XXII Finalmente Solicitude

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Eu não sei por quantas horas eu dormir nem sei se foram horas ou dias, na realidade eu nem sei se eu tinha dormido ou desmaiado. Apesar disso eu não deixei de ter sonhos, ou no meu caso pesadelos. Reviver o passado para ser mais exato.

Eu segurava meu antigo mestre, eu via sua vida se esvaindo, ele movia seus lábios mover, mesmo a lembrança não tendo som, eu lembraria daquelas palavras por muitos e muitos anos.

Naquele dia eu não sabia o que ele queria dizer com aquilo, mas depois da luta de hoje eu tinha uma leve ideia.

A ultima imagem que tive dele, foi de seu corpo pegando fogo, assim como boa parte do meu lar, eu queria ficar ali, meu corpo se movendo floresta a dentro. Talvez se eu tivesse feito diferente ele ainda estivesse aqui, porém eu continuaria com aquela vida de mentiras.

Acordo com o sol forte no rosto, fiquei surpreso ao levantar e não sentir dor nenhuma, nem parecia que eu havia lutado daquela forma. Eu estava quase acreditando que aquela batalha tinha sido um sonho, outra arapuca do Caos. Mas quando eu olhei em volta, vi a destruição daquele lugar que antes era lindo, agora não passava de uma zona de guerra, eu esperava que o chefe de Solicitude não implicasse com aquilo. O chão estava todo queimado, a maioria das árvores estavam caídas, no canto havia um montinho de corpos caídos.

Eu tentei me levantar porem a dor veio com uma força absurda, eu quase desmaio de novo, voltei a ficar sentado, aos poucos a dor foi sumindo de novo.

Fiquei olhando a pequena fogueira terminar de queimar. Os únicos sons que tinham no lugar eram de grilos e dos roncos do anão. Olhando dali eu não conseguia dizer se os ferimentos dele eram graves ou não, mas a julgar pelo ronco eu diria que ele estava bem.

O velho também parecia bem, ele enchia alguns cantis de água, e lavava algo no lago, assim que ele se vira e me ver, se aproxima. Assim que chegou perto vi seu curativo na cabeça e nos braços, ele apesar da idade tinha sobrevivido aquela explosão, eu estava surpreso.

- Senhor desculpe, não queríamos causar problemas.

Ele concordou com acenando.

- A deixa pra lá, o importante é que estou vivo, na realidade eu nem vi o que aconteceu, só lembro da explosão, quando acordei o anão estava arrastando seu corpo e fazendo uma fogueira.

- Lutamos contra um mago, sinto muito pelas coisas que perdeu, chegando na cidade te pagaremos.

- A cidade estava próxima agora demorará um pouco a pé – ele fala jogando água na fogueira a apagando.

Concordo com ele, e volto a tentar levantar mais uma vez, mesmo com os protestos do meu corpo eu levanto. Paro de frente ao anão e chuto seu pe o acordando.

- Melhor voltarmos para a estrada estamos sem veículo.

- Certo, graças a você conseguir descansar.

- Tu dormiu a luta toda anão.

- Cala a boca, toma.

Ele joga um pergaminho e um saco com umas pedras dentro, as pedras eram as mesmas que o homem havia usado para invocar os mortos. Com um pensamento de embrulhar o estômago guardo o saquinho. Abro o pergaminho uma parte de estava queimada, mas não estava destruído, tinha muita coisa que poderia ser salva dali, a parte queimada era detalhes de como invocar mortos utilizando aquelas pedrinhas. O comecinho onde estava queimado devia ensinar como prender almas nas pedras, porém não daria para dizer com certeza. Era algo macabro que mesmo que eu soubesse não usaria.

A parte de baixo do pergaminho, estava toda legível, e também era ensinado a invocar algo, uma criatura para ser mais específico, era uma forma básica de invocação. Desenhado após o ensinamento tinha um círculo mágico de seis pontas, em volta desse círculo tinha algumas runas de que eu não sabia traduzir. No centro disso tudo havia o desenho da criatura que estava selada naquele papel, pela silhueta eu não conseguia dizer que criatura era. Apesar de ter estudado sobre muitas coisas, eu pouco tinha lido sobre criaturas do Éter.

