Capítulo X - DESCONFIANÇAS

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AURORA





   Calvaguei até a entrada setentrional de Ahrenan; eu sentia uma espécie de angústia que fez com que minha garganta doesse.

Ou talvez fosse pelo choro que eu sufocava.

  O que importava, era que eu estava em lugar totalmente diferente de onde os soldados de Harvey estavam.  Desci do animal de maneira brusca. Aquele era o cavalo de um soldado, e se eu fosse pega com ele, descobririam a minha empreitada.
  Retirei os arreios e a cela do animal, com uma pancadinha em seu lombo, fazendo-o correr para um destino desconhecido por mim dentro da cidade de gelo.

Entrei em uma pequena rua deserta e segui minha caminhada rumo ao Palácio andando por  vielas e becos, sempre tomando o cuidado de ficar nas sombras, raramente eu vi alguém andando naquelas ruas.
  Ahrenan tinha uma política rígida com um toque de recolher, por isso não havia uma alma por ali.

O que na minha opinião era ridículo, as pessoas deveriam se recolherem na hora  que bem entendessem.

  Tentei seguir um padrão por caminhos mais ostensivos que provalvemente me guiariam até o castelo,  já que eu não conhecia absolutamente nada ali. Travei uma luta mental com meu subconsciente tentando  não surtar e nem ficar paranoica ao passar por locais de aparência duvidosa.

Lambi meus lábios secos e uma crosta de gelo formou-se em cima deles, parecia que eu teria uma grande noite pela frente.

Puxei a minha trança Loura em um gesto nervoso e descobri que meu cabelo da cor de flocos, estava encardido de terra e sangue, não achei ruim. Se alguém me pegasse, jamais me confundiria com uma princesa, nas mãos eu carregava pronto pra atirar o arco que Wyll deu a mim, meus dedos gelados tremim enrugados e a  única coisa que me impedia de virar um bloco de gelo, era a bendita capa de veludo forrada de Wyll.

Wyll, que me salvou.  Que ficou sozinho pra morrer. Que eu não o ajudei por ser covarde demais.

Fungo.

Sempre andei acompanhada por alguém, e se me perguntassem eu diria que detestaria um passeio solitário

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Sempre andei acompanhada por alguém, e se me perguntassem eu diria que detestaria um passeio solitário. Mas andar só não era ruim como imaginei. Talvez eu até achasse uma experiência ótima se eu não tivesse sozinha quando fui pega por aqueles imbecis.

Sozinha, era mais fácil observar tudo ao meu redor sem distrações e interrupções. Analisei a cidade com um olhar mais atento e crítico, algo que eu não pude fazer de dentro de uma carruagem ou acompanhada .

Era tão imponente, tudo ali refletia riqueza e prestígio, um reino capaz de qualquer coisa pelo poder.  

Em cima da colina gelada estava o símbolo de todo poder de Iceland; o castelo ostentava todo seu luxo, toda sua glória.  A imensa passarela de cristal que levava até ele, estava escorregadia por causa da garoa fina. Andei por cima da plataforma com cuidado segurando no corrimão e me impedindo de olhar o abismo gelado abaixo.   Dentro das minhas botas encharcadas, meus pés protestavam, com calos nos calcanhares e bolhas nos dedos. Penso nas terríveis queimaduras que o gelo poderia causar e estremeço.

Rainha de Trevas e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora