão nervosa de cair no palco. - Fungo, tentando me acalmar. - Mas você me disse que eu não faria algo tão óbvio, e certamente tropeçaria quando chegasse em casa. E foi o que aconteceu. E foi nesse dia, enquanto nós bebíamos aquela cerveja horrível que você roubou do meu pai, que eu te disse que quando conheci você, achei que estava apaixonada. Mas eu não sabia que era muito melhor. - Dou uma pausa, olhando para a foto. As lágrimas embaçando minha visão. - Você é meu irmão. E eu preciso que você acorde e me diga que vai ficar tudo bem. Por favor. - Peço, quase sussurrando. - Você é tudo o que eu tenho aqui.

As Peças Celestiais: Ascensão (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora