O som alto que ecoava nas paredes a despertou naquele exato instante. Lentamente, levantou-se e esfregou seus olhos. Não estava se lembrando de nada e só queria voltar a dormir. Só despertou completamente quando se deu conta de que não estava em sua casa. Ao tirar a coberta que estava em cima dela, notou que estava sem roupa nenhuma. E a partir desse momento que ela lembrou o que aconteceu.
Seu corpo começou a tremer e as lágrimas não paravam de cair de seu rosto. O que ele fez comigo? Tampou seu rosto e chorou tanto que seus soluços pareciam um grito de desespero. Eu não mereço isso, não. Isso não está acontecendo! Por que eu entrei aqui?! Se pôs de pé e procurou algo para se vestir, viu que suas roupas estavam dobradas em cima de uma cadeira. O canalha ainda tem o trabalho de dobrar as minhas roupas. Vestiu-as e pegou o seu celular. Era Finn.
FINN: Rey! Você está bem? — A voz dele estava num tom de desespero. Será que ele já sabia?
REY: Não, não estou nada bem. Por favor, me ajuda. Estou sem saber o que fazer. — Ela voltou a chorar da mesma forma que antes e tentou conter o desespero que estava dentro dela.
FINN: Calma! Eu já sei o que aconteceu, Ben está aqui comigo e pediu a minha ajuda para te encontrar. — Ela ouviu uma voz grossa atrás da ligação. Ben?! Como ele soube?!
Ela conteve os soluços e tentou dizer, nitidamente, o endereço da casa de sua amiga. Ao lembrar-se disso, notou que estava tão desesperada que esqueceu de sua amiga. MEU DEUS! Será que ela está bem?
REY: Finn, espere um pouco!
Saiu do quarto em que estava e viu que a casa estava intacta e sem nenhum sinal de Hux. Sua amiga, Rose, estava deitada no sofá e parecia estar adormecida ainda. Um pequeno sentimento de alívio brotou em seu peito e ela tentou acordar a sua amiga.
— Rose, acorde! — Ela cutucou a sua amiga e a mesma levantou espantada.
Rey pegou seu celular e disse para Finn que sua amiga estava com ela e por sorte Hux não havia a sequestrado. Seu amigo afirmou que já estava a caminho e desligou a ligação.
— Rey, o que está acontecendo? Cadê o meu namorado? — Rose disse, meio sonolenta.
Tentou conter as lágrimas para não preocupar a sua amiga e disse para ela arrumar as coisas dela e tentar procurar um lugar para ficar longe dali por um tempo.
— Mas, eu preciso saber o que está acontecendo! — Estava bastante espantada e com um olhar de medo.
— Me prometa que você vai ficar bem, Rose — Rey segurou as mãos de sua amiga. — Apenas me prometa, por favor.
— Eu prometo — Rose inclinou a cabeça e abaixou o seu olhar. Uma mania que ela sempre teve. — Mas, me conte assim que puder.
— Eu prometo. — Rey deu um sorriso forçado e abraçou a sua amiga.
Observou Rose fazer as malas apressadamente enquanto ela esperava algum sinal de seu amigo e de Ben, acho que eu acabei esquecendo de avisá-la que Finn e Ben virão aqui. Assim que foi avisá-la, ouviu várias batidas desesperadas na porta, já estava na cara que era seu amigo.
— Rose, não se desespere. É um amigo meu que veio para me ajudar — Rose permaneceu calada sem entender nada. — Eu te explico no caminho, ok? Vamos!
Ao abrir a porta, Finn parecia que acabou de sair de um furacão. Estava com o casaco todo torto e sua roupa parecia estar do lado avesso. Ele, desesperadamente, arrancou um abraço de Rey e a apertou como se estivesse abraçando algo valioso.
— Estava tão preocupado contigo — Ele começou a chorar e Rose que estava atrás dela ainda estava sem entender nada. — O que eu faria sem você, meu amendoim?
