De repente uma pontada de preocupação e saudades vieram ao coração de Elaine quando a mesma olhou pela grande janela do escritório do seu marido que dava para a direção do antigo bairro onde morava.
Saudades da mãe, saudades da rua que viveu quase a sua vida toda, saudades da infância e das brincadeiras naquela rua.
A bela loira de olhos verdes não sabia como estava sua mãe, se a mesma estava viva, ou se estava doente. Também não sabia se sua família ainda morava na mesma rua, na mesma casa. Não sabia como estava a vida da sua irmã e se ouve algum progresso.
-Vamos? -Raul interrompeu os pensamentos dela.
-Claro. -Elaine respondeu pegando sua bolsa.
O relógio marcava 17:30hrs, o sol já tinha desaparecido, na verdade não dava para ver, pois as nuvens que não parava de soltar suas gotas não permitiam.
Aquela era a primeira vez, desde que voltou para Garanhuns que Elaine esteve naquela loja. Quando ela entrou não falou com ninguém, e não fez diferente quando saiu. Ainda havia algumas pessoas conhecidas da época em que ela era uma simples coleguinha de trabalho, mas Sarah não trabalhava mais lá. Elaine apenas ignorou a todos.
O casal iria se preparar para um evento naquela noite, uma inauguração de um grande escritório de engenharia e arquitetura da cidade.
No dia seguinte, logo pela manhã, a saudade da sua mãe não havia passado. Começou a refletir seriamente em uma possível visita.
Elaine imaginava que sua mãe talvez soubesse do progresso que ela teve, afinal, fotos suas estampava algumas vitrines de algumas lojas da cidade, sem falar da repercussão do seu casamento há três anos atrás. Pensou que isso poderia ser ruim para ela, já que sua mãe poderia lhe culpar por não voltar para a família, não ajudar a mesma quando mais precisou, não ir para o funeral do pai. Esses sentimentos de culpa, que na verdade era a sua consciência que começou a pesar dentro de si, a fazia ter medo de poder visitar a mãe.
A consciência era tão pesada, que durante o resto do dia, a sua cabeça doía a cada passo que a mesma dava dentro de sua casa.
Passados uma semana, ela decidiu visitar a sua família.
O relógio marcava 18:30hrs da noite. Se lembrava que geralmente era por volta desse horário que sua mãe chegava em casa.
Ela vestiu uma roupa que não chamava tanto atenção. Um Jeans, uma camisa bonita de botão em uma cor amarela, junto com uma bota de cano baixo e uns acessórios, e mesmo que não quisesse chamar atenção, pois tinha medo de ser assaltada já que estava entrando em uma área que para ela era considerada favela, essa era a forma mais básica tinha em seu closet.
Já fazia cerca de vinte e cinco minutos que a mesma estava dentro do seu carro, mas que o motorista particular conduzia. O carro estava parado, quase em frente a casa da sua mãe, onde ela olhava pela janela. Esperava criar coragem para sair daquele carro e entrar naquela casa, mas também esperava por algum movimento naquela residência que se parecia tão quieta, tão silenciosa, tão escura, acabada.
Quarenta minutos havia se passado. Já era mais de 19:00hrs. Ela decidiu ir até aquela casa, saindo do seu carro, olhando de um lado para o outro com um pouco de medo do local, e chamando atenção de algumas mulheres desocupadas que insistiam em ficar em frente de suas portas reparando a movimentação na rua, espionando a vida alheia.
Elaine bateu na porta, ainda não havia campainha, assim como nunca teve. O seu coração pulava. Ninguém abriu, ninguém respondeu. Pensou que tivesse batido leve demais, então bateu de novo, dessa vez com mais força.
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Anjo Falso
RomanceDizem que o dinheiro não traz felicidade. A protagonista dessa história não concorda muito com essa frase. Nascida de uma família humilde e com muita ambição nas coisas caras que não pode ter, Elaine vai seguir um caminho ousado, árduo, cheio de men...