Erik estava no cemitério. Estava ali sozinho, porque quis assim. Havia dois dias desde a morte de Meg e ele não conseguia aceitar.
Seu filho também chorava a morte do seu suposto pai. Uma tormenta havia chegado até eles sem aviso. Ele não conseguia entender como Giry pôde planejar tudo aquilo, apenas por ambição. A dor de ver a filha morrer foi tamanha que ela enlouqueceu de vez. Já não diz nada com nada. Por amor a Meg, ele estava cuidando de Giry. A colocou numa clínica e ela está sendo acompanhada pela justiça. Acusada de homicídio.
Erik se abaixou diante do túmulo de Meg e colocou uma rosa vermelha lá. Desejava ter lhe dado mais flores em vida.
- Minha querida, me perdoe por não ser perfeito com você. Você me ergueu quando eu não tinha mais ninguém. Me mostrou que eu não deveria desistir de viver. Ao menos pude lhe dar os meus braços no fim da sua vida. Será sempre amada como a estrela do meu espetáculo e como minha irmã adorada. Vou seguir seu conselho. Serei feliz e viverei o amor da minha vida. Me perdoe por não ter feito você tão feliz quanto gostaria. Mas o que puder fazer para honrar você até o fim da minha vida, eu farei.
Quando Erik se ergueu, viu Christine se aproximando. Estava sem o menino. Ela sorriu para ele com timidez e se aproximou devagar. Começava nevar. Ambos olharam para cima, com surpresa.
- Meu amor, estou surpreso em vê-la aqui.
- Eu sei querido. Me disseram que você veio para cá, então eu o segui. Espero que não esteja incomodando. - Ela se aproximou e lhe deu um beijo terno.
- Jamais. Gosto de vir deixar uma rosa para Meg. E também dizer coisas que estavam no meu íntimo.
- Ela foi uma boa amiga. Que sua alma descanse em paz.
- Sim. - ele colocou sua mão em sua cintura e dando um leve sorriso falou. - Ela havia feito com que eu mudasse meus planos de última hora. Depois do espetáculo iria confessar para você e para o Raul os meus planos. E tudo que eu tinha feito até aqui. Minha paz estava na verdade.
Christine ficou de frente para ele e o olhou apreensiva.
- Devo temer a verdade?
- Não exatamente. Não posso me orgulhosar... Meu homem ganhou a casa de vocês no jogo. - ela olhou espantada. - E eu induzi o Raul a beber e jogar todos os dias.
Ela abaixou os olhos.- Sinto muito, Christine. Se não quiser mais casar-se comigo, ei de entender.
- Estou pensando, se por um acaso, você também o conduziu a casa de mulheres?
- Não! Isso não. Eu não sou dono de bordéis.
- Sendo assim, você não fez nada além de alimentar um vício que já existia. Na verdade, devo lhe confessar que para mim era um alívio quando ele não estava. Já não nos entendíamos. Ele era muito rude comigo. Somente no dia da sua morte que ele teve uma atitude um tanto generosa. E eu nem sei se era verdadeira.- Devo lhe confessar só mais uma coisa.
- O quê?
- Ele apostou você e o Gustavo comigo. Se você não cantasse, eu os deixaria partir. - ela se virou, aquilo sim lhe aborreceu.
- Então se ele me convencesse.
- Era sinal de que você o amava. Então era inútil prendê-la aqui. Mas eu sabia dentro de mim que não. Você me ama. - Ele a envolveu por trás. - Agora sim sabe de toda verdade. Posso dizer que estou em paz. Você me aceita mesmo assim? Gostaria de ser minha esposa? - Ela se desprende dele e fala com um leve sorriso.
- Sem mais planos mirabolantes?
- Prometo.
- Sem mais sustos ou músicas tenebrosas?
- Meu amor, que graça terá a vida desse jeito? - Ambos gargalharam.
- Então só mais um pedido.
- Qual?
- Me peça em casamento como se deve. Longe de um cemitério e na presença do nosso filho.
Erik gargalhou mais uma vez e ela sorriu encabulada.
- Claro. E já que você poderá se casar novamente, vamos fazer uma grande festa e cerimônia pomposa.
- Não sabia que lhe agradava essas coisas.
- Não me agradavam no passado. Mas agora estamos iniciando uma nova fase da nossa vida. Então quero que tudo seja diferente.
- Fico tão feliz que esteja pensando assim.
- Devo isso a Meg, e a você. As duas me deram um sentido para tudo. Gustavo é a razão da minha existência também. Depois que descobri que ele é o meu filho. Filho do nosso amor. Tudo o que faço é para vê-lo bem e feliz. Quero ensinar tudo a ele. Ele é muito talentoso.
- Igual a você. - ela olhou para o tempo que estava piorando. - Querido, vamos. Parece que o tempo vai piorar. Deixei Gustavo com a mulher barbada. Estou preocupada se ele não ficará perguntando coisas inapropriadas.
- Como assim?
- Ela tentava anima-lo. Então ele perguntou como ela fazia para manter a barba sedosa. - ele gargalhou.
- Ela é uma mulher gentil. Com certeza está achando divertido estar com ele. Mas vamos. Não quero que congelemos aqui. - Ele ofereceu o braço e ela aceitou. Começaram a caminhar.
- Estou pensando no próximo espetáculo. Temos que encontrar alguém para fazê-lo.
- Posso fazer...
- Não meu amor. Se não se importa, quero descansar junto convosco. Pelo menos uma temporada. Jamais tive dias de descanso.
- Concordo de pronto. Eu não sei o que é um descanso há muitos anos.
- Então está decidido. Outra coisa, quero que se mude para a mansão com Gustavo. Eu continuo no hotel. Quero que deixe tudo a seu gosto.
- Pensei que você morasse no hotel.
- Não. Eu fui para lá por vocês. Mas tenho uma casa.- Assim é bem melhor realmente.
- Christine? - Ela olhou para ele. - Verdadeiramente me ama?- Jamais duvide meu querido fantasma. Jamais.
- Não, não se engane. Eu não sou um fantasma. - Ambos riram. - Sou um homem. E muito apaixonado por sinal. E essas paixões geralmente tem consequências.
- Bem sei. Tenho uma chamada Gustavo. Mas é uma bela consequência. Não me importaria em ter outras.
Fim
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Uma Vez Mais
FanfictionErik estava debruçado sobre o seu companheiro de solidão, seu piano era o seu único alento. - Ah Christine ! - Suspirou. - Tenho que sentir você uma vez mais, e me sentir vivo outra vez. Baseado na obra - O Fantasma da Ópera - Andrew Lloyd Webber