— Eu também me pergunto o que seria de mim sem ela na minha vida. — Uma voz grossa familiar veio atrás de Finn. Ela sentiu seu corpo ficar arrepiado e trêmulo.
Ele andou lentamente e ficou na frente dela. Ele estava lindo como sempre, como ela queria agarrá-lo ali naquele momento. Rey conseguia ver o desespero em seu olhar. Ela segurou a sua mão e mais lágrimas saíram de seus olhos.
— Ben, me desculpe! — Rey disse em prantos. — Eu fui tão imprudente.
Ele a abraçou bem apertado sem dizer nenhuma palavra e seu coração acelerou. Sentiu novamente a sensação de estar em casa, se sentiu segura e viva novamente. Ela retribuiu o abraço e acabou esquecendo o tempo. Queria tanto poder congelar o tempo agora.
— Isso foi minha culpa — Ele se soltou dela e colocou a mão em seu rosto. — Nunca deveria ter sumido da sua vida, me perdoe. Por favor.
— Não foi culpa de ninguém, o único culpado aqui é aquele ruivo tarado! — Finn gritou com a voz cheia de ódio. Rose pulou de susto e fez uma expressão de confusão.
— Vocês estão falando do meu n-n-n-namorado? — Ela disse gaguejando atropelando em suas próprias palavras. Rey sentiu uma pontada em seu peito. Afinal, Rose nunca iria merecer um cara daquele.
— Sinto muito, Rose — Rey segurou a mão dela. — Mas, Hux é uma pessoa cruel e...— Ela começou a chorar ao tentar terminar a frase mas decidiu calar-se.
Finn assentiu e segurou a mala de Rose.
— Fique bem longe daqui, não entre em contato com ele. — Finn colocou a mala de Rose na porta e a encarou — Se quiser, você pode ficar comigo e com o meu namorado. Iremos te aceitar de braços abertos.
Rose deu um sorriso e assentiu.
— E Rey, aonde você vai ficar? — Rose perguntou, preocupada.
— Ela vai ficar comigo — Ben disse antes que alguém pudesse respondê-la. — Não vou mais suportar ficar longe dela.
Finn revirou os olhos e Rose trancou a sua porta. Seu amigo começou a levar as malas dela para colocá-las dentro do carro enquanto Ben apertava as mãos de Rey com força — parecendo que ela poderia fugir a qualquer momento.
— Vamos para o hospital mais próximo daqui. — Ben murmurou bem baixo ao entrar dentro do carro e se posicionar no volante. Rey se sentou ao seu lado, no banco do passageiro da frente. Finn e Rose estavam atrás.
— Não tem ninguém ferido aqui. — Rose disse.
Ben pegou um envelope e entregou para Rose .
— Não tem, mas precisamos saber se...— Ele tentou se controlar para continuar a frase. — Se aquele filho da puta abusou da minha namorada. Namorada?
Rose arregalou os olhos e começou a chorar.
— Rey, me desculpe, mas sua amiga precisa ver isso para entender que aquele cara é um psicopata. — Ele a observou de canto. O coração dela parecia que iria sair pela sua garganta.
— Ver o quê?! — Rey disse, desesperada.
Rose deu um grito ao ver o que estava dentro do envelope e começou a ficar sem ar. Finn colocou as fotos de volta dentro do envelope e a abraçou para acalmá-la.
— Não veja isso, Rey. Por favor! — Ela gritou dentro do carro fazendo Ben, que estava focado dirigindo, pular de susto.
— Não grita no meu ouvido, você está entendendo, porra?! — Ben se alterou e gritou com Rose. Quem ele acha que é para gritar assim com a minha amiga?
— Você! Você não grita com ela! — Rey gritou com ele. — Ela não tem culpa de nada! Ela estava comigo enquanto você estava sumido fazendo sei lá o quê! — Ela apontou o dedo na direção dele.
O olhar dele escureceu em sua direção. A expressão dele se fechou como se ele fosse explodir ali dentro do carro. Ou até mesmo matar alguém.
