I Quase fui Morto

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Itz

Sair do calor das forjas enânicas para o frio do sul de Storch era um pesadelo, principalmente se você for um anão. Bom mas eu estou me apresando aqui, sou Itz e sim eu sou um anão e não, não somos menos homens que vocês das pernas longas. Minha história e a seguinte.

- Está falando sozinho meio homem? - Um dos guardas do imperador fala.

Ele era um cara magricela, era muito baixo se comparado aos outros humanos, principalmente entre os guardas, o que me fazia crer que ele só estava com essa arrogância toda porque eu estava amarrado.

- Duvido que falaria assim se eu estivesse solto, otário.

- Deixa ele Ted daqui a alguns minutos jogaremos com a cabeça do anão e desse elfo maricas. - O outro guarda fala.

Esse conseguia ser mais esquisito que o primeiro. Seu nariz parecia que tinha sido cortado pela metade, para completar seu visual ele tinha um par de orelhas de abano que eu tinha certeza que serviria como um tapa olho de pirata.

Isso seria diferente se eu estivesse com minhas lâminas, ah como seria, eu já teria arrancado o resto do nariz desse imbecil. Além de mim tinha o elfo como prisioneiro, ele tinha ficado calado a viagem toda, seu rosto tinha alguns cortes e em uma de suas orelhas estava manchada com sangue seco. O que me fazia pensar se esse era o motivo dele ter ficado calado.

Eu já tinha ouvido que os elfos eram um povo antiviolência, o que me deixava curioso pra saber o motivo dele ter sido pego por Stomalak, além do povo dele ser aliado dos humanos.

Antes que eu desse outra resposta avistamos os portões, esses que estavam cheios de guardas, que apontavam suas bestas para nos.  A maioria não conseguia nem segurar suas armas. 

Olhando um pouco a frente, havia algumas pessoas e outras carroças com mais prisioneiros. A pequena vila parecia ter sido esquecida pelo império, a maioria das pessoas do lugar tinha um olhar fundo e vazio, seus braços e pernas pareciam gravetos de tão magro, as roupas que usavam não passavam de trapos, até a roupa que os prisioneiros usavam estava em melhor estado. No centro da pequena rua estava o carrasco comendo uma maçã, ele era um homem gigante que tinha, pelo menos, três vezes meu tamanho, seu olhar era distante, como se estivesse pensando no jantar de mais tarde, seu machado também era enorme, só em ver já dava um frio na espinha. O tédio em seus olhos era visível até para um cego.

A carroça estaciona afastada do centro da rua e somos empurrados para fora a ponta pés. Do lado de fora tinha uma população raivosa armada com tomates podres e algumas bolas de neve. Os insultos eram todos focados em mim e no elfo, até os outros presos cuspiam nos nossos pés enquanto éramos arrastados.

- Aqui amigos e amigas, temos mais alguns rebeldes que vão ser mortos pela causa – O homem segurava um pergaminho, enquanto falava e ria para a multidão.

Eu não sabia o que era pior, morrer ou servir de teatro para aquelas pessoas.

- Ah, olha só os deuses sorriram para nós, vejam só, um elfo, carrasco sua lâmina vai adorar cortar o pescocinho dessa dama - O falador segurava o pescoço do elfo.

E isso era uma cena que eu teria dado risada se a situação não fosse de matar (literalmente), já que o elfo era pelo menos três palmos maior que o homem, o cara mal conseguia pega o pescoço do elfo sem precisar se estica todo.

Eu não conhecia muitos elfos mais esse era como os velhos anões diziam, alto com cerca de dois metros de altura, sua pele era clara com um leve bronzeado, seus cabelos eram negros e médios chegando na altura do pescoço, parecia que tinha sido cortados por um cego. Mas as orelhas era o que chamavam a atenção pois dava duas do tamanho normal.

Enquanto o homem falava sua voz era substituída por um grito agudo de dor.

- AH.

E eu aqui pensando que esse cara era um molenga que já tinha aceitado ser humilhado por aquelas pessoas. O elfo tinha acertado com toda força uma cabeçada no rosto do homem, que caído caiu de bunda na neve rala, seu nariz agora parecia uma torneira espirrando sangue.

Não demorou muito para os guardas se recuperarem do susto, e logo o elfo estava sendo arrastado mais uma vez por dois guardas que o socava e o chutava. Apesar dos gemidos de dor do homem, um outro som se sobressaia, enquanto era arrastado ate o carrasco o elfo ria.

- Bom espertinho você vai ser o prime..

O homem não terminou de falar, porque um rugido que fez o chão tremer o impediu. Dai pra frente a coisa aconteceu muito rápido, em segundos tinham pedras voando e gente correndo pra todos os lados desesperadas, no ar uma rajada de fogo cortava o céu, eu sabia o que aquilo era e não queria fica por perto , então corri empurrando os guardas que estavam em choque. Não sei porque mas arrastei o elfo junto comigo, aos tropeços abrimos a primeira porta que vimos.

Entramos tão rápido que nem vimos que tinha uma escada, escada essa que obviamente caímos bolando até o final.
Olho pro elfo que está com uma cara de puto da vida e falo:

- Vamos fugir enquanto o caos rola lá fora, essa é nossa chance de sai daqui – mesmo dali era possível ouvir os gritos e rugidos.

- Claro anão e por algum acaso você sabe sai daqui? Ou seu plano é sai rolando por todas as escadas que encontrar? - O orelhudo fala, sarcasmo escorrendo pela boca.

- Olha cara um obrigado seria bem-vindo, e sim eu sei como sair, todas essas masmorras são construídas da mesma forma, todas têm uma saída subterrânea, agora vem.

- Melhor procurar algo pra arrancar essas amarras – ele fala.
Apesar de tudo ele tinha razão, teríamos mais chances de sair se tivermos as mãos livres.

Comecei procurar por uma faca, ou qualquer outra coisa afiada o suficiente para cortar as cordas, que apesar de serem só cordas estavam bem amarradas.

- Ora olha só isso recruta, dois presentes pra gente, talvez sejamos recompensado matando eles o que acha?

Havia dois guardas ali, o que falava era grande do tipo que não faltava a nenhuma refeição, ele segurava uma espada e vestia o uniforme vermelho, bom um dia aquele uniforme tinha sido vermelho, hoje não passava de um marrom desgastado. Já o outro era magrela, não tanto quando os morares da vila, mas o suficiente para ser dispensado do exército. Ele usava óculos fundo de garrava, suas roupas apesar de serem de recruta, estavam mais velhas e mais gastas do que a do brutamonte, além de parecer que o antigo dono tinha o dobro de seu peso.

Mais uma vez não tenho tempo de resposta porque o brutamonte vem para cima de mim e o outro pro elfo. Eu desvio do primeiro golpe, porém com as mãos amarradas era difícil manter uma luta, principalmente com alguém daquele tamanho. Sinto uma dor nas costelas e sou jogado ao chão, minha respiração ficando pesada. Com o canto do olho vejo um elfo também se defendendo como podia, já que seu oponente parecia ser menos burro que o meu. Volto a me concentrar no meu oponente bem a tempo de rola desviando de uma quase empalação, para a minha sorte a espada do brutamontes fica presa ao chão, me dando tempo de se levantar e me recompor. 

   Me levanto, indo de encontro com o corpo do brutamontes que ainda tentava tirar sua lamina do chão. Sinto meu corpo bater na massa humana, o fazendo cair no chão largando sua lamina ainda presa. 

As Crônicas de Olímpia - AliançaOnde histórias criam vida. Descubra agora