Guardei o papel junto com as pedrinhas, pro nosso azar quase tudo tinha sido destruído na carroça, sobrou apenas a bolsa do anão, que não estava na carroça na hora da explosão.

Minha bolsa tinha sido destruída também, de alguma forma o livro da bruxa tinha sobrevivido, o que me fazia pensar que tinha algum tipo de encantamento. Mas o dinheiro que estava dentro, agora não passava de metal velho. A única comida que sobrou para comer, foi alguns pedaços de carne.

Enquanto o anão ia na frente conversando com o velho, eu tentava treinar a última magia do livro da bruxa, essa magia consistia em criar uma mão de terra. Enquanto treinava, nem percebi a caminhada, chegamos com o dia virando tarde.

Na nossa frente uma muralha de pedra se estendia até onde os olhos conseguiam vê. Era rodeada por um riacho com uma ponte suspensa, de fora dava para ver o castelo do lugar, que era enorme dava uns cinco do reino do anão, no portão principal tinham duas torres com sentinelas que já apontava os arcos em nossa direção, do outro lado da ponte dois guardas armados com machados que eram maiores que o anão, olhando para o riacho em volta da muralha vi alguns jacarés que mediam fácil uns três metros. Parecia um fosso.

Por estar com o mercador conseguimos passar a ponte sem levar uma flechada na testa, e vendo aquele armamento todo não sabia se entrar nesse reino seria boa coisa. Pela primeira vez eu desconfiava se meu plano era bom mesmo. Será que eu não tinha sido precipitado?

- O senhor pode entrar agora o elfo e o anão, fica - um dos guardas fala, ambos tinham capacetes que impediam a visualização de seus rostos.

- Estamos aqui, a pedido de rei, do reino dos anões - fala o Itz, sem confiança nenhuma na voz.

O velho comerciante olhava de canto de olho para gente.

- E eu com isso anão? Cadê a carta como pedido de reunião? Você acha que vamos deixa você ver o rei assim fácil? Vocês parecem mais dois vagabundos - O outro guarda fala, já apontando o dedo em nossa direção.

Depois que ele fala isso entregamos o papel que Dwarf nós deu, torcendo para funcionar.

Explicação rápida Solicitude não são aliados de ninguém, construirão seu império na raça, pelo que entendi nem armamento dos anões nem dos humanos eles compram, para não dizer que não fazem nenhum negócio, suas peles são vendidas até na grande floresta. Mas eles também não são inimigos de nenhum dos lados, são neutros em tudo que não envolva seu próprio povo, mas isso não quer dizer que nunca houve rixas entre eles e os humanos, afinal a maioria dos seus moradores são descendentes excluídos tanto dos humanos quanto dos elfos.

O guarda olha por alguns segundos o papel, levanta o braço balançando, logo o portão se abre.

- O rei vai gostar de ver isso, e acho melhor não tentar nada, Julius leva eles até o rei, e entrega essa carta - seu sorriso quase fez eu fica ali fora mesmo.

O outro guarda concorda e gesticula para o seguirmos.

Eu cresci em meio as árvores enormes da grande floresta, mas me senti pequeno diante daquela cidade, diferente do reino anão que as casas eram quase que coladas umas nas outras aqui eram diferentes, eram todas separadas com vãos que tinham a largura de um homem deitado, e até às mais simples tinham dois andares. As ruas eram quase que vazias tinham algumas crianças aqui e ali, mas poucos adultos eram vistos nas ruas. O lugar era imponente, os poucos adultos na rua, tinham uma postura autoritária, mesmo que a maioria parecessem pessoas comuns.

A sensação era que o lugar todo era um grande quartel militar, só então percebo que seria mais difícil do que estava pensando, e olhando pro anão tinha certeza que estava pensando a mesma coisa que eu.

Todo cidadão que passava falava com o guarda e olhava torto para nós, diferente das outras cidades, o povo aqui pareciam de poucos amigos. Pareciam ricos que criam pequenos peixes dentro de aquários enormes. Eu estava me sentindo como um pequeno peixe naquela cidade, pela primeira vez naquela missão. 

As Crônicas de Olímpia - AliançaOnde histórias criam vida. Descubra agora