UNEXPECTED LOVE ↯ noart [parte dois]

cento e sessenta e oito¡! ♡

Sina.

Noah foi embora. Na manhã de ontem nós dois fomos a uma praia deserta e aproveitamos esse momento juntos. Foi difícil me despedir, mas ele precisava ir para o Reino Unido. Agora estou aqui sentada na cadeira de balanço da varanda observando o mar. O meu eu de dezesseis anos jamais imaginaria que minha vida adulta seria essa. Tinha planos completamente diferentes.

Relembro o dia do baile de formatura. Foi nessa noite que perdi a virgindade. Na verdade, eu nem estava raciocinando direito de tão embriagada. Josh e seus amigos levaram bebidas alcoólicas e me convenceu a tomar com eles. Me arrependi assim que acordei na manhã seguinte.

FLASHBACK ON

Abro meus olhos lentamente encarando a parede de cor cinza. O que está acontecendo com minha visão? Ela é roxa. Esse não pode ser o meu quarto. Não faz o menor sentido. Me mexo e então sinto uma dor terrível por toda a minha cabeça. Viro para o lado direito e... Não! Como eu vim parar aqui? Olho meu corpo por baixo dos lençóis e deixo um grito escapar.

— Amor? — a voz de Josh vem do banheiro. — Está tudo bem?

— Sim, eu acho.

— Já estou indo.

Me levanto e procuro o meu vestido pelo chão. Infelizmente ele está cheio de vômito. O largo no chão com cara de nojo. Estou perdida! O loiro volta para o quarto com uma toalha enrolada na cintura e outra enxugando seus cabelos úmidos. Um sorriso brota em seus lábios ao me ver. Seus olhos analisam meu corpo. Isso me deixa tão desconfortável que puxo o lençol e passo em volta do meu tronco.

— O que aconteceu ontem?

— Você não lembra?

— Se eu lembrasse, não estaria perguntando.

— Calma, amor. — dá risada enquanto se aproxima.

— Não me pede para ficar calma! — grito me afastando dele. — Tem noção do que fizemos?

— Sim, qual o problema?

— E-eu... — digo em voz baixa. — Não queria que fosse desse jeito.

— Às vezes as coisas não saem como planejamos. É normal.

— Mas nem sequer lembro como foi.

— É uma pena porque foi ótimo. Aliás... — me agarra e começa a beijar meu pescoço. — Poderíamos repetir.

— Me larga! — o empurro e ele se chateia.

— Sina, deixa de ser fresca. Transamos, já era, é isso.

— Você não entende. Eu queria que fosse especial.

— Isso aqui não é um filme de romance, caralho! — me assusto com seu grito.

— Eu vou embora.

— Amor, espera. — ele tenta pegar meu braço mas eu desvio.

— Não toca em mim!

— Você precisa entender que isso é a vida real. O que idealizou é tudo invenção.

Pego uma sacola e coloco o vestido dentro junto com os sapatos. Estão uma nojeira. Visto a calcinha e o sutiã. Josh observa minhas ações em total silêncio. Pego uma camisa sua, uma bermuda e sandálias havaianas. Prendo o cabelo em um rabo de cavalo. Em seguida ligo para o meu pai. Ao encerrar a chamada, não consigo mais controlar as lágrimas.

— Está exagerando.

— Você é um desgraçado. — começo a bater nele.

— Para, porra! — segura com força os meus pulsos fazendo com que eu solte um gemido de dor. — Você que quis encher a cara conosco e não me impediu de te tocar. Então não venha me agredir por isso.

— Eu q-quero...

— Nem se atreva a continuar a frase. Não vamos terminar. Vai para a sala esperar seu pai enquanto eu me visto.

Tira suas mãos de mim com agressividade e me empurra para fora do quarto com a sacola. Ali no corredor choro como nunca havia chorado antes. Me encosto na parede em frente à porta do quarto e escorrego até sentar no chão. Abraço minhas pernas e escondo o rosto entre os joelhos. Eu quero a minha mãe!

FLASHBACK OFF

Volto à realidade ao ouvir vozes dentro do apartamento. Limpo as lágrimas que desciam por minha face e vou até minha família. Helena mostra o vestidinho que a tia Amanda deu de presente. Ver minha pequena toda sorridente me enche de felicidade. A abraço e sussurro um "eu te amo" em seu ouvido.

Sim, ter uma filha aos dezessete anos não foi fácil. Lidar com o abandono do pai dela, com os comentários negativos ao meu respeito, com o meu ingresso na faculdade sendo adiado por causa da gravidez, entre outras coisas. Felizmente tenho os melhores pais e amigos do mundo inteiro. Eles me ajudaram tanto. Apesar de tudo, sou grata. Josh foi um babaca, mas me deu o melhor presente de todos. Minha Lele.