cento e quarenta e três¡! ♡

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Sina.

Ele me olhava profundamente e eu percebi que queria dizer algo. Esperei até que seu celular vibrou no bolso da calça. Olhou a tela e soltou uma leve risada. Ao voltar sua atenção para mim, apenas acenou com a cabeça e foi em direção à porta. Senti um aperto no peito quando abriu a porta. Eu tenho que fazer alguma coisa!

— Noah! — ele se vira. — Tenho que te falar uma coisa.

— Eu realmente preciso ir. Os meus amigos estão esperando.

— É que eu... — tento dizer mas não consigo.

— Você o que?

— Você quer passar a virada aqui? Minha tia vai fazer um jantar e depois nós vamos à praia ver a queima de fogos. Pode trazer seus amigos também.

— Eu não sei, vou falar com o Lamar primeiro.

— Espera aí. — digo me aproximando.
— O Lamar veio com você?

— Sim. Ele e Tobi.

— Meu pai amado. — digo pondo a mão no peito.

— Não morra agora se quiser conhecê-lo.

— Pode deixar. Até lá vou tentar me manter viva.

— Até mais, Sina.

— Até, Noah.

Ele saiu e a porta se fechou. De repente uma tristeza me invade. Eu estava me sentindo tão corajosa minutos atrás. O que caralhos aconteceu? Sento no encosto do sofá e então vejo Lele e Steven dormindo serenamente ali. Nossa, como eu queria ser criança de novo! Suspiro enquanto os observo.

Decido então tomar um banho. Assim que entrei debaixo da água morna, as lembranças dessa noite vieram em minha mente. Ficamos de mãos dadas durante metade do filme. Fizemos brigadeiro juntos. Quase nos beijamos. Meu Deus! Passo os dedos em meus lábios imaginando como seria sentir os dele.

Sou despertada dos meus pensamentos ao ouvir batidas na porta. Mas que merda! Nem em imaginação podemos nos beijar em paz. Pego a toalha, me enxugo e a enrolo em meu corpo. Vou até a porta do quarto e abro. Minha mãe está escorada na parede de braços cruzados e com um sorriso sacana no rosto.

— O que foi? — digo chateada.

— Nossa... — ela me analisa. — Que mau humor é esse?

— Desculpa, estava pensando em algumas coisas.

— E essas coisas têm a ver com o seu "amigo" Noah, não é? — ela faz aspas com os dedos na parte amigo.

— Eu estou tão fodida. — me jogo com na cama com as mãos no rosto.

— Que linguajar é esse, Sina Maria? — ela dá um tapa em minha coxa.

— Perdão, mas é a verdade.

— O que aconteceu?

— Eu estava decidida a me declarar para ele...

— Espera, então você admite que está apaixonada por ele?

— Sim, eu admito.

— Finamente! — faz um gesto de vitória e eu a olho com tédio. — Pode continuar.

— Eu tive a oportunidade de fazer isso e simplesmente desisti. Por que é tão difícil?

— Você não teve um bom relacionamento da última vez. Óbvio que tem medo que dê errado. Mas olha, eu percebi como ele gosta de você.

— O Josh também demonstrava gostar muito de mim.

— Sim, eu lembro, mas agora é diferente. Eu posso sentir.

— Acha que vamos dar certo?

— Eu tenho certeza. — ela deposita um beijo em minha testa. — Boa noite, meu amor.

— Boa noite, mãe. Pode chamar a Lele? Ainda tenho que dar banho nela.

— Achei que ela já fizesse isso sozinha.

— Da última vez que deixei ela sozinha no banheiro, vazou água por toda a casa.

Rimos e então ela saiu do quarto. Encaro o teto pensando quando irei por fim abrir meu coração para ele. Às vezes me sinto segura, mas então as palavras daquele desgraçado me vêm como um balde de água fria. "Você é um lixo"; "Ninguém vai te querer"; "Você não tem valor, é só mais uma vadia". Essas palavras me doeram tanto. Queria não recordar isso mas não dá, sempre voltam.

UNEXPECTED LOVE ↯ noart [parte dois]Onde histórias criam vida. Descubra agora