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Carlos ouviu a coisa gritar e percebeu quem era. Ele viu um lance do monstro enquanto caía, mas estava grande
e Carlos suspeitava de que estavam ferrados.
Jill levantou a voz para gritar e Carlos só conseguiu ouvir o quase interminável grito de Nemesis.
“Onde está a .357?”.
Carlos balançou a cabeça. Ele estava com a M16, mas tinha deixado o revólver e os pentes no helicóptero.
“Lança−granadas?”. Ele retrucou, e foi a vez de Jill balançar a cabeça.
Uma 9mm e talvez vinte balas restando na metralhadora. Nós teremos que estourar a porta, é nossa única
chance −
Carlos sabia mesmo enquanto pensava. As portas de entrada e de saída eram bem fortes, eles teriam mais
sorte explodindo um buraco na parede −
− e a resposta foi até ele, e viu que Jill também já sabia pelo modo como o olhava, seus olhos largos e piscando.
O uivo do monstro vingador predominava, porém, um horrível e molhado barulho tinha começado, o som de algo
vasto e grudento se movendo devagar e constante pelo cimento.
Está vindo atrás dela.
“Você sabe usá−lo?”. Carlos perguntou, já se livrando de qualquer confronto com seja lá o que Nemesis tinha se
tornado.
“Talvez, mas −“.
Carlos interrompeu. “Eu vou distraí−lo − faça aquela coisa funcionar e me avise quando abaixar”.
Antes que Jill pudesse protestar, Carlos passou correndo por ela, determinado a fazer o que puder para manter
o monstro longe dela, pelo menos está mais lento, se eu puder atrasá−lo mais um pouco −
Ele chegou na esquina da parede de equipamentos, respirou fundo, e fez a curva − e gritou involuntariamente
com nojo da massa ondulante e transpirante que se arrastava em sua direção, impulsionando o corpo com
apêndices sem forma, dotados de garras e da cor de bolhas. Carnudos caroços ergueram−se e caíram como
bolhas numa panela de ensopado ao longo de suas contorcidas costas, finos jatos de um escuro fluído jorrando
de dezenas de pequenos cortes em sua pele, molhando o chão, lubrificando sua passagem.
Carlos escolheu o caroço levemente alto no topo da gigante e pulsante criatura e atirou, as balas mergulhando
na carnuda superfície como seixos numa correnteza, tat, tat, tat −
− um dos tentáculos na frente do corpo chicoteou, batendo nas pernas de Carlos forte o bastante para
derrubá−lo.
Carlos se arrastou para trás apesar da dor em suas costelas, impressionado com sua incrível velocidade, mas
nem um pouco apavorado. O monstro se movia lentamente, mas seus reflexos eram incrivelmente rápidos, o
tentáculo tinha percorrido três metros de espaço aberto para derrubá−lo, aparentemente sem esforço.
“Puta madre”. Ele suspirou o pior palavrão que conseguiu pensar enquanto rolava para ficar de pé e recuava. Ele
já estava na curva, a dez metros ou menos do canhão onde Jill apertava botões freneticamente. Ele distraia o
monstro como uma mosca distraia um avião. Quanto tempo temos até o amanhecer −
De repente, o monstro uivou de novo, um coro de som, cada pequeno orifício de seu corpo abrindo, mil bocas
gritando, criando um ronco ensurdecedor.
Nemesis não iria parar. Carlos recuou mais e atirou, um desperdício de balas, mas era tudo o que podia fazer −
− foi quando ouviu o poderoso e crescente hum de uma grande turbina girando rápido e mais rápido, e Jill
gritando para ele correr, e Carlos correu. Ela não tinha conseguido achar o botão principal, não havia cabos ou botões para conectar, e não sabia o
suficiente sobre máquinas para tentar descobrir. Ela viu Carlos cair e seu coração parou, mas forçou a si mesma
a continuar tentando, sabendo que era tudo o que tinham.
Depois de um segundo de busca desesperada e frenética, ela encontrou os botões de ligar na base do canhão,
e a máquina tremeu maravilhosamente para a vida.
“Corre!”. Jill gritou, empurrando os controles que erguiam o canhão devagar e precisamente, seus movimentos
marcados digitalmente numa pequena tela perto da base. Ela pôde sentir a energia crescendo, o ar ao seu redor
aquecendo, e assim que Carlos saiu do caminho e Nemesis apareceu, ela se sentiu aterrorizada, quase
dominada por um intenso e violento sentimento de auto−satisfação.
Ele tinha matado Brad Vickers e a perseguiu impiedosamente pela cidade. Ele tinha matado a equipe de resgate
deixando−os presos em Raccoon, a infectou com uma doença, a aterrorizou e feriu Carlos − e não importava se
tinha sido programado para fazer essas coisas; ela o odiava do fundo de si, o desprezava mais do que tudo que
já desprezou.
A gigante aberração mutante avançava centímetro por centímetro sobre uma onda de meleca enquanto o hum
do canhão alcançava um explosivo auge, o som afogando todos os outros. As palavras de Jill ficaram inaudíveis,
mesmo para ela.
“Você quer S.T.A.R.S., eu te darei S.T.A.R.S., sua porcaria”. Ela disse, e desceu a mão no botão de ativação.

Resident Evil #5 Nêmesis Onde histórias criam vida. Descubra agora