Capítulo 6 - José

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José, o pai de Elaine, era o típico de pessoa orgulhosa e ignorante. Ele era analfabeto, preguiçoso, desempregado e alcoólico. Nunca teve amor por sua família. Em sua mente, a sua esposa não passava de uma escrava, escrava branca talvez, onde limpava, passava, cozinhava, e também espancada como forma de "castigo" e ainda sim tinha que lhe oferecer prazeres sexuais. Na maioria do tempo se comportava como um senhorzinho do século 17, 18. E o que ele pensava sobre suas filhas? Eram apenas frutos de um acidente depois de uma noite de sexo extremamente bêbado, tanto que após o nascimento de Elaine, ele exigiu para que sua esposa, Joana, fizesse laqueadura para não ter que alimentar mais uma boca.

Mesmo, não trabalhando, mesmo não sustentando a casa, José se achava o dono de tudo, a cultura do patriarcado o fez chefe da família, e isso fazia ele mandar em todos. As coisas tinham que ser do jeito que ele queria. De vez em quando, fazia alguns bicos como pedreiro, mas o dinheiro era gasto todo em um lugar onde adorava passar muitas horas, que era um barzinho que ficava uma rua depois da sua casa. Já se perdeu as contas de quantas vezes ele saia de manhã e só chegava a noite, ou a tarde, existindo lá no barzinho, esperando alguém lhe dar um copo de cachaça, fazendo dívidas com bebidas e jogando conversa fora com os outros colegas cachaceiros que tinha esse mesmo hobby. Quando estava sóbrio, ainda continuava por lá, porém ficava jogando cartas ou dominó.

Raramente José ia procurar emprego, raramente trabalhava, só quando precisava comprar mais bebidas e não tinha como, pois a dívida já estava alta. Ele apenas trabalhava para alimentar o seu vício.

Arrogante como ele só, e de preferência com sua família, não perdia uma oportunidade de bater nos membros. Esposa e filhas, nenhuma escapava do comportamento agressivo de José. Ele sempre batia em sua esposa, e mesmo sabendo que era crime bater em mulher, continuava, porque no final nada lhe aconteceria, nada mudaria. Joana não denunciava o companheiro porque o amava e, por mais crápula que fosse, não queria perdê-lo.

*****

Um dia Elaine chegou da escola um pouco mais cedo e encontrou sua mãe sentada, triste, no safá da sala. Embora a bela loira odiasse as escolhas da mãe, principalmente em relação a continuar com o marido, ela sentia um grande amor pela mesma.

-Mãe? Aconteceu alguma coisa? -Elaine perguntou ficando um pouco aflita.

-Não minha filha, eu estou bem. -Joana mentiu sem levantar a cabeça.

-Mãe, a senhora está triste, o que aconteceu? –Elaine continuou a investigar se aproximando da mãe e tomando um susto ao vê o rosto da mesma inchado e ferido. –O que aconteceu? –Perguntou novamente, melosamente, sentando ao lado de sua mãe.

Joana não respondeu. Ficou quieta com o olhar concentrado no chão.

-Ele te bateu de novo?

Joana confirmou com a cabeça. Elaine abraçou a mãe que não conseguiu conter as lágrimas e chorou.

Tanto Elaine quanto Ruth sabiam que o Pai batia na mãe. Mas elas também nunca faziam nada. Elaine tinha vontade de chamar a polícia, denunciar, as vezes incentivava a mãe a fazer isso, porém Joana não queria, e fazia um drama sobre a vida dele, de como seria a vida dele caso ela o denunciasse. Por conta disso, a bela jovem ficava com bastante medo de denunciá-lo para não deixar sua mãe com raiva dela, pois Joana amava José, e não sabia viver longe dele. Elaine também incitava a separação, principalmente nos momentos em que a mãe começava a contar sobre as dificuldades do casamento, mesmo assim nenhuma atitude era tomada.

Sobre essas dificuldades Joana só desabafava com a filha. Ruth era um pouco mais distante da mãe. Não ligava muito para a situação em que estava presenciando. Quando elas ouviam seus pais brigando dentro do quarto deles, Ruth sempre soltava a popular frase: "em briga de marido e mulher ninguém mete a colher", sempre quando sua irmã propunha para elas fazerem alguma coisa.

Anjo FalsoOnde histórias criam vida. Descubra agora