Loucura ou amor?

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Batidas nervosas tiraram Erik dos seus pensamentos. Estranhou tamanha urgência em lhe importunar. Quem seria? Ainda mais essa hora da noite. Andou calmamente até a porta. Seja lá quem fosse, receberia uma repreenda. Quando abriu, encontrou Giry. Tinha furia em seus olhos. Sua pele alva, estava vermelha e parecia estar prestes a explodir.

- O que deseja madame? - Erik perguntou calmo, não se importando com seu estado de espírito

- Como se atreve? Como ousa destruir nossas vidas novamente? O que tem em mente? - Ela falou em um sussurro odioso, pensou Erik.

- Do que fala, Madame? Antes de qualquer coisa, entre. Não vou ficar falando sobre minha vida no corredor. - Deu sinal para que ela entrasse. Ela o fez. Ele a seguiu e fechou a porta. - Estou confuso, como estou destruindo sua vida?

- Christine! Essa moça só leva desgraças por onde anda. Está aqui! A vosso convite. Para apresentar seu espetáculo que nada tem a ver com nossos espetáculos! Meg está em lágrimas porque ouviu do Visconde que Christine lhe tomará o lugar.

- Mas isso não é verdade. - Erik tentou falar, mas Giry continuou enervada.

- Ah não?! Ora vamos senhor, eu não sou tola! Você tem uma obsessão por Christine. Uma mulher que nem merecia um pensamento vosso que fosse.

- Está passando dos limites, madame. - Erik tentou parar o seu desabafo inutilmente.

- Estou? Por causa dela perdeu o pouco que tinha em Londres. Foi perseguido pelo Visconde. Foi acusado de assassinato. Ela assim que viu sua verdadeira aparência, preferiu ao Visconde. Rico e belo e com um título. Preferiu a ele, e acreditou que você fosse um lunático.

- Acaso eu realmente não estava fora de mim?

- Está dando razão para a sua traição?

- E você faria diferente?

- Eu e Meg o seguimos até aqui. Nós somos a sua família. Quero que me dê o lugar que é meu por direito Erik. Não vou permitir que você coloque tudo a perder novamente por culpa dessa...

- Cuidado madame. Não vou aturar ofensas.

 A mulher pareceu vencida pelas palavras frias do Erik. Respirou cansada e lágrimas lhe vieram aos olhos.

- Madame eu sei o que você fez em Londres. Nunca lhe disse, mas eu sei de tudo. Sua traição foi tão terrível quanto a de Christine. - Ela abriu muito os olhos e um pavor tomou conta de si. - Você disse onde eu me escondia. Você, madame, me entregou na esperança do Visconde lhe permitir continuar no teatro. Mas ele a expulsou juntamente com a Meg. A única que jamais me causou dano foi Meg. Diferente de vós, Meg é pura. Não sabe e nunca saberá de nada do que passou. Ela apenas sabe do que a senhora contou. Do meu amor por Christine. Madame, eu não tirarei o lugar que pertence a ela porque lhe tenho apreço. Mas não devo nada a nenhuma de vocês. E o que eu devia, já foi pago. Entendido? Trouxe Christine aqui porque quero ouvir sua voz novamente, não almejo nada além disso. Respeite meus convidados. Tudo aqui pertence a mim. Quero que fique claro de uma vez por todas. Não vou mais tolerar esse comportamento. Sou o senhor das minhas atitudes, não uma criança indefesa. Também não sou louco. - Ela tinha furia nos olhos, mas não se atreveu a dizer mais nada. Limpou as lágrimas do rosto e se virou para partir. - Quero falar com Meg, estarei esperando. - Ela se foi sem responder, mas ele sabia que ela iria atender sua ordem.

                 *********************

- Mamãe estou tão cansado. Mas hoje foi um dia muito empolgante! - O menino se sentou ao piano e começou a tocar um melodia que para ele era estranha, mas seus pais conheciam bem.

- Onde diabos aprendeu isso? - Raul ficou em choque. Era a música do fantasma. Por Deus, como esse menino conhecia essa música?- Você ensinou a ele, Christine?

