Erik abraçava Christine contra si. Rezava para que as horas se arrastassem e aquela noite não terminasse. Estava tão feliz que mal cabia dentro de si. Acabou que nem havia dito nada que planejou dizer aquela noite. Ele deu a aula como de costume. Quando pediu para ela apagar as luzes para que ele fosse até ela, ela o fez como sempre. Mas aquela noite estava diferente. Havia algo de diferente no ar. Abraçou Christine e mesmo sem luz, tateou seu rosto e encontrou seus lábios. Não pode mais conter a vontade que tinha dentro de si. Trocaram beijos e promessas. Christine se tornou sua e foi algo que fluiu naturalmente.
Nenhum dos dois esperava por isso. Apenas foram levados pela paixão que sentiam. Mas a realidade se aproximava. Mesmo assim estava confiante. Christine disse que o amava. Se entregou a ele sem reservas. O seu segredo tinha prazo para acabar. No fim do espetáculo, no sábado, ela irá saber tudo sobre ele. Mas não hoje. Não depois do que viveram. A trouxe para mais perto e a beijou na testa. Ela se mexeu levemente, mas não despertou. Ele retirou o braço devagar e se levantou. Precisava ir.
Começou a colocar as roupas de volta. Antes de partir escreveu um bilhete e deixou em sua penteadeira. Apesar de querer muito, não se aproximou mais dela, apenas foi embora. Não queria despertar sua Christine. Sim, sua. Não havia mais dúvidas de que pertenciam um ao outro. Pena que não conseguiria voltar e deixar flores em seu quarto. Ela as merecia. Andou animado pelos corredores escuros. Faria planos para subir a superfície. Andar as vistas de todos... quem sabe...? Isso ele não sabia se seria capaz, mas faria o que estivesse ao seu alcance para dar a Christine o que ela merecia. Ter uma família com sua doce esposa. Ele parou onde estava e sorriu brandamente. Uma esposa... Quem sabe, filhos. Olhou para trás e negativou com a cabeça, afim de cair em si. Não deveria estar com tantas expectativas. Mas como não ter expectativas depois do que houve entre eles. Tornou a caminhar. Em poucos minutos entrava no seu esconderijo. Encontrou Giry sentada em sua poltrona. O que ela fazia ali tão cedo?
- Madame? - ela se ergueu e o olhava com dor nos olhos. Ou era raiva? Achou que eram ambas as coisas.
- O que você fez? Não entende o mal que fez a essa jovem?
Como ela sabia? Erik não entendia como ela sabia o que havia passado. Será que o estava sondando. Ora! Ele é esperto demais para cair nestes truques de quinta.
- Eu, madame, não tenho ideia do que fala. Se me permite - Apontou a saída - Tenho muito o que fazer hoje.
- Você sabe sim a que me refiro. Você seduziu a jovem Christine. Você violou seu corpo como um ordinário.
Erik se enfureceu com aquelas acusações. Não seduziu Christine. Não à usou como um ordinário. A amou como um homem devota amor a sua mulher.
- Por que tantas acusações madame? Eu não fiz nada disso. Tome tento.
- Como se atreve a mentir para mim? E ainda me manda criar tento. Imagine! O tenho como um filho. Sempre o ensinei bons modos. Se portar como um cavalheiro. E o que fez foi jogar tudo que lhe ensinei na lama. E ainda levou uma moça junto convosco. Ela era pura, não era? Diga-me!
- Como sabe dessas coisas? Andou nos espiando. - Giry lhe deu um tapa na face, pois não suportou seu ar de deboche.
- Não precisei ver nada. Tenho experiência de vida. Ouvi vozes no quarto da moça ontem. Reconheço sua voz. Depois ouvi beijos. Me afastei da porta. Mas sabia que não pararia. Então vim para cá. Estou aqui toda a noite.
- Não deveria. É minha vida madame.
- Sua vida? E quanto a mim? Meg? Christine? O que pretende fazer?
- Assumir minha responsabilidade. Como o que me ensinou. Agir como um cavalheiro.
- Mostre a essa moça seu estilo de vida e logo ela mudará de ideia e fugirá de você. Agora está desonrada. Será difícil ter um bom casamento.
- Não seja cruel madame. Você foi capaz de me amar, por que ela não seria? E não pretendo viver aqui com ela.
- E para onde vai? - Giry estava injuriada. Erik parecia fora da realidade. Ela tinha que trazê-lo a realidade. - Vai viver do quê? Onde vão morar?
- Eu por muito tempo tenho sustentado a vós e a sua filha. Então posso fazer o mesmo por ela.
- Você nos sustenta? Trabalhamos juntos com suas ideias aqui no teatro. Coisa que só funciona porque você vive aqui. Mas se for para superfície não terá nada mais do que desprezo. Tenho certeza que a própria Christine te tratará com desprezo. Você cometeu um erro muito grave Erik. Espero que não tenha consequências piores do que imagino. - Ela se virou para partir. - Os ensaios já estão prestes a começar. Dois dos donos estarão aqui. Pense em algo para assusta-los. Precisamos que eles tenham medo para respeitarem suas ordens.
- Já tenho tudo arquitetado.
- Erik meu querido. Se digo as coisas que digo para vós, é porque o quero como a um filho. Não me odeie.
- Nunca seria capaz de odiar você. Mas não sabe do que sou capaz por aquilo que almejo.
Ela não conhecia aquele Erik. Ela sentiu um arrepio ao ouvir suas palavras.
- Agora vá cuidar do ensaio. No momento oportuno, indique Christine para o personagem principal.
- Farei... Embora não acredito que a grande Bárbara largará o papel assim.
- Seu ego é maior que o seu corpo. E anda muito aborrecida com as coisas que eu ando fazendo.
- Mas será sua primeira apresentação diante dos novos donos.
- Por isso mesmo . Ela vai mostrar seu egocentrismos achando ser uma virtude. Será o seu pior erro.
- Tomara que você esteja certo. Que tudo dê certo Erik.
- Dará madame. Tenha um pouco de fé em mim.
- Desculpe se sou demasiado pessimista. Mas é culpa da vida que levei.
- Não sei do que fala. Mas entendo sua falta de fé, porque também já estive cheio dela. Mas agora... Sinto que tudo é possível.
- Pobre Erik. - Ela acariciou seu rosto sem a mascara. - Cuide para não sofrer.
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Uma Vez Mais
FanfictionErik estava debruçado sobre o seu companheiro de solidão, seu piano era o seu único alento. - Ah Christine ! - Suspirou. - Tenho que sentir você uma vez mais, e me sentir vivo outra vez. Baseado na obra - O Fantasma da Ópera - Andrew Lloyd Webber