Um mês desde a tragédia. Um mês que minha vida acabou. Não como mais, não durmo, tentam me entupir de calmantes mas eu não aceito. Quero enfrentar isso de cara limpa, como o meu Edward me ensinou. Um mês arrastando correntes sem me importar com mais nada, sem saber o que fazer da minha vida. Quando a Sanderson puxou aquele gatilho, ela não atingiu somente o Edward, ela me destruiu. Antes tivesse acertado uma bala na minha cabeça como fez com a dela.
As pessoas tentavam me consolar. Vinham fazer visita e sempre diziam coisas que eu não ouvia. O único que ainda arrancava algumas palavras de mim e, mesmo assim, poucas era o meu filho. Tudo era frio e eu me tornei uma pessoa fria também. Não consegui conhecer o Miguel. Cindy não suportou ver o pai entre a vida e a morte e entrou em trabalho de parto. Eu não consegui visitá-los até agora. Miguel tinha os olhos dele segundo me disseram. Me afastei de todo mundo, queria viver minha dor em paz. Ele se desligou desse mundo dizendo que me amava pra sempre e nem deu tempo de responder o quanto eu o amava e o amo. Greg estava à frente da empresa, pois eu ainda não tinha condições de colocar os meus pés ali, onde o vi pela primeira vez tão intimidador. Como eu o achei lindo naquele dia.
Tomei um banho quase que me arrastando e adormeci sentada. Sonhei que estava em um lindo jardim cercada de flores delicadas e muitas crianças fofas. Uma menina ruivinha cheia de sardas, um menino loirinho com os olhos muito verdes, um menino e uma menina de aproximadamente 4 anos com os olhos tão verdes quanto o outro menininho e pele muito branquinha. Pareciam anjos! Sorri e olhei pra minha barriga. Estava enorme!
- Queria tanto que seu pai estivesse aqui com a gente. Ele queria tanto você, meu amor! Sabe, filho, seu pai foi o cara mais incrível que eu já conheci na vida. Ele bancava o durão e todo mundo tinha medo dele, menos eu. No fundo eu sabia que ele era um amor. Meu amor! Ele salvou a vida da mamãe duas vezes. Uma delas literalmente. Eu amo tanto o seu pai e amo tanto você também. Quero que você honre o nome dele, assim como os seus irmãos. Ele te ama muito! - uma borboleta linda pousou bem no meio da minha barriga e de repente senti um vento gostoso acariciando o meu cabelo. Fechei os olhos e acordei.Suspirei e sorri. Esses sonhos aliviavam um pouco o meu sofrimento. Me levantei e olhei pra cama. Enquanto ele estivesse ali dormindo eu estaria por perto. Um mês que ele dormia feito um anjo naquela cama fria de hospital. Mas eu não desisti dele.
Foi tudo muito rápido naquela noite. Quando a Sanderson disparou contra ele, eu comecei a enxergar tudo nublado. Logo em seguida outro disparo e senti pedaços de carne e muito sangue sobre mim. A maldita havia atirado na própria cabeça. Aquela imagem da cabeça dela explodindo sobre mim, terapia nenhuma conseguiria tirar. Assim que meu corpo foi solto me joguei em cima do Edward. Estavamos encharcados de sangue. Eu com o da suicida e ele perdendo todo o dele. Rick e Jake se aproximavam enquanto Cindy e Sarah gritavam já sendo amparadas por algumas pessoas. Senti umas mãos tentando me tirar dali, acho que era a Danna, mas eu grudei meu corpo ali no chão ao lado do Ed e ninguém me tiraria dali.
Via tudo em câmera lenta. A ambulância demorou a chegar e logo em seguida outra com um carro do IML. Edward teve cinco paradas cardiorrespiratórias, sendo que a última quase o levou embora. O tiro foi no meio do seu tórax a centímetros do coração. Se eu devo a vida do Edward pra alguém é ao Jake e ao Rick que não desistiram dele. Via a cada minuto seu rosto lindo empalidecer e seus lábios perderem a vida. Quando o vi sendo levado minhas lágrimas secaram e eu entrei em estado de choque, segundo Rick. Olhei pro lado e vi Sarah descabelada também em estado de choque não suportando a dor do que era pra ser o dia mais feliz de sua vida.
Soubemos depois que Sanderson transou com um dos seguranças que liberou sua entrada na festa. Ele está preso. Não sei até agora como cheguei no hospital, quem me deu banho e me vestiu, o que o médico falou depois. Só sei que após três tentativas Rick conseguiu me explicar que o Ed havia entrado em estado de coma e que o quadro dele poderia ser irreversível. Desde então eu não tirei mais os pés do hospital, eu não iria abandona-lo, não mesmo! As noites eram muito solitárias para os doentes e eu não iria deixar o meu Ed sozinho ali. Tomei um banho rápido ali mesmo, peguei um café forte e comecei a conversar com ele. Sempre fazia isso nesse horário e me acalmava.
- Tive um sonho tão doido hoje, amor. - peguei na mão dele e apertei. - sonhei que eu estava com uma barriga enorme e rodeada de crianças num jardim lindo. Você iria amar o lugar! - suspirei e olhei pro rosto dele. - o Greg veio aqui de novo me encher o saco pra voltar, que eu preciso sair um pouco daqui. Briguei com ele de novo e ele jurou que nunca mais volta aqui. Mas eu sei que amanhã ele ta perturbando a gente aqui de novo. O Miguel já saiu do hospital ta. Ta mais fortinho, você precisa ver a Cindy de mãe! Ela é incrível! Sua princesinha virou uma rainha. Eu não consegui ve-lo ainda, desculpa, é que... Me falaram que ele tem os seus olhos. Duas pedrinhas de esmeralda. Fico imaginando um filho nosso, meu amor. Queria que tivesse os seus traços. Os olhinhos verdes, a boquinha pequena de coração, o narizinho arrebitado, as covinhas de quando você sorri, eu amo suas covinhas, o furinho no queixo... Mas o gênio tem que ser meu porque convenhamos, Ed, não aguentaria mais um estressado na minha vida não. Porque você não me deixou um bebê aqui dentro antes de dormir, Ed? Eu não estaria sozinha agora! A gente tem tanta coisa pra viver ainda, meu amor. Eu preciso tanto de você do meu lado pra gente ter esse futuro, Ed. Nossa história não acabou com aquele tiro, eu sinto que não acabou. Enquanto você estiver aqui eu vou estar do seu lado. Mas eu preciso que você volte pra mim, Ed. Eu não sei mais viver nesse mundo sem você. Eu não consigo mais ser sozinha. Por favor, meu amor, me da o nosso filho! Me da você de volta, me irritando, me enchendo de mimos desnecessários, dormindo fofo do meu lado, me entupindo de trabalho, reclamando ds minha demora pra arrumar... Não me deixa aqui sozinha não, Edward, eu não aguento mais! Eu te amo, meu amor!
Chorei um pouco mais, como sempre fazia quando estávamos a sós e acabei dormindo ali na poltrona sentada de novo.
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Lis Campbell: Uma Segunda Chance
Любовные романыMinha história não é mais um clichê de uma menina atrapalhada que acorda atrasada para a entrevista de emprego. Não mesmo! De fato eu tenho uma entrevista hoje. Mas sendo a mulher de 35 anos prevenida que sou, cheguei com quarenta minutos de anteced...