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Nossa conversa é repassada diversas vezes em minha cabeça. Eu nem ao menos me lembro do porquê estamos nessa situação agora.

Thomas começou a agir de modo estranho logo depois da chegada de James; passou a me ignorar por dias e depois me chamou para uma conversa que deixou de ser um acordo de paz quando ele tomou a iniciativa de me beijar.

Ele é o meu melhor amigo. E é estranho pensar que o mesmo garoto por quem fui grata a vida inteira, me vê como "uma mulher".

Mas ao mesmo tempo, lembro-me do beijo que demos e foi bom. Muito bom. O friozinho na minha barriga ainda está sempre lá quando lembro do momento.

Eu amo o Tom, não posso negar esse sentimento. Ele é a minha pessoa, mas sinto que é errado deixá-lo se tornar mais do que um melhor amigo.

Uma chance. Foi o que dei para ele. Na verdade, para nós. Uma chance de reiniciar o que vivemos e, talvez, fingir que nada aconteceu.

Mas... E os meninos novos que minha mãe comentou? Tom se encaixaria nisso?

Ando de um lado para o outro no meu quarto. Thomas acabou de sair por aquela porta e eu não sei o que fazer.

Meu celular começa a tocar. Uma foto de Zoey mostrando a língua aparece na tela. Pedi, por mensagem, para que ela me ligasse assim que saísse da sua aula de dança.

Atendo imediatamente.

- Anna?! - Ouço som de buzinas e carros. Ela ainda deve estar indo para casa. - Amiga, acabei de entrar no Uber... Em cinco minutinhos chego em casa. Está tudo bem com você? Quer conversar?

- Amiga, é o Tom... - Começo dizendo.

Escuto um suspiro tedioso vindo de minha amiga.

- O que aconteceu dessa vez, Anna?

- Ele veio aqui em casa... Conversou comigo...

- E o que ele disse? - Zoey pergunta curiosa. Sei que para ela, minha história com o Tom é bem mais emocionante do que as novelas mexicanas que ela insiste em dizer que são boas.

- Ele disse que... - Respiro fundo antes de repassar toda a conversa e tentar apontar apenas os pontos mais importantes. - Disse que não quer perder a nossa amizade.

- Só isso? Desembucha logo, Catherine. - Odeio quando me chamam pelo meu segundo nome. Ele é horrível! - Você está me deixando nervosa, garota!

Eu tenho uma grande vontade de rir. Talvez seja o riso de nervoso querendo vir ao me lembrar das palavras ditas pelo meu melhor amigo há trinta minutos. Ou, talvez, seja a vergonha de provavelmente, ter feito algo de errado e que, consequentemente, levará a minha melhor amiga a me dar um belo de um sermão.

- Ele disse estar arrependido. Disse que não deveria ter me beijado e que ele acabou confundindo as coisas... Eu não te disse, Zo? Ele não gosta de mim!

- O que você fez depois de ele ter te falado isso?

- Disse que daria uma chance. Ele sorriu, eu não sabia mais o que dizer e ele foi embora. Estou tão nervosa, Zo... - Começo a cutucar a cutícula do meu dedão andando de um lado para o outro em meu quarto.

Escuto o chiado de seu suspiro pelo telefone. Que situação!

- Ai, amiga... Estou na rua de casa. Não sai da ligação! Um segundo. - Respiro fundo enquanto aguardo seu retorno. Escuto um rápido diálogo entre ela e o possível motorista do Uber. A porta do carro se fechando e, logo depois, o barulho de chave abrindo a porta. - Omma, cheguei! - Zoey berra no telefone. - Estou devidamente em casa, amiga. Ufa! - Escuto a almofada afundando. Ela deve estar espatifar no sofá. - Que dia, hein? - Concordo com a cabeça mesmo sem ela ver e solto um riso frouxo e nervoso, sem saber o que fazer. - Ok, vamos . Recapitulando: Thomas Stanley Holland, seu melhor amigo desde sei-lá-quantos-anos, te beijou do nada e você, que é sonsa e não percebe que ele te ama, ignorou ele por dias e depois ele foi falar com você e disse estar arrependido e que não quer perder a amizade? Só isso?

Because I Had You || Fanfic • THOLLAND •Onde histórias criam vida. Descubra agora