XXI Os próprios demônios

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ITZ

Achar uma carona até o centro de Solicitude nos custou mais algumas moedas, o dinheiro que recebemos para a missão já tinha ido todo, se não fossem os trocados que conseguimos vendendo os itens dos bandidos, teríamos que fazer algum trabalho de aventureiro.

Apesar de o velho carroceiro ser gente boa, a viagem estava chata, eu ficava feliz por não ter tido mais contratempos, mas isso fez com que os últimos dias fossem chatos e monótonos.

Eu quase mordi a língua quando o primeiro BUM veio, eu nem vim o que nos acertou, só sei que fui jogado no pequeno lago.

Felizmente foi só o impacto, não tive nenhum ferimento, quando ia saindo da água ouvi o elfo e um homem conversando. Enquanto ele focava no elfo eu sai da água de fininho.

- Então deixa eu te apresentar minha amiga - corri sacando a espada.

- Ah ainda tem você – ele fala.

Antes que eu conseguisse chegar muito perto, ele lançou um feitiço, eu consegui desviar, mas por pouco, aquela era a primeira vez que eu enfrentava um mago.

Assim que consegui chegar perto o suficiente para cortá-lo, ele defende meu golpe com uma lâmina roxa que ele tirou sei lá eu de onde.

Apesar do homem ser um mago, ele lutava muito bem com uma espada, ele defendeu cada um dos meus golpes. Em certo momento ele defende mais um dos meus golpes e me empurra pulando para trás. Eu me desequilibro com o empurrão e mal vejo a esfera negra acertar meu peito.

A princípio o golpe não me afeta, mas logo sinto uma queimação no lugar que o feitiço me atingiu. Tentei avançar mais uma vez em cima do homem, porém meu corpo começou a ficar dormente.

A única parte do meu corpo que eu ainda tinha controle era meu braço, fiquei movimentando para todos os lados, tentando inutilmente mover meu corpo. Eu sentia meus olhos ficarem pesados, aos poucos escurecendo, eu ainda conseguia ouvir as vozes, tanto do elfo quanto a do homem, eu só não conseguia identificar o que conversavam.

Senti meu corpo pesar e logo depois um bague, e uma dor na parte de trás da minha cabeça. Aos pouco minha visão foi clareando, quando clareou o suficiente me vir em uma forja, minhas mãos estavam amarradas com uma corrente presa ao chão, na minha frente havia algumas silhuetas, uma dessas silhuetas sendo esfaqueada e caindo. A silhueta caída foi tomando forma e virando meu antigo mestre.

Um ódio tomou conta de mim, conseguir me soltar das amarras, avancei nos agressores, mas quanto mais eu corria mais longe deles eu ficavam, eu parecia anda em areia movediça.

Enquanto eu corria a voz do meu mestre dizendo o quanto eu era inútil, que tudo de ruim que acontecia ao meu redor tinha sido minha culpa, que os anões entraram em desgraça no momento em que eu tinha nascido.

Eu tentava ignorar, mas parecia que quanto mais eu tentava lutar mais a quantidade de vozes na minha cabeça aumentava, parecia um coro de lamentos, ódio e dor. Mais uma vez meu corpo ficava imóvel, mais uma vez vi cortarem a cabeça daquele que muitas vezes me tratou como filho, no fundo a forja onde muitas vezes usava como casa, onde tinha prendido tudo, ruía em cinzas.

A tristeza pesou, eu me via impotente, a escuridão mais uma vez inundou o lugar. Mas agora eu só queria ficar ali deitado me consumindo pelo fardo das mortes daqueles que eram próximos a mim. Lá no fundo eu sabia que aquilo era algum efeito do mago, mas Tristeza e a culpa tomou conta de mim.

Segundos, talvez horas se passaram quando a visão voltou a clarear, diferente de antes eu estava nos portões do reino dos anões lutando inutilmente em uma batalha perdida. Fogo consumia boa parte dos muros que protegia a cidade, na minha frente corpos e mais corpos de anões, mais à frente na batalha eu via o rei cair de cima do seu grifo, uma quedo que qualquer mortal morreria. Tento correr, mas mais uma vez meu corpo não me obedecia então fiquei imóvel vendo sua queda, numa tentativa de proteção o elfo corre para ajudá-lo, porem seu corpo é atravessado por uma lança vindo de algum lugar do meio das chamas.

As Crônicas de Olímpia - AliançaOnde histórias criam vida. Descubra agora