a paciente embriagada.

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Aquilo foi inesperado.
   Assim que reconheceu a sua paciente, ficou bastante nervoso — os arrepios começaram a dar sinais de vida. Quando ela o puxou contra o corpo dela, sua respiração ficou mais ofegante. Seus lábios estavam chamando os dela, não conseguia se afastar dela naquele momento.      Percebeu que quando ela o reconheceu, ela o beijou logo em seguida. Aquilo o deixou sem palavras.
  Sentiu o gosto de bebida enquanto a beijava, deveria ter notado que ela estava bêbada — a jovem não teria coragem de beijá-lo se estivesse sóbria. Isso tudo era uma tentação. Estava desesperadamente querendo retribuir o beijo, mas não podia: ela não estava normal. E, também, não sabia se ela era comprometida realmente.
  A jovem começou a dançar sensualmente e se esfregava contra seu corpo. Os movimentos dela estavam o deixando hipnotizado, ela realmente dançava bem. Sentiu um calor intenso aumentando dentro do seu corpo e percebeu que estava excitado. Rey percebeu o volume intenso que estava surgindo dentro de sua calça e apertou seu membro nela.  Ela quer me deixar maluco! Não posso deixar isso acontecer. Ben segurou o pulso de Rey e puxou-a em direção fora da pista de dança. A jovem começou a murmurar coisas sem sentido enquanto ele a levava para uma parte menos tumultuada da boate. Encontrou um sofá ali perto e se sentou ali com Rey.
  — Você não está bem, Rey. Fique aqui enquanto eu busco água ou algum suco. — Ele estava preocupado de que algum homem fosse se aproveitar da situação da jovem. Ela é maluca de ficar assim aqui. — Nada de sair daqui, entendido? — Ben segurou o rosto de Rey que começou a rir loucamente.
  O homem comprou água e voltou o mais rápido possível antes que algum tarado fosse em direção a ela. Sentou-se ao lado de Rey e pôs a garrafa d’água em sua mão. Felizmente, ela não rejeitou e bebeu imediatamente sem dar pausas. É, ela devia estar com muita sede. 
Nunca na vida iria imaginar cuidar de alguma paciente sua numa boate — nem sequer receber um beijo direto assim de uma. Imaginou que a jovem não viria sozinha, porém estava preocupado demais tentando tirar as mãos dela que estavam acariciando seu corpo e seu rosto.
  — Rey, pare com isso! Você está bêbada! — Gritou furiosamente sem paciência. Algumas pessoas que estavam ali perto começaram a encará-lo. Deu um sorriso sem graça mostrando que estava tudo bem e as pessoas saíram de perto deles. — Rey, você veio sozinha? Seu namorado está aqui? — Talvez agora, ele teria a sua resposta.
   — Poe e Finn. — Disse meio sem jeito e em seguida murmurou algo do tipo “Sou uma solteirona”. — Até parece que alguém iria querer namorar comigo. Uma garçonete pobre, abandonada pela família, sem estudos e depressiva. Quem iria querer? Só um louco mesmo.
 Ele não era louco, mas realmente queria tentar algo com ela.
   — Deixa pra desabafar comigo na nossa próxima consulta. Aqui não é um bom lugar para isso, senhorita Rey. — Ela fez uma expressão estranha e se deitou no colo dele. Mas que porra é essa? Se os amigos dela virem isso, eu estou ferrado.
  Tirou ela do seu colo e deu espaço para ela se deitar no sofá. Colocou a bolsa da jovem ao lado dela e decidiu que iria tentar entrar em contato com um de seus amigos, mas iria parecer um stalker. É melhor eu esperar mesmo. Ficou observando a multidão tentando encontrar os amigos de Rey ou algum rosto conhecido pra ajudá-lo. Mas não encontrou ninguém.
  Tentou observar a jovem e viu que estava dormindo. Descaradamente começou a analisar seu corpo. Suas curvas bem delineadas naquele vestido. A peruca que parecia deixá-la mais sexy do que já era. As pernas desnudas que pareciam ser bem macias. Aquela pele bronzeada. Quanto mais observava o corpo da jovem, mais excitado ficava. Queria beijá-la ali mesmo, mas não podia. Sabia que ela fez aquilo tudo porque não estava sóbria. Além disso, ela não queria beijar seu psicólogo. Isso tudo foi um erro. 
   Perdido em seus pensamentos ficou lembrando do jeito que ela estava dançando bem próximo dele. Um barulho bem alto tirou a sua concentração e ao virar-se na direção do barulho viu que Finn tinha caído feio e Poe estava ajudando-o a se levantar. Finalmente, eles apareceram. 
  Poe e Finn pareciam que saíram da guerra, a camisa dos dois estava virada do avesso. Ben se tocou na hora sobre o que estava acontecendo entre eles. Quando os dois perceberam a sua presença ali, levaram um susto. Ambos não iam com a cara dele e, provavelmente, estavam com receio de que ele contasse algo para o patrão deles. Podia ser muitas coisas, mas fofoqueiro não era uma delas.
   — O que você está fazendo aqui, Solo? — Poe o olhou com uma expressão séria e Finn foi correndo em direção à jovem inconsciente. — O que você fez com ela?! Se você encostou um dedo nela, eu juro que te mato! — Gritou Poe indo atrás de seu suposto ficante.
  — Se vocês estivessem com ela, veriam que ela bebeu pra caralho! Teve sorte de que me encontrou. — Ele pensou se seria certo contar que ela o beijou, mas isso soaria mal. Decidiu esquecer o que aconteceu. — Imagina se algum tarado encosta nela, ela nem estaria aqui! — Furiosamente, ele gritou com Poe e Finn. Os dois homens ficaram meio assustados e perceberam que vacilaram ao deixar sua amiga sozinha na boate.
   — Você nem a conhece, Solo, por que a ajudou? — Poe o olhou desconfiado. — Realmente, você nem a conhece. — Finn se colocou ao lado de Poe lançando um olhar desconfiado para ele.
   — Eu sou o psicólogo dela e mesmo se não a conhecesse iria ajudá-la. Não se deve deixar uma mulher bêbada sozinha. — Disse rispidamente.
      — O quê?! Ela não avisou a gente que estava indo ao psicólogo. — Finn e Poe se entreolharam e ficaram sem graça. — Mas, de qualquer forma, obrigada pela ajuda, Solo. — Poe apertou a sua mão enquanto Finn tentava acordar Rey.
      — Acho que ela só vai acordar com água fria no rosto. — Ben bufou impacientemente — Só estou tentando ajudar. — Disse num tom calmo.  
        Acho que não precisam mais da minha ajuda. 
        Ignoraram ele. Finn carregou Rey no colo e Poe segurava a bolsa da jovem indo em direção à saída da balada. Com certeza, ela teria que dar explicações aos amigos e, talvez, fosse lembrar o que aconteceu entre eles e também contar isso. Foi outro erro ter vindo aqui. O homem veio para tirá-la da mente e se distrair mas ocorreu o oposto. Como ele iria encará-la agora? Meu Deus, eu estou perdido. Foi em direção ao bar e comprou algumas bebidas. O psicólogo precisava aliviar a tensão e se acalmar.
 

Dear, patient.Onde histórias criam vida. Descubra agora