O nosso cotoco nasceu no inverno cruel de Chicago. Foi uma gravidez tranquila até o sétimo mês, depois precisei abdicar de tudo pra fazer um repouso absoluto. Minha pressão começou a subir muito e tive um sangramento. Cindy, que agora era a Dra Cindy Bradford obstetra, foi a minha médica e me incumbiu de passar quase todo o resto da gravidez na cama sendo mimada pelo gatão dela que, quando eu completei oito meses, tirou férias.
A minha cama King acabou virando um ninho pra nós quatro. Ficávamos a tarde inteira vendo desenhos idiotas com o Ben e a Sophia. Descobri que o meu marido ama desenhos infantis. Vira um completo imbecil ao lado dos meus filhos assistindo "Thomaz e seus amigos". A cada risada deles eu revirava os olhos mas acabava rindo junto.
Edward era um pai tão, mas tão babão que na primeira apresentação de balé da Sophi ele quase bateu na professora que colocou a princesinha dele na segunda fileira de bailarinas. Pra ele a Sophia era a estrela principal. E ela ficava uma coisinha vestida de bailarina mesmo. Uma boneca! Ela também ficava imitando a mim e ao pai dela em supostas reuniões de negócios. Pegava o celular rosa de brinquedo e sentava na mesinha com o notebook de brinquedo para fingir que estava brava com algum idiota que havia feito coisa errada na Pubixi. Ed e eu nos controlavamos pra não esmaga-la de tanta fofura. Tinhamos uma CEO na família. O Ben gostava de tudo ligado à bichos. Era muito carinhoso e logo vimos que talvez ele seguisse esse caminho. Mas eram muito novinhos e eles escolheriam no tempo certo o que fosse melhor pra vida deles. Sem pressão! Ed e eu juramos isso. Acabamos comprando um cachorrinho da raça beagle pra eles, o Pipoca. E sentimos a necessidade do Danniel, nosso Dan, nascer em uma casa maior. Nossos filhos agitados e nosso cachorro precisavam de espaço e nós também. Aos seis meses de gravidez nos mudamos pra nova casa e foi lá, assistindo à Sophia demonstrar seu novo passo de balé pra família inteira que eu passei mal.
Pra minha sorte havia 4 médicos na sala pra me acudir.
Todo mundo pro hospital com a Cindy comandando tudo. Danna e Greg ficaram com a criançada. Após oito horas de trabalho de parto o Dan nasceu. Lindo, outra cópia dos Bradford! O DNA deles era fortíssimo! Edward mais uma vez chorava feito um bebê quando pegou o filho nos braços.
- Ele é lindo, amor!
- É claro! Mais uma cópia sua... - disse ainda chorando.Já no quarto, ainda amamentando minha bolotinha, recebemos duas visitinhas ilustres.
- Ele parece um dedo. - observou Ben fazendo o pai rolar de rir.
- Ele é fofinho. Posso pegar ele, mamãe? - disse a minha princesa.
- Ele ainda ta muito molinho, Sophi. Quando a gente for pra casa, a mamãe promete que deixa você segurar ele um pouquinho.
- Ta bom.
- Ele saiu da sua barriga, mamãe? - perguntou Ben.
- Foi sim. - logo respondeu Edward com medo de eu dar meu show de sincericídio com meus filhos.
- Cadê o nosso mascotinho? - disse Sarah chegando com Rick e Cher e exibindo a barriguinha de quatro meses. Ela seria mãe novamente do pequeno Nicolas. - Ai, ele é muito fofo, gente.
- Ele parece o tio Ed. - disse a Cher e meu maridinho faltou explodir.
- Pois é, obrigado Cher. Linda e esperta do titio!
Sarah pegou Dan no colo e ficamos jogando conversa fora até as crianças ficarem com sono. Rick e Sarah levaram nossos filhos juntos pra dormirem na casa deles.
- E aí, mamãe, feliz? - disse Edward vendo seu filhote dormir calmo nos meus braços.
