Rainha de Trevas e Gelo

XXIII - POR UM FIO

  AURORA

— Eu não permitirei que faça nada com ele. Harvey você não vê o que está fazendo? Não tem motivo algum pra isso.

— Ah não tenho? Ele é um delinquente,  fugiu da prisão e não demonstra respeito algum por mim.

— Ele é só uma criança pelo amor dos deuses. Provavelmente  tem a idade de Paelias, você gosta dele não gosta? Teria coragem de chicotea-lo?

— Ele não é Paelias. - Seu tom beira a petulância.

— Não tem um pingo de compaixão?

Harvey me encara friamente.

— Se eu tivesse compaixão com todo mundo, meu reino não estaria no lugar que está agora.

— Rios de sangue não trazem a paz.

— Mas trazem a obediência.

— É assim que você quer selar a paz entre nossos reinos? Eu jamais aceitarei uma coisa dessas! E a impressão que eu tenho de você, piora cada vez mais. - Termino num tom baixo, para que somente ele escute.

— Não faço as coisas sem motivo.

— Claro que não faz - sarcasmo permeia a minha voz. — Deixe -o. Enquanto não nos casarmos você fará o que quiser do seu reino, mas quando as bodas acontecer, não pense que eu não terei voz, afinal o meu reino também estará envolvido.

Ele ri seco, antes de dizer:

— Sabe o que é engraçado? Apesar do nosso iminente casamento, tanto você, quanto eu, relutamos em abandonar as frases "meu reino" e "seu reino." Embora Summerville e Iceland em breve se torne apenas um só.

— Esse acordo foi uma péssima ideia não é mesmo? - pergunto já sabendo a resposta.

— Sim. Foi Aurora, eu queria que você fosse como eu havia idealizado, as coisas seriam mais fáceis.

— As coisas? Que coisas?

— A nossa relação.

— Não estou entendendo - digo, cruzando os braços.

— Não tem como você entender.

Respiro fundo.

— É verdade que um pouco antes do casamento, os Icelandianos possuem o costume de presentear as suas noivas? - pergunto corada.

— Quem te disse isso?

— A sua irmã.

Harvey faz um muxoxo.

— Por que a pergunta? - indaga ruborizado e embaraçado.

Será que está lembrando da afronta que me fez? Não sou capaz de chegar a uma resposta, quanto ao porque dele ter feito isso.

— Apenas responda. - Minha voz sai mais áspera do que eu planejava.

— É verdade sim. Mas o que isso tem aver com tudo?

— Você ainda não me presenteou. - Falo, formando um plano em minha mente.

Eu jamais considerarei aquele embrulho vulgar, como um presente digno.