Because I Had You || Fanfic • THOLLAND •

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Nunca me imaginei numa situação dessas. Consigo ouvir as batidas do meu próprio coração latejando sob os ouvidos enquanto as cenas de algumas horas atrás se passam em minha cabeça.

Eu já estava acostumado com toda a minha fama na escola. Ser popular, capitão do time de basquete, ser — consideravelmente — bonito o suficiente para atrair olhares femininos e, também, ser um exemplo de aluno, fizeram com que minha confiança aumentasse e, na maioria das vezes, eu sabia que tudo o que eu quisesse, eu teria, afinal, eu tinha as minhas vantagens. Mas em hipótese alguma eu me imaginei sendo rejeitado por uma garota. Pode parecer egocentrismo da minha parte, mas sou eu quem está acostumado a dizer 'não' para as meninas.

Eu compreendo que a minha relação com a Anna é completamente diferente se comparada com as demais, mas ainda assim, me frustra saber que eu, pateticamente, não fui correspondido. Penso que se não fosse pela amizade, a Anna provavelmente diria 'sim', apesar de ela não ter dado uma resposta de fato.

A luz fraca da manhã ensolarada passa pelas janelas através das cortinas do quarto. Eu não dormi quase nada nessa noite e a enxaqueca parece ter passado, sendo substituída pelos pensamentos incessantes que preenchem cada canto da minha mente. O emaranhado de fios negros pairam sobre o travesseiro ao meu lado de maneira preguiçosa. Uma de minhas camisetas cobre seu tronco, parecendo mais com um vestido largo. É quase previsível que meus pertences sumam do guarda-roupa sempre que a Anna vem em casa.

Ela ronrona como um gatinho e, diferente de mim, parece estar em um bom sono, já que seu corpo espatifado rouba boa parte do colchão king size, deixando apenas uma pequena área para mim. Mas não me importo. Já me acostumei em acordar com seu pé no meu nariz ou, até mesmo, jogado no chão.

Seu rosto sereno e leve me tranquilizam e a euforia em meu corpo vai se dissipando. Afago seus cabelos de forma suave e dedilho alguns traços de seu rosto, sentindo sua pele macia sob os dedos. Suas mãos começam a se mexer aos poucos, anunciando que ela está prestes a acordar. Distancio qualquer toque entre nós, repreendendo-me por fazê-la sair de seu sono confortável e, ao mesmo tempo, girando o corpo para o lado oposto ao dela, dando a entender que eu ainda durmo.

Talvez seja vergonhoso demais olhar em seus olhos e agir como se nada tivesse acontecido. Como disse, eu nunca tive que passar por uma situação assim, ainda mais com alguém que considero tanto. Então, não. Eu não sei qual é o próximo passo para continuar uma amizade quando se está em uma total friendzone.

Um dos meus maiores medos, é que as coisas entre nós deixem de ser o que eram antes — caso ela opte por manter a amizade. Claro que há a possibilidade da Anna decidir se afastar por eu ter aberto a boca e por ter tido tudo aquilo no banheiro do meu quarto, mas prefiro não dar muita atenção a isso. Me apavora só de pensar em não tê-la mais comigo, independentemente do rótulo do nosso relacionamento.

Começo a me lembrar dos beijos em que demos, e pergunto-me se foram tão especiais para ela quanto foram para mim. Aquilo parecia ser o certo, mas agora, não tenho mais certeza. Meu amor por Anna Catherine Hill vai muito além dos limites da amizade e me chateia saber que, talvez, eu tenha jogado fora todos os nossos anos juntos quando disse o que sentia, já tendo em mente a possibilidade de ser rejeitado. Dói saber que talvez eu esteja criando esperanças e investindo em algo que não é pra ser.

O barulho da porta entre-aberta rangendo me desperta para a realidade. O tilintar do sininho da coleira da minha cachorra e o ruído do seu focinho cheirando o carpete começam a se aproximar ainda mais de onde estou. Suspiro aliviado em não ter que dar satisfações a ninguém sobre as minhas feições nada amigáveis enquanto me detesto pelas ações que tive. Pendo a minha mão, ao lado da cama, para que eu possa tocar o pelo da Tessa enquanto ela me encara com os olhos cristalinos e manhosos. Metade do meu rosto afunda no travesseiro e me mantenho de barriga para baixo.