Capítulo 8 - A Escola

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Elaine conquistou na escola aquilo que sempre desejou: A Popularidade. Junto da popularidade vinha a obrigação de ostentar roupas novas, de mostrar para todos que tinha dinheiro ao comprar lanches caros, de mostrar que tinha uma vida fora dos portões da escola. Coisas que ela nunca pôde fazer e que se tornou um sonho alcançado.

A beleza é essencial para quem é popular e Elaine tinha beleza de sobra. Não era novidade que ela era a garota mais bonita da escola, mas, ainda sim, gostava de ouvir essa declaração, afirmação, da boca de alguém, pois a deixava feliz, inflava seu ego. Sua beleza foi a principal arma para ter conquistado a popularidade, as outras coisas foram complementos.

Todo o seu dinheiro para ostentar essa vida de "garota popular" vinha de Raul, que passou a bancá-la depois que a mesma o conquistou.

Nos dias anteriores dela conseguir conquistar esse status definitivo, a bela loira de olhos verdes havia sumido da escola para que assim sua família não a encontrasse, para que eles pensasse que a filha havia ido mesmo embora para Recife na época em que fugiu de casa. Quando retornou ao universo estudantil, estava mais bonita, com um cabelo mais sedoso, com uma bela maquiagem no rosto, com roupas novas, com dinheiro.

Ela não tinha muitas amigas na escola, a grande maioria eram todas falsas e quando se aproximavam de si, era sempre em busca de conseguir alguma coisa. Elaine, que era bastante inteligente no modo de ler as pessoas, reconhecia de longe as falsidades das suas colegas, então se privava ao máximo de fazer amizade com as mesmas. Ela sabia diferenciar colegas de amigas e sabia que na escola não tinha nenhuma amiga, mesmo passando o intervalo junta de algumas colegas que a mesma as considerava falsas. Na verdade ela só passava o intervalo com essas garotas porque não queria ficar sozinha. Quando retornou, toda poderosa, para a escola, ela mal respondia essas colegas, gostava de esbanjava superioridade. Isso era feito de propósito.

Mesmo estando em uma escola pública, a bela loira era toda metida a rica e pelas colegas invejosas ganhara o apelido de "metidinha", esse era o apelido mais suave. A escola onde estudava era popular no bairro pelo descuido e assaltos que geralmente ocorriam durante as noites em que a escola ficava fechada. Os ladões roubavam computadores, impressoras, telefones e outros materiais que acabavam vendendo por uns trocados. As carteiras eram velhas, quebradas, riscadas. O chão parecia ser sempre sujo. O quadro branco era manchado com tinta de pilotos nas cores azul, preto e vermelho e que insistia não deixá-lo. Os banheiros tinham um odor insuportável. A área de lazer era toda de areia e barro, quando chovia o barro tomava de conta dos sapatos dos alunos que acabava levando-o para dentro das salas de aulas. Essas coisas só a fazia odiar aquele lugar.

Elaine tinha o desejo de deixar aquela escola. Queria estudar na melhor escola da cidade, em uma escola rica onde pudesse conviver com pessoas ricas e assim fazer amizades com pessoas do meio de vida que tanto almejava. Queria amizades com pessoas que fossem melhores do que ela.

A função da amizade para a bela loira era entendida como um meio de troca de aprendizado e sempre esperava aprender ou conseguir algo por meio desse relacionamento. Se uma pessoa não tivesse nenhum conhecimento para oferecer para ela, então essa pessoa era descartada. Esse também era um dos motivos fortes de o porque não tinha amizades com nenhum colega daquela escola, pois, além de sentir a falsidade de muitos, eles eram pobres em conhecimentos.

Todos os intervalos de Elaine na escola eram resumidos em apenas ficar sentada sozinha em um velho banco da escola olhando as redes sociais na companhia do celular. Mesmo não tendo nada de novo nos feeds, sempre fingia estar ocupada com algo no celular, que era melhor do que ficar olhando para o rosto dos outros alunos que ela considerava feios, sujos e mal vestidos. Ela não sentia a necessidade de estar sempre junta de alguém, a solicitude era sua constante companhia e ela gostava.

Mas uma coisa que a deixava bastante feliz, era quando lembrava que esse seria seu último ano naquela escola. No próximo ano estaria em outra, isso era fato. E, por essa razão, ela se interessou nos estudos e passou a tirar boas notas nas matérias escolares, pois pensava que a outra escola poderia exigir, ou poderia ser um chamativo a mais. Como as outras garotas não se interessavam muito, acabavam tirando notas inferiores às de Elaine, até mesmo notas vermelhas, o que era mais um motivo para invejá-la, até mesmo odiá-la. Elas já tinham inveja da sua colega pela popularidade, pelas roupas, pela beleza da mesma, agora sentia inveja pelas notas nas matérias também. Porém, isso não afetava a bela loira, que continuava tirando mais e mais notas boas recebendo também como prêmio o apreço dos seus professores, sendo admirada pelos mesmos, a preferida, favorita, a exemplar. E esse favoritismo a fazia sempre ser a primeira para a resposta de alguma pergunta dos professores ou escolhida para o desenvolvimento de algum projeto.

Com o passar dos tempos Elaine foi percebendo que aquela popularidade que por tantos anos sonhara e que finalmente conquistou, não era tão valiosa quanto achou. Não importava, não trazia nenhum beneficio, apenas fazia as pessoas a odiarem, a desejarem com segundas intenções ou se aproveitarem. Quando não era um era outro.

Quando saia da escola, a sua popularidade de nada adiantava. Ela era só mais uma adolescente andando pelas ruas da cidade. E mesmo sabendo dessas coisas, continuou levando a vida escolar com ostentação ao mesmo tempo que torcia para que dezembro chegasse trazendo o fim de várias coisas, inclusive da vivência naquele lugar.

Anjo FalsoOnde histórias criam vida. Descubra agora