Sempre Ela!

236 47 2
                                    

O ensaio já estava bastante avançado quando Christine chegou com Gustavo. Foi o horário combinado com Erik. Ele já estava lá observando tudo e pedindo os ajustes que achou necessário.

Quando os viu chegar, sorriu e caminhou até eles entusiasmado. Christine não conseguia não se surpreender com a mudança de comportamento dele. O local estava cheio. Músicos, dançarinos, circenses. Todo tipo de artistas e assistentes. Ele estava tão à vontade com toda essa gente.

- Senhora e mocinho, que bom que chegaram. Estou empolgado para lhe apresentar seu papel.

- Boa tarde, senhor. É bom revê-lo. Que bom, estava ansiosa para saber o meu papel! E qual seria? - Christine tentava passar naturalidade.

- Aqui está. Será a última a se apresentar. - Entregou uma pasta com uma única música.- É uma composição minha, e diz muito sobre tudo. Cante com todo o seu coração, e todo esse mundo será seu. - Ele falava lhe olhando nos olhos. Ela ficou emocionada. Ele sempre lhe dizia essas coisas quando lhe dava aulas. Desviou a atenção para a pasta. A abriu e começou a ler a partitura mentalmente. Que linda música. Nunca em toda sua vida cantou algo tão perfeito.

- Apenas uma música?

- Sim! Uma será o necessário. Tenho certeza que após ouvir sua voz, o público estará eternamente cativo.

Meg ouviu o que ele disse e se sentiu desprezada. Nunca ouviu algo assim dele. Muito ao contrário. Erik era econômico quando o assunto era elogios.

- A música é belíssima. Estou encantada. - Erik deu um sorriso tão largo que contagiou a Christine.

- Venha, vou lhe apresentar ao elenco.

Enquanto ele fazia as apresentações, Gustavo olhava todo o cenário novo. Elenco mais estranho que já havia visto. Pessoas estranhas demais para não se sentir no mínimo impressionado. Olhava tudo com tanta atenção que não notou quando levaram Christine para o camarim. Erik disse para ela ir tranquila que ele ficaria com os olhos nele. Ela se sentiu um pouco receosa, mas foi.

- Gosta do que vê? - Gustavo olhou para ele e falou empolgado.

- Sim senhor. Tudo é tão bonito!

- Bonito? Você é um rapazinho peculiar. Para muitos essas pessoas são feias. Lógico que juntos no palco ficam com um brilho diferente. Por isso o espetáculo faz tanto sucesso.

- Não os vejo feios senhor! Tudo é muito bonito. As danças, as músicas, os artistas. O senhor tem uma ótima cabeça. - Erik gargalhou. Boa cabeça, essa foi boa... Fazia nem muito tempo era tido por louco.

- Venha, gostei de ouvi-lo tocar ontem. Toque algo para mim.

- E o que deseja ouvir?  - O rapazinho era destemido, pensou Erik.

- O que vier de dentro. Quem sabe não fazemos algo juntos?

- Sim. Será maravilhoso. - Quando o menino começou a tocar, Erik notou algo em sua postura. Seu modo de tocar, sua música. O menino olhou para ele e Erik se assustou. Saiu de perto do menino e olhou em um espelhado que havia no cenário. Seus olhos, eram como os seus. A sua fisionomia. Sua postura. Sua maneira de tocar. Mas nunca haviam se visto antes.

- Diga-me Gustavo, de verdade meu mundo não lhe assusta?

- Não. É como o que tenho aqui dentro de mim. Sente algo tão intenso que mal consegue manter na sua mente? Desde que cheguei aqui parece que está ainda mais intenso.

Uma Vez MaisOnde histórias criam vida. Descubra agora