Era sábado pela manhã. O dia havia acabado de amanhecer. Erik observava Raul, esperando um momento para ir falar com ele. Era a última peça do seu plano. Depois disso, seria com o destino. Tinha que acreditar que finalmente as coisas ocorreriam como ele sempre quis que fosse. Depois de hoje, Raul não seria mais um obstáculo. Pelo menos era o que ele esperava.
Raul estava se levantando para partir quando Madame Giry vai ao seu encontro. Erik fica surpreso. O que ela quer com ele? Erik dá a volta pelo bar, e entrando sem ser notado pelos dois que conversam, faz sinal para que o barman não diga nada. Se abaixa atrás do balcão e tenta ouvir o que é dito.
- Visconde, o que faz aqui tão cedo?
- Quer dizer, tão tarde. Já estou aqui um bom tempo. - Sua fala está um tanto afetada pela embriaguez, mas não parece estar tão fora de si.
- Visconde, o senhor deveria estar mais atento a sua família. Sua esposa anda muito solitária. - Raul olha desconfiado para Giry. Erik já começa a se aborrecer pela intromissão. - Não notou ainda quem armou tudo isso? Será que não percebeu ainda? - Erik não acreditava que Cury ia traí-lo mais uma vez. Se não o apoiava, que ao menos não tentasse prejudicar seus planos. Mas ela não conseguiria.
- Seja direta, madame. Não tenho paciência para rodeios.
- O fantasma. O mesmo que tentou raptar a sua esposa no passado. Agora está aqui e armou tudo para atraí-los até aqui.
Raul que antes sorria, agora tinha a face carregada e uma ira crescente dentro do peito.
- Aquele ser medonho?
- Erik, é o seu nome. Ele é o dono de tudo isso e o contratante de sua esposa.
- Ela já sabe?
- Sim. E já faz algum tempo. Creio que teve razões para não lhe contar.
- Por certo teme que eu possa ferí-lo. Como um covarde ele se esconde.
- Não subestime seu inimigo. Ele é muito engenhoso. Não é à toa que está onde está agora.
- Continuo sendo superior.
- Ele ama à Christine. E pelo que parece vocês não estão em perfeita harmonia.
Erik sentia vontade de revelar-se e calar Giry a todo custo. Mas não era a hora. E seu plano não deixaria de funcionar mesmo com a interferência dela. No fim, ela apenas perdeu ainda mais a sua admiração e confiança.
- Estamos em crise. Mas qual casal não passa por isso? Mas temos um vínculo muito profundo.
- Será que o senhor nunca se deu conta de que há muito mais nessa história do que o senhor conhece? Christine e Erik escondem tantos segredos...
- A que se refere madame? - Raul tinha suas suspeitas, mas preferia não pensar sobre isso.
- Reflita sobre isso. Vá para casa meu senhor. Hoje é a estreia da sua esposa. Tente ser melhor do que vem sendo.
- Como se atreve! - Raul se levanta do banco do bar e se precipita para Giry. Ela dá um passo atrás e o olha inojada. O cheiro de álcool estava forte.
- Me dê licença. Vejo que é inútil. Se depender do senhor, Erik já conseguiu o que almeja. - Ela se virou para partir e já estando perto da porta, ouvia Raul gritar.
- Se eu quiser o destruirei! Ele está vivo hoje porque eu permiti. - Erik se ergueu e dispensou o atendente. Tomando o seu lugar. Raul não o viu pois ainda olhava para a porta por onde Giry saiu. - Um monstro como àquele não é pálio para mim. - Erik o enfretaria sem máscara. Era algo que desejava desde muito. Não se esconderia. Era muito melhor do que ele. Infinitamente. Ficou esperando que Raul se voltasse para o bar. Não demorou muito. Ainda falava suas vãs ameaças - Ei de esmagá-lo como a um inseto. - Quando Raul o viu. Tamanho foi o seu susto, que deu uns passos para trás.
- Olá! Veja só quem encontro depois de muitos anos.
- Uma aberração como você deveria se esconder em bueiros.
- Visconde, minha aparência não é surpresa para nenhum de nós. Mas quanto a você... Olhe como está.
- Continuo melhor do que você.
- Endividado, bêbado, sujo. Acho que o jogo virou consideravelmente.
- Continuo melhor do que você. Olha o seu rosto. Um monstro.
- Isso não deixa de ser verdade. Mas já não me importo. Veja Visconde. Hoje minha Christine decidirá de quem ela será, minha ou sua... Eu já tenho uma idéia.
- Somos marido e mulher, isso você não pode mudar...
- Tem certeza? Quem sabe temos laços mais fortes do que você pode supor.
- O que está dizendo maldito!? Christine não teria coragem de me trair.
- Isso é de antes, muito antes de você. Você foi o intruso, Visconde.
- Não ficaremos aqui nem mais um momento. Arrume outra pessoa para a estreia de hoje.
- Mas sem estreia não haverá pagamento e você, caro Visconde, me deve até as calças.
- Você é o dono do cassino?
- Bingo! Sairá daqui diretamente para a cadeia, que tal? - Raul se sentou no banco novamente, de cabeça baixa. - Mas eu quero que Christine cante minha música por vontade. Será praticamente uma declaração de afeto, e de quem ela vai escolher. - Raul olhou para ele e sorriu com escárnio. - Que tal uma aposta, Visconde?
- O que propõe?
- Christine não terá coragem de mandá-lo embora, unicamente por piedade. Então vamos decidir nos dois como será.
- Diga de uma vez.
- Vá para casa. Convença Christine a não se apresentar. Se conseguir, suas dívidas estarão quitadas, e o salário de Christine estará em uma conta para ambos. Terão bilhetes para voltar para Londres. E eu nunca mais irei importunar suas vidas. - Raul pareceu ponderar. - Mas se ela cantar, amanhã pela manhã você deve partir sozinho. Não dirá para onde e nunca mais falará com ela ou Gustavo enquanto existir. E lógico, não terá mais nenhuma dívida comigo. De qualquer maneira, sairá ganhando.
- Gustavo é meu filho. Como pede para me afastar dele.
- Isso é discutível.
- Como?
- Ele se parece mais com você ou comigo? - Erik ficou satisfeito em poder falar aquilo abertamente. Aquele isolente merece ficar com demônios consumindo sua mente. Raul olhou bem para ele. O infeliz tinha razão. O menino parecia com ele. Ele ficou ainda mais transtornado.
- É mentira. Está blefando para me fazer desistir. Mas vou aceitar essa aposta. Não hei de perder.
- É o que veremos. - Erik estendeu a mão para firmar o acordo. O outro apertou com desafio nos olhos. - Que o diabo carregue o perdedor. - Erik dá um riso que Raul achou sinistro, e parte sem olhar mais para trás. Raul ficou tentando digerir o que acabou de acontecer. Ele apostou a esposa e o filho.
- Meu Deus, estou a poucas horas do espetáculo! Minha Christine!
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Uma Vez Mais
FanfictionErik estava debruçado sobre o seu companheiro de solidão, seu piano era o seu único alento. - Ah Christine ! - Suspirou. - Tenho que sentir você uma vez mais, e me sentir vivo outra vez. Baseado na obra - O Fantasma da Ópera - Andrew Lloyd Webber