Sexta Parte

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Feliz para sempre

1

Um minuto mais tarde, quando a gente saiu do prédio, a gente viu as viaturas circulando o lugar. Uma multidão de pessoas e repórteres de todos os canais incluindo o do meu pai estavam lá. A lá estava o cara, o traficante que estava segurando Roseanne. Ele estava falando com eles.

– É ele! – ele gritou quando ele viu a gente. – A besta que me atacou.

Um zumbido veio da multidão enquanto eles me viam, então viam que eu não era nenhuma besta.

– Aquela é a besta? – a repórter feminina do canal do meu pai exclamou.

– Ele era diferente antes. Ele tinha presas e garras e... cabelo em todos os lugares.

A repórter virou para Roseanne, obviamente esperando salvar a história dela. – Senhorita, você viu uma besta?

– Claro que não. –Roseanne olhou para mim. Ela tocou meu cabelo. – Eu nunca vi uma besta. Mas aquele homem... – Ela virou para o traficante. – Ele me atacou. Ele poderia ter me matado, mas esse cara entrou e me salvou.

– Eu te disse, – o ladrão gritou. – Ele é a besta. É magica que mudou ele.

– Mágica. – A risada de Roseanne foi um pouco forçada, um pouco falsa. A multidão riu também. – Mágica e bestas só existe em contos de fada — ou talvez alucinações causadas por drogas. Mas heróis e vilões são reais.

Agora o microfone estava no meu rosto. – Você viu uma besta.

– Não. Eu não viu uma besta. – Eu peguei o microfone da repórter, autoritário, como meu pai seria. – Mas se há um besta, talvez ele é apenas um cara comum com alguma condição de pele ou alguma coisa. Talvez ele apenas precisa algum entendimento. Talvez a gente julga as pessoas demais pela aparência deles porque é mais fácil do que ver o que é realmente importante.

A repórter pegou o microfone de volta. – Bem, isso foi cheio de energia. – Ela virou para longe de mim e falou para a câmera. – Nenhuma pista no misterioso caso de alguém que parece uma besta que aterrorizou os passageiros do metrôs em Brooklyn essa noite.

A multidão começou a dispersar. Um policial agarrou o traficante. – Não tão rápido, amigo. Eu chequei sua identidade. Parece que você tem um mandato de prisão...e a gente achou aquela arma de que ela estava falando. – Ele virou para Roseanne e para mim. – Vocês se importariam em vim para a delegacia e dar um depoimento sobre o que aconteceu?

– Nem um pouco, policial, – eu disse, pensando no tanto que aquilo iria irritar meu pai, sem mencionar o quão pirado ele deve estar por todo a história – Besta no metrô, especialmente quando ele viu a cobertura no próprio canal dele. Ele estava provavelmente já sentado na minha sala de estar.

– Eu vou para qualquer lugar, – Roseanne disse, – contanto que ele vá comigo.

O policial rolou os olhos dele. – Crianças apaixonadas. Loucura.

Ele deve ter murmurado alguma coisa mais, mas eu não escutei ele. Nós estávamos muito ocupados, beijando.

2

Foi horas antes da gente voltar para casa, mas quando a gente voltou, papai estava lá, assistindo as Notícias da Manhã CBS. O slide por trás do repórter dizia, besta no metrô? E mostrou uma criatura parecida como um lobo. Gravata do papai estava fora. Ele parecia amarrotado.

– Você sabe alguma coisa sobre isso, Jungkook? – Ele fez um gesto para a televisão, sem parecer perceber a mudança em mim.

– Por que eu saberia? – eu encolhi os ombros. – Obviamente, eu não sou uma besta.

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