V Eu viro um pião

4 1 0
                                    

Itz

Saber que o dragão tinha sido invocado por alguém não foi surpresa, afinal era difícil ter dragões tão longe das montanhas, agora ver o elfo falando enquanto dormia isso sim tinha sido uma surpresa, claro eu sabia que era meio que normal as pessoas falarem enquanto dormem, mas falar dormindo e colocar fogo em suas mãos? Sendo que horas atrás estava com dificuldade, eu diria que isso sim era algo bizarro. 

Enquanto penso nisso percebo que chegamos em Cadech ou melhor, o que sobrou dela depois que o império decidiu tomar a força qualquer pedaço de terra que eles vissem. Passou de uma bonita cidade costeira, nisso dois prédios mal acabados e uma cabine de vendas

- Pensei que fosse uma vila, e não só isso – o elfo fala se sentando.

Mesmo Cadech não sendo um lugar rico, antes existia diversas casa e era bem movimentada, sendo considerada um grande rota de comercio que ligava tanto o norte como o sul. 

Sigo em direção da cabine.

- Pois não em que po... Ah vejam só um anão e um elfo, presumo que queiram uma viagem? - ele fala nos olhando de cima a baixo.

- Sim mas estamos sem prata, podemos...

- Ah pobretões imaginei pelos seus trapos - sua expressão mudou, agora olhava para nós como se fossemos mendigos.

- Nos somos aventureiros senhor, podemos fazer algum trabalho, vejo que estão sofrendo ataques...

- Fala baixo idiota, tá querendo ferrar com o resto dos negócios – ele abaixa ficando próximo de mim – tem alguns problemas nos incomodando sim. Na floresta aqui atrás tem alguma criatura matando as pessoas, se vocês lidarem com isso eu penso em ajudar você.

Que negócios?

- Certo faremos nosso melhor – falo e saio.

Embora não tenha olhado para o elfo, conseguir escutar ele bufando e me seguindo.

- Vamos entrar em algumas Dugeons também? Pode colocar mais duas cervejas na sua conta.

Apenas concordo e sigo na direção em que o velho falou. Não demorou muito para vermos as primeiras árvores rasgadas. Outras tinham um tipo de gosma verde, também haviam buracos no chão e em alguns troncos. O elfo começa a se ajoelhar perto das primeiras árvores analisando.

- Você consegue rastrear? - pergunto olhando em volta.

- Talvez, se juntar essas marcas nas árvores com a gosma verde, dá pra dizer que são de uma bruxa da mata, ou uma Insepta, independente de quem seja precisamos agir com cautela, ambos são inimigos formidáveis, principalmente porque você não tem nenhuma peça de armadura e eu ainda não recuperei todos meus poderes – ele fala tão rápido que eu mal consigo raciocinar, o cara era um nerd mesmo.

Ele continuou falando.

- Certo se me lembro bem, essas criaturas vivem em cabanas dentro de florestas.

Não precisou andar muito logo achamos a tal cabana, de longe dava para sentir o cheiro de morte que vinha do lugar, dezenas de cadáveres dos mais variados tipos, tanto de humanos quanto de animais, havia sangue por todo lado, alguns corpos pareciam ter chegado ali a pouco. Saquei a espada e me preparei para lutar.

Entramos um pouco mais no terreno e a criatura apareceu, era uma criatura feia mais tão feia quanto uma égua manca parindo.

Da cintura até o pescoço seu corpo nu parecia o de uma mulher, seus braços e pernas eram um emaranhado de cipós, os pés e mãos eram raízes de árvore, já sua cabeça parecia a de uma harpia, com seu bico curvo, no topo da cabeça ela tinha uma crista vermelha pulsante. Ela flutuava nos encarando, fazendo ser possível ver as placas de madeira que se dividia em seu corpo, servindo como uma armadura natural.

Coloquei a espada na frente do corpo, ela solta um gritinho e  uma esfera verde limão se forma em sua boca, esfera essa que é lançada em nossa direção. Só conseguimos rolar para o lado antes do golpe explodir no chão, deixando um buraco onde estávamos a alguns segundos.

O cheiro de grama queimada subia com mais intensidade, pelo menos aquilo explicava os buracos por todo o caminho.  

- Eu disse que ia ser difícil, melhor atacar em X embora seja forte essas bruxas não são tão espertas – o elfo mais uma vez dizendo o obvio.

Corremos se desviando como podíamos das esferas de energia, era complicado correr tendo que pular alguns corpos e pulando alguns buracos. O elfo conseguiu acertar duas bolas de gelo, porém ela simplesmente retirava a parte congelada, como se fosse uma roupa descartável, logo em seguida continuava em nossa direção, lançando mais e mais bolas de energia, por sorte ela se concentrou no elfo me dando uma brecha.

Corri dando a volta na criatura, suas costas embora fossem seu ponto cego, era o lugar mais bem protegido dela, já que tinha uma armadura pesada feita de casca de árvores.

Um corte não faria o menor efeito, então estoquei a criatura, por entre as fendas da armadura, fazendo-a urrar, porém deixando minha espada presa na casca de árvore. Aproveito que a espada estava presa e tento finalizar a batalha chutando o cabo da lâmina, a espada não entra o suficiente, quando me preparo para outro chute a criatura me joga para trás, gritando de uma forma grotesca, largando o pedaço de madeira junto da minha espada.

Segundos depois o chão começa a vibrar, me fazendo recuar. Do chão, braços escavam tentando sair, por todo o terreno homens sujos de barro começam a ficar de pé, a maioria usando seu próprio ossos como arma.

- Todos aqueles buracos, eu errei ela não é uma simples bruxa da mata, ela é uma Spring necromante.

- Estamos ferrados.

Eu não sabia nada sobre magia, mas eu sabia o que a palavra necromante significava.

A bruxa tinha revivido cerca de dez soldados mortos-vivos.

- Você corre e tenta pegar sua espada eu vou te dar cobertura. - o elfo grita.

Ele diz isso já lançando gelo pra tudo que é lado derrubando a maioria dos guerreiros, mas a bruxa invocava outro sempre que um caia.

Avancei como podia desviando e socando os que tentava me bloquear, felizmente aqueles que eram congelados permaneciam no chão, peguei a espada bem a tempo de ver o elfo se distrair por um momento e ser lançado longe com uma explosão de energia. Ver aquilo fez meu sangue ferve.

Eu não sei o que aconteceu uma energia tomou conta do meu corpo, uma fúria que eu não sabia controlar, sentir meu corpo se mover, parecia ter entrado no modo automático, se dividindo em desviar, cortar pular.

Eu já tinha deixado uma pilha de cadáver para trás, eu tinha consciência de que estava sendo atacado, porém parecia anestesiado, meu corpo só seguia.

Só parei quando sentir algo quente e gosmento escorrer pelo meu braço, e um grito agudo que deveria ter sido escutado a quilômetros, me tirar do transe. Finalmente eu tinha cravado a lâmina no tórax da bruxa, aproveitei o resto de energia em meu corpo, e enfiei minhas mãos em cada lado do corpo da criatura, a rasgando em duas. 

A criatura tentou mais um grito, porém o elfo a silenciou com uma bola de gelo.

O momento morte súbita tinha passado, e só então sentir o peso no meu corpo, o cansaço e as dores, parecia que eu tinha lutado com um touro e depois escalado uma montanha. Cair de bunda no chão,  notando que minha respiração estava pesada e entrecortada. 

As Crônicas de Olímpia - AliançaOnde histórias criam vida. Descubra agora