- Muito! E você?
- Não cabendo mais em mim. Cindy, Andrew, John, Sophia, Ben e Danniel. Sou ou não sou um paizão?
- Você é. Mas tem um sobrando nessa sua conta aí, não acha?
- Não. Por que?
- O John é meu filho e não seu.
- Assim você me ofende. Quem o convenceu de se mudar pra Chicago?
- Você.
- Quem o convenceu de fazer faculdade de publicidade e propaganda?
- Você.
- Quem é o mentor profissional dele?
- Você. - já falava revirando os olhos mas feliz, pois realmente ele idolatrava o Edward e já seguia carreira nessa área. Estava na Publisher trabalhando com a gente. Acho que dos nossos ele e a irmã Sophia é quem vão comandar tudo enquanto o pai e eu viajamos mundo afora aproveitando os frutos do nosso trabalho. Assim espero.
- Lis, entende uma coisa ta. Eu amo tudo o que vem de você e o John é uma dessas coisas. Ta no pacote " Elisa Campbell Premium". Vocês hoje são minha vida. Eu tenho seis filhos, uma esposa gostosíssima e inteligentissima e um neto. Uma empresa lucrativa, porra... Nem sei se eu mereço isso tudo.
- Não vai me fazer chorar e assustar o Dan, vai? E você me deu tudo isso também, meu amor. Você me livrou de um pesadelo de uma doença que, por pouco, não destruiu minha vida. Olha pra mim hoje e pra aquela Lis que entrou na sua sala totalmente revoltada e desacreditada de seis anos atrás. Obrigada por existir!
- Aiai... - meu marido soluçava olhando pra mim e pro seu mascotinho no meu colo. - amo vocês demais! - disse emocionado.
- Nós também te amamos, papai. - eu disse imitando voz de bebê pra ele.Chegamos na nossa casa e Sophia não me deu um pingo de sossego até que eu cumprisse a minha promessa e a deixasse segurar o irmãozinho. Dan era agitado a noite e nós sofremos por umas longas madrugadas com ele. Mas após o terceiro mês ele acalmou. Edward acabou fazendo uma vasectomia depois de eu muito insistir, pois não queria mais nem pensar na possibilidade de outra gravidez. Estava satisfeita demais com meus quatro filhos. Ed também estava com os seis dele, contando o John.
- Acho que a gente poderia deixar a galerinha sob os cuidados da sra Jones e da Beth por um final de semana e irmos curtir Aspen um pouquinho. Deu saudades de lá. - disse meu marido quando voltávamos do trabalho.
- Olha, de todas as ideias brilhantes que você teve nessa última semana, essa foi a melhor. Mas será que o Dan fica sem a gente?
- Lis, o Dan acabou de completar um ano. Ele sobreviverá três dias sem nós. E tios e irmãos pra paparicar ele não falta.
- Ele é muito paparicado mesmo.
- O caçula ne, Lis.
- O caçula é o Nick.
- Dos Bradford eu estou dizendo.
- Troca essa playlist, amor. Cansada desses seus rocks melancólicos.
- Ah é, esqueci que desde que você aposentou a Bri que ta sem opção pra ir pra casa.
- Não me lembra disso que eu fico com vontade de chorar. A Bri agora é só pra passeio no condomínio com as crianças, que por sinal amam ela. Vou olhar meu novo possante semana que vem sem falta. Economizei um ano inteirinho pra ele.
- Eu sei... Fazendo conta até de um cafezinho. Chata!
E assim seguimos pra nossa casa onde três filhotinhos nos aguardavam ansiosos por chocolates.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lis Campbell: Uma Segunda Chance
RomanceMinha história não é mais um clichê de uma menina atrapalhada que acorda atrasada para a entrevista de emprego. Não mesmo! De fato eu tenho uma entrevista hoje. Mas sendo a mulher de 35 anos prevenida que sou, cheguei com quarenta minutos de anteced...