— Me deixa quieto — Ele disse num tom baixo e pegou o envelope da mão de Rose. — E você não vai ver isso. Ele rasgou as fotos que estavam dentro do envelope, mas ela conseguiu ver que ela estava na foto. E ela estava nua.
Ela entrou em desespero e começou a chorar. Sem saber o que fazer, ela começou a se arranhar e bater o braço no carro. Finn arregalou os olhos e tentou segurar ela, mas foi em vão. Porque ela continuou a fazer a mesma coisa.
Ben parou o carro e segurou Rey com bastante força.
— Vai ficar tudo bem — Ele beijou a testa dela. — Se acalme, isso não vai adiantar nada.
— Você me apagou naquele dia. Daí depois você sumiu por vários dias, grita com a minha amiga e vem me dizer que vai ficar tudo bem? Vai se ferrar, Ben!
Ela pensou tanto que acabou dizendo em voz alta. Mas já era tarde demais para voltar atrás. Já tinha dito o que estava a sufocando. Ele desviou o olhar e a soltou lentamente, permaneceu quieto e voltou a dirigir. Esse homem me tira do sério!
Rey ficou quieta também e não iria dar o braço a torcer.
Depois de algum tempo, notou que estavam bem próximos do hospital. Finn estava fazendo piadas tentando alegrar a sua amiga e a sua nova amizade. Ben, por sua vez, estava com a cara emburrada tentando não explodir.
— É melhor a Rose entrar com a Rey. — Ele disse evitando olhar para ela. Rey não o respondeu e se retirou do carro, batendo a porta com força. Rose saiu e ficou ao seu lado.
— Você vai me esperar aqui ou vai sumir de novo? — Rey perguntou num tom irônico. O homem emburrado fingiu que não ouviu o que ela disse e permaneceu quieto.
— Vamos, Rey. Precisamos ver como você está.
♥
Não tinha dormido naquele dia. Ficou bastante tempo procurando a rede social de Finn para entrar em contato com ele e tentou pedir ajuda para seu parceiro de trabalho, mas ele tinha que ser cauteloso. Ele não confiava em ninguém, nem mesmo em Lando. Só porque ele era uma autoridade, não significava nada. Arrumou as suas coisas apressadamente e levou uma arma que ele escondia dentro de sua casa.
Ele estava furioso com o ódio correndo pelas suas veias, sabia que Rey estava decepcionada com ele pelo seu desaparecimento. E ele também sabia que uma parte disso tudo era culpa dele. Não deveria ter sumido assim sabendo que Hux estava morando bem ao lado dela. Estava com ódio de Hux e dele mesmo. No estado em que ele estava, ele poderia matar qualquer pessoa. Na verdade, ele precisava e queria matar alguém.
O celular dele começou a tocar e ele já sabia quem era. Atendeu a ligação assim que segurou o dispositivo.
LANDO: Melissa já está resolvendo a situação com o Snoke. Está indo tudo de acordo. Está tudo bem por aí?
Ben olhou no retrovisor e viu que Finn estava distraído mexendo no celular.
BEN: Por enquanto sim. Porém, tenho péssimas notícias: ele fugiu. E não tenho nenhum sinal dele.
LANDO: Mas que merda! Vamos aguardar um pouco, provavelmente ele vai aparecer no esconderijo deles. Melissa já está lá como combinamos. Aguarde a minha chamada, já esteja preparado. Tchau.
A chamada foi desligada e ele guardou o celular.
Ele precisava achar alguma maneira de fugir com Rey, só assim ela iria ser protegida e eles poderiam ter paz. Mas, primeiro, ele iria começar os planos dele.
Os planos que ele deveria ter seguido faz tempo. E, agora, ele iria mostrar quem era ele de verdade.
Só espero que não descubram.
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Dear, patient.
RomanceBen Solo era um psicólogo bastante famoso reconhecido pela sua determinação e solidariedade. Rey era uma garçonete e seu sonho era cursar Gastronomia, pois sempre amou culinária. O que os dois têm em comum? Ambos queriam recomeçar suas vidas. E em u...