O mês que se seguiu foi repleto de muito trabalho, pressão e gritaria na Publisher. O Sr. Bradford havia dado entrada no pedido de divórcio litigioso, pelo que Danna me contou, e a Sra quase ex Bradford já tinha feito no mínimo uns três barracos lá dentro por causa disso. Depois é pobre que é escandaloso, ne. Graças a Deus ele designou a Danna para acompanhar esse processo e não eu. Eu só me envolvia nos assuntos da empresa e nisso eu era ótima. Devido à esse processo de divórcio conturbado, a irritação do meu chefe estava alcançando níveis elevadíssimos e tinha sobrado pra todo mundo da equipe dele, menos pra mim por enquanto. Mas, obviamente, que meu dia chegaria. Ele havia me enviado mensagem às seis e meia da manhã avisando que já estava se dirigindo à empresa, ou seja, teria que estar lá às sete. No meio do caminho peguei um trânsito monstro por causa de um acidente em uma das avenidas principais. Mandei mensagem dizendo que me atrasaria mas ele não visualizou. Paciência, ué, a Brigitte ainda não sabia voar.
Cheguei às sete e meia e ele estava trancado na sala com dois homens que saíram de lá às oito e quinze com umas caras assustadas. Ele me fuzilou com os olhos e eu o segui com o café e o jornal em mãos.
- Bom dia, senhor, desculpe o meu atraso. Te enviei um Whatsapp explicando mas acho que o senhor não...
- Que merda, Campbell! - disse esmurrando a mesa. - essa reunião era importante e eu precisei de você nela. É tão difícil assim pra você entender que seus horários aqui são de acordo com os meus, porra! - ele começou a gritar me olhando com raiva e eu comecei a ficar com medo dele.
- Senhor eu... - tentei falar mas começava a me faltar o ar e eu sabia que estava prestes a ter uma crise de ansiedade. Droga! Já tinha um tempão desde a última. Comecei a puxar o ar de forma ofegante e as lágrimas não vinham. Ele pelo visto não notou.
- Sempre cheia de desculpas pra tudo, Elisa! Porque simplesmente não faz o que é muito bem paga pra fazer sem questionar, merda.
- Eu tentei... - e foi aí que a coisa desandou toda. Comecei a tremer e suar frio enquanto meu ar sumiu. As lágrimas começaram a vir todas juntas e eu perdi a fala. Ele olhou assustado pra mim e, enfim, entendeu o que estava acontecendo.
- Elisa! Você está chorando? - se aproximou me sentando na cadeira e colocando as mãos nos meus ombros. - o que ta acontecendo? Olha, desculpa, eu não deveria ter... Dannaaaaa! Corre aqui! - vi Danna entrar na sala correndo. - acho que ela ta tendo uma crise, sei lá.
- O que o senhor fez?- perguntou irritada.
- Só fiquei um pouco irritado e gritei com ela. Porra, Danna! Vai me bater agora?
- Acho que ela ta tendo uma crise de ansiedade, Senhor. - sacudi a cabeça confirmando. Era o máximo que eu conseguia fazer.
- E o que a gente faz? Chama a emergência? - perguntou assustado.
- Lis, como a gente pode te ajudar? - perguntou Danna calmamente enquanto eu me agarrava ao braço dela.
- Dez minutos. - consegui falar. - e passa.
- Vou buscar água pra você. Tenta respirar ta. Deita ela no sofá. - disse saindo. Antes que eu pudesse protestar, meu chefe me pegou pela cintura e me levou até o sofá me deitando e mantendo minha cabeça mais elevada. Ele parecia desesperado e não fazia mal nenhum pra deixar de ser otário.
- Lis, me desculpa tá. - disse passando às mãos no meu cabelo. - eu não fazia ideia. Não vai acontecer de novo ta. Me diz que me perdoa, por favor. - balancei a cabeça concordando com meu olhar distante. A voz de Danna ia me acalmando e aos poucos eu fui voltando. Me senti uma merda por não ter conseguido me controlar mas tinha gente naquela sala bem pior do que eu.
- Vou pedir ao motorista que te deixe em casa pra você descansar um pouco. - ele disse enquanto olhava pra parede de vidro panorâmica.
- Não precisa, senhor, eu vou voltar ao trabalho.
- Não mesmo, Elisa!
- Ficar sozinha em casa é pior. Só me deixa voltar ao trabalho, por favor.
- Eu me excedi com você, não fazia ideia. - enfim ele me olhou se aproximando. - me fala o que aconteceu, por favor. - abaixei a cabeça com medo das lágrimas caírem novamente. - eu sei que tem alguma coisa errada com você e eu quero te ajudar, Elisa. Tem um psicólogo aqui...
- Eu tenho síndrome de Burnout! - disparei. - é um esgotamento físico e mental causado pelo trabalho. Estou em tratamento e estava indo bem até...
- até eu fuder com tudo! Merda! - disse nervoso.
- Só não grita de novo, tá. Me desculpa, mas é que quando alguém grita comigo eu perco o controle.
- Você não tem que pedir desculpas, Elisa. Eu que fui um idiota. - ele se sentou na mesinha em frente ao sofá e começou a desabafar. - eu estou em meio a um processo de separação difícil. A Susan está querendo além do que ela tem direito e ontem eu arrumei minhas malas e saí de casa. Não ta sendo fácil lidar com isso. Ela está tentando jogar meus filhos contra mim e eu nem sei o que eu faria sem eles.
- O senhor vai conseguir. - ri sem graça.
- Me chame de Edward, Elisa. Estamos só nós dois aqui agora. Eu to me sentindo um lixo por ter descontado a minha raiva em você.
- Em mim e em toda a equipe. Há dias que o clima aqui dentro é o pior possível. Se quiser me demitir por estar falando isso, fique a vontade.
- Não vou demitir você! - me olhou com a cara feia. Esse cara é doido de pedra.
- Bom, vou voltar ao trabalho e procura o psicólogo da empresa. Acho que também está precisando de ajuda. - me levantei e saí o deixando no mínimo pensativo.
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Lis Campbell: Uma Segunda Chance
Любовные романыMinha história não é mais um clichê de uma menina atrapalhada que acorda atrasada para a entrevista de emprego. Não mesmo! De fato eu tenho uma entrevista hoje. Mas sendo a mulher de 35 anos prevenida que sou, cheguei com quarenta minutos de anteced...