Planejamento é a chave do negocio

348 64 8
                                    

Erick estava buscando a meses saber de todos os passos de Christiane. Obviamente que ninguém sabia disso. Ele sabia que era estranho, obsessivo até. Mas para quem já foi chamado de louco, psicopata, monstro, assassino, não há problema ser chamado de obsessivo.

Monstro ele até poderia entender, seu rosto não mudou nada, apesar de agora ter uma grande fortuna. E louco... Bom, de médico e louco todo mundo tem um pouco. Riu de si mesmo. Pegou o envelope e tirou os papéis que lá estavam.

Ele se levantou da cadeira quando percebeu do que se tratava. Seu outro homem de confiança conseguiu o imaginável, ganhou a casa de Raul em um jogo de cartas. Além de tudo, havia promissórias de dívidas. Ao que parece, Raul foi depenado sem pena. Ela não sabia como se sentir sobre isso. Tudo o que sabia era que com toda certeza eles aceitariam sua proposta. E sobre Raul, ele já o tinha nas mãos.

Mas, seria cuidadoso com Christine. Ela tem um filho com Raul. Isso enchia seu coração de tristeza. Mas não se importaria de dividir sua Christine com o filho do Lorde. E quem sabe não poderia ser um pai para esse menino? Não! Que ideia. Possivelmente o menino vai odiá-lo. Qual criança ia olhar para ele sem querer fugir em terror? Nem tinha certeza se a própria Christine iria querê-lo.

Mas ele se contentaria em tê-la ali. Protegida e longe dos vícios de Raul. Ela escolheu aquele marido, mas não sabia no que se tornaria.

Quem poderia imaginar que um conto infantil criaria vida na vida dele? Pelo menos pela metade. A fera que se apaixona perdidamente pela bela cantora de coro.

Ninguém a notava. Estava ali tão escondida em um corpo tão vasto de cantores e dançarinos. Mas ele a notou. A viu pela fresta de uma porta. Penteava os cabelos e cantava docemente a canção que ouviu mais cedo na Ópera. Tinha um timbre bonito, angelical. Ele ficou ali parado, admirando suas feições. Então ela olhou para a fresta da porta. A luz bruxuleante do local o ajudou a se esconder. Ela então perguntou: Tem alguém aí?

Ele sentiu o coração acelerar. Olhou ao redor e viu um camarim a sua frente. Andou em passos ligeiros para lá. Christine somente viu um vulto entrar no camarim e olhou assustada para lá. Ela ficou na porta olhando e pensando se deveria ou não ir ver o que havia lá dentro. Se levantou devagar e deu passos medrosos. Quando saiu pela porta, notou um movimento no corredor.

Christiane notou que madame Giry vinha em sua direção. Isso a deixou mais aliviada, pois não estaria ali sozinha. Ficou parada onde estava  e esperou a mulher chegar.

Erik as observava de longe. Agora conseguia ver melhor a moça que lhe encantou totalmente. Pele alva, bochechas rosada, sorriso tímido e cabelos longos. Era tão jovial. Transbordava vida. Era sua luz do sol, pensou ele cada vez mais encantado com suas maneiras.

- O que faz aqui ainda Christine?
Então esse era o seu nome. Ele guardou bem.

- Eu acabava de me trocar madame. Na verdade, não sei bem onde são os dormitórios.

- Trate de não ficar sozinha aqui embaixo. Nunca se sabe o que pode acontecer.

- Sim. A senhora pode me mostrar onde é o dormitório?

- Sim. Tenho um que está vazio. Não completamos o corpo de ballet ainda. Venha. - Ela gesticulou que sim e voltou para dentro para pegar as suas coisas. Saiu e fechou a porta atrás de si. Caminhava com Madame Giry pelo corredor em direção ao dormitório. Ao passar pelo camarim que Erik estava, olhou curiosa. Ele se escondeu, mas ela o notou. Sentiu o coração descompassar. Não conseguiu ver quem era, mas sabia que havia alguém lá. Alguém que não queria ser visto, ou não podia ser visto.

- Madame, existem fantasmas nesse teatro?

- Que ideia sem sentido menina. - Madame Giry riu de nervosismo. - Mas por que a pergunta?

Christiane olhou para trás, Erik habilmente se escondeu sem que ela notasse.

- Eu senti que estava sendo observada. Depois vi um vulto entrando no camarim, mas não consegui ver quem era.

- Deve ter sido impressão sua. Não fantasie coisas. Todos já estão nos dormitórios. E fantasmas não existem.

- Antes de morrer, meu pai disse que iria me enviar um anjo para me cuidar. Já que estaria sozinha neste mundo. Meu pai apenas tentava me acalmar.

- Seu pai era um grande homem. Eu ouvi falar muito dele nos teatros de Londres. - Giry tinha uma fala impessoal demais, pensou Erik. Poderia ser mais calorosa com a moça recém órfã.

- Ele era o melhor homem do mundo. - Christine sentiu lágrimas nos olhos.

- Ele estará sempre em sua memória. Se honrar sua grandeza de espírito.

- E quem sabe não me enviou um anjo?
Giry olhou para trás. Erik não fez questão de se esconder. Sorriu para ela, ela olhou para frente novamente, não gostou daquilo. O que ele fazia ali? Ele comandava tudo as escondidas. Nunca se atreveu tanto. Que novidade era aquela?

- No que pensa madame? - Giry olhou para Christine e suspirou.

- Em nada menina. Você é muito ingênua, tome cuidado. - Chegaram no topo da escada, Giry mostrou uma porta no início do corredor vasto. - Aqui está. Não é difícil de achar. Por enquanto ficará apenas você, então tome cuidado. Não abra para ninguém. Vá descansar, amanhã teremos ensaio logo cedo. Não esqueça dos exercícios antes de descer.

- Sim, senhora. Obrigada. - Madame virou as costas e saiu descendo as escadas novamente. Dentro de si sentiu que algo estava por dar errado. Era quase um sexto sentido.

Uma Vez MaisOnde histórias criam vida. Descubra agora