- Não papai, esse lugar me trás essa música de dentro. Eu estou fazendo.

Raul olhou para Christine. Ela abaixou a cabeça medrosa. Sabia que boa coisa não podia vir daquilo. Mas ao contrário do que ela pensou, Raul foi até o menino e falou calmamente.

- Mas agora é hora de dormir. Vá se banhar e se deitar. Amanhã é outro dia.

- Certo! - Gustavo lhe deu um abraço rápido e beijou a face de Christine e partiu para o quarto ao lado pela porta de comunicação.

Raul olhou para Christine, ela continuou em silêncio, mas lhe olhava nos olhos.

- Esse lugar está trazendo estranhas surpresas. E todas envolvendo aquele crapula. Giry e sua filha aqui... Para mim foi muito desagradável encontrá-las. E Gustavo do nada tocando aquela música. O destino está me torturando. - ele sentou na cama e Christine foi para as suas costas, e lhe livrou da casaca. Lhe abraçando.

- Concidências, querido. Não pense nisso. Vamos descansar. - Ele tirou os braços dela e se levantou.

- Vá você. Eu vou até o bar. Estou precisando relaxar um pouco.

- Vai beber novamente? - Ele olhou para ela furioso. Caminhou até ela e falou sussurrando.

- Se eu bebo é para esquecer tudo o que passou, e fingir que não sei o óbvio. - Ela engoliu em seco e o viu partir sem dizer mais nada. Seu segredo o destruiu. Ela era a culpada da sua desgraça. Christine chorou copiosamente. 

- Que Deus perdoe a minha alma. Que me perdoe pelo mal que fiz.

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Meg estava apreensiva. Por que Erik queria vê-la aquela hora? Bateu na porta e ouviu a voz grave dele a convidando para entrar. Ela entrou em silêncio e esperou que ele falasse primeiro. Ele a olhava expressando calma. Ao menos não estava aborrecido com ela.

- Sua mãe veio ter comigo. Disse-me que você estava muito nervosa com a chegada de Christine...

- Minha mãe as vezes põe os pés pelas mãos. Eu fiquei apreensiva, não nego. Mas qualquer coisa que achar ser o melhor, assim será. 

Erik sorriu. Meg amava seu sorriso. Retribuiu o sorriso e completou amávelmente

- Era somente isso?

- Não. Quero que saiba que seu lugar está garantido. Christine terá um espetáculo diferente do seu. Então não perturbe sua mente.

- Fico grata. 

- Não agradeça, você fez por merecer. Você teve a oportunidade de conversar com a Christine? Vocês eram muito proximas.

- Não tive. Notei apenas que ela está abatida.

- Abatida? - Ele se preocupou. Estaria Christine doente?

- Sim. Mas como teve uma longa viagem pode ter sido isso. Gostaria que eu lhe fizesse companhia durante sua estádia?

- Seria uma ótima ideia, se não for um incomodo...

- De forma alguma. Erámos tão amigas no passado. O destino nos separou, mas certos sentimentos não morrem. - Ela sorriu para ele e ele percebeu que ela falava do seu amor por Christine.

- Meg você tem muita sensibilidade. Você sabe que a tenho como uma parente, uma irmã. - Para Meg doeu ouvir isso. Amava a Erik em silêncio por tanto tempo. Mas já se conformou que nunca teria seu afeto. Mas ouvir assim, dessa maneira, era dolorido.

- Sei sim. Sinto o mesmo por você Erik. Embora só o tenha conhecido muito tempo depois. Poderia ter sido muito antes de tudo...

Ele olhou para ela e viu melancolia. Pobre Meg. Ele sabia dos seus sentimentos, só não poderia nutri-los.

- Tudo acontece dentro do seu tempo. Então Meg, obrigada por seus préstimos. Se aproxime de Christine novamente. Ela precisa de você. 

- Assim será. Precisa de mais alguma coisa?

- Não. É tudo. Grato.

- Fico feliz em ajudar. Bom descanso.

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