Meus olhos fecharam, mas minha consciência continuava a mil por hora, até que ouço Samy conversar com a Samanta, decido continuar com meus olhos fechados, não ia conseguir lidar com o problema que ia ser me revelar consciente agora.
Hum...Não posso dizer que não tinha suspeitado, os olhares que sentia quando estávamos sozinhos, o jeito que ele sempre me fazia dormir, de qualquer jeito ao lado dele, a delicadeza que o sociopata parecia ter quando o assunto era minha saúde e bem estar, eu até tentava retribuir, tentava mesmo, os favores que ele me fazia, os presentes que me deixava, mas nunca sabia como retribuir de verdade, nunca me senti a vontade nos abraços dele, mesmo que ele simplesmente falasse "está tudo bem, a culpa não é sua"...
Fui um monstro com ele, ainda tenho sorte de te-lo como amigo, mas talvez...isso vá machucar ele, preciso despachar ele, confio nele, confio minha vida a ele, mas não a vida da Samanta, não posso ignorar o fato dele ter a ameaçado na minha frente.
Não parece certo....
Não é certo.
Mas ele nunca reclamou em ajudar.
E como ele reclamaria? Ele é quase um perfeito masoquista.
Ele é meu amigo.
Ele não quer sua amizade, e isso vai magoar ele, se não agora, mais para frente.
Não quero ele longe.
É para o bem da Samanta e o seu.
Ele me conhece melhor que eu mesmo.
....e você...se conheçe Keith?....
Eu...Não sei.....
Abro os olhos ao máximo me despertando do sono em um susto, me jogo para frente me esquecendo completamente do avião indo com a minha cabeça em direção a poltrona da frente, fecho os olhos me preparando para a pancada quando no lugar de plástico duro sinto uma mão quente, olho para o lado vendo Samy meio sonolento.
~ Já acordou huh? Já é noite, pode voltar a dormir se quiser.
Ele susurra me olhando nos olhos, em seguida um pouco confuso olho em volta vendo só algumas luzes acesas no avião escuro, o leve som de algumas respirações descompassadas ecoa pelo transporte, assim como alguns roncos anasalados.
~ Tentei dormir, mas o velho da poltrona 3-A não para de roncar, isso vai me dar uma enxaqueca pesada.
Eu o ouvia, mas as palavras não faziam sentido, não conseguia ligar cada coisa a seu significado, era como se tivesse esquecido minha própria língua!
Levo minha mão direita para minha cabeça, tirando minha franja do rosto, havia suado, eu...estava tendo um pesadelo? Sobre o que era? Quando eu tinha dormido?
Minha face não passou despercebida pelo loiro que levou uma de suas mãos ao meu pulso.
~ Keith...você está Bem?
Logo sinto um interruptor ser ligado na minha mente, a conversa dele com a Samanta, a situação aonde estava, acabei dormindo enquanto pensava, mas ainda não me lembrava muito bem sobre o que era o pesadelo que tinha.
~ Banheiro....- digo e olho o loiro, sem muita explicação ele me entende me dando espaço para passar, me levanto no mesmo estante passando por ele indo para o banheiro.
Chegando lá simplesmente tranco a porta me escorando nela, me viro em direção ao espelho, não tendo noção do que estava acontecendo, a figura refletida no espelho não se parecia nada comigo, me afasto da porta me aproximando do espelho.
- Não sou mais nem a sombra do que era a quatro semanas atrás...será que estava melhor assim?
Susurro pra mim mesmo me olhando, olhos fixos no espelho, não acreditava no que via até que sou tirado dos meus pensamentos por uma batida repentina na porta, balanço a cabeça negativamente me escorando na pia, a encarando.
- Não consegue ver? Tem gente!
Digo em um tom meio rude, esperando ter desencorajado quem quer que fosse a bater novamente.
- bom...é que fiquei sabendo que a pessoa que está aí dentro não está muito bem.
Essa voz, era o idiota do Samy, ergo meus olhos da pia e os levo para a porta, sem pensar direito nas minhas ações simplesmente a abro puxando o loiro, na esperança de que ninguém visse, tranco a porta novamente enquanto grudo o garoto pela gola da camisa o puxando, ele se abaixa um pouco me encarando assim nos olhos, o cabelo dele estava preso em um rabo de cavalo perfeito enquanto o meu tinha voltado para os meus olhos, se molhando pelo suor da minha testa, alguns fios se grudaram o que dava alguma visão para meus olhos, estava bravo, confuso e encarava como se o homem a minha frente fosse o culpado por tudo.
~Shhhh, se acalma.
Ele tenta levar uma das suas mãos para a minha cabeça, solto minha mão esquerda da gola dele dando um tapa na mão dele antes que o loiro me tocasse, o som ecoa pela pequena cabine, ficamos sem reação, apenas nos encarando até que ele decide quebrar o silêncio.
- Nunca achei que ia viver o suficiente para te ver me dar um tapa com essa expressão...heheh...
Ele dá uma risada sem jeito no fim, era óbvio de se ver que ele estava abatido com isso, a expressão dele muda de um sorriso forçado para uma cara um tanto triste, era algo extremamente raro para ele.
Eu não sei o que fazer...
Era o que eu queria ter dito.
Me ajuda.
Eu devia ter continuado.
Que bagunça eu fiz da minha vida?
Mas tudo o que saiu foi um.
- Não preciso de você.
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Coração Yandere
Dla nastolatkówUm jovem que nunca sentiu nada, abandonado pelos pais e excluido socialmente sente uma nova emoção ao conhecer uma aluna nova, seu coração o lembra de que está vivo...e realmente errado querer "proteger" este sentimento?