Primeira Parte

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 Um Príncipe e uma Bruxa

1

Podia sentir todo mundo me olhando, mas estava acostumado com isso. Algo que meu pai tinha me ensinado desde cedo, e com frequência, era a agir como se nada me afetasse. Quando se é especial, como nós, as pessoas devem notá-lo.

Era o último mês antes do final do terceiro ano. O professor substituto estava nos dando as cédulas para a eleição da corte do baile de primavera, algo que normalmente eu achava patético.

– Eh, Jungkook, seu nome está nisso. – Meu amigo Park Jimin bateu no braço.

– Acho que não. – Quando virei para Jimin, a garota que estava junto a ele... Anna, ou talvez Hannah... abaixou os olhos. Huh. Tinha estado me olhando fixamente.

Examinei a cédula. Não só estava ali meu nome, Jeon Jungkook, para príncipe do terceiro período, mas era claro o ganhador. Ninguém podia competir com a minha aparência e o dinheiro do meu pai.

O substituto era um novo que pode ser que ainda tivesse a falsa impressão de que porque Tuttle era o tipo de escola que tinha uma fila de saladas na lanchonete e oferecia cursos de mandarim... quero dizer, uma escola onde as autenticas pessoas de dinheiro de Nova York enviava seus filhos... não íamos nos meter com ele como os despachos da escola pública. Grave erro. Mas não era como se o substituto fosse nos colocar um exame, só tínhamos que pensar em como fazer para ler a cédula e gabaritar nossas eleições levaria toda a hora. A menos a maioria dos que estavam ali. O resto estavam escrevendo mensagens de texto uns para os outros. Observei os que estavam rabiscando as cédulas olharem para mim. Sorri. Qualquer outro podia ter baixado os olhos, tentar parecer tímido e modesto, como se se sentissem envergonhados por seu nome estar ali... mas não havia sentido em negar o óbvio.

– Meu nome também está. –Jimin bateu no braço de novo.

– Ei, cuidado! – esfreguei o braço.

– Cuidado você. Com esse sorriso estúpido no rosto, como se já tivesse ganhado e estivesse concedendo aos paparazzi a oportunidade de tirar uma foto sua.

– E estou errado? – sorri mais amplamente, para chateá-lo, e lancei uma saudação como em um desfile. A câmera do telefone de alguém clicou justo nesse momento, como um sinal de exclamação. – Eu não deveria permitir você viver – disse Jimin.

– Ok, obrigado. – pensei em votar em Jimin, só para ser amável. Ele era bom para saídas cômicas, mas não tão dotado no departamento do aspecto físico. Sua família não tinha nada de especial... seu pai era médico ou algo assim. Colocariam os votos totais no jornal do colégio, e seria bastante embaraçoso para Jimin se ficasse em último ou se nem sequer conseguisse votos.

Por outro lado, seria legal se eu ficasse com o dobro de votos que o candidato mais próximo. Além do mais, Jimin me adorava. Um autêntico amigo iria querer que ganhasse o melhor. Essa era outra coisa que meu pai sempre dizia: Não seja bobo, Jungkook, não faça as coisas por amizade ou amor. Porque no fim o único que realmente ama você é você mesmo.

Tinha sete ou oito anos quando ele me disse isso pela primeira vez, e tinha perguntado:

– E para você, papai?

– O que?

– Você ama...? – Você me ama? – Nos ama. Sua família.

Ele me lançou um longo olhar antes de dizer.

– Isso é diferente, Jungkook.

Nunca voltei a perguntá-lo se me amava. Sabia que tinha dito a verdade da primeira vez.

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