Jarro Branco

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A Yamanaka mais velha conduziu a loira até a sala de estar e ficou lá, ao lado dela.

Ino não parecia nada bem, apenas encarava o nada e deixava bem nítido, com o olhar, que não estava feliz. Estar feliz nenhuma das duas estavam, mas a "mal falada" da história toda era a mais jovem, que quando finalmente pôs as mãos no controle do clã e se dedicou mais ao trabalho, foi derrubada por toda essa história. A senhora Inoichi entendia perfeitamente isso, sendo assim, não se deixava parecer mal perto da filha.

— Você sabia? — Ino sussurrou, encarando finalmente os olhos da mãe.

— Sabia, querida...

— E por que? — ela desviou o olhar, procurando um ponto aleatório.

— Pensamos que seria o melhor, achávamos que tudo se resolveria sem você sofrer atoa e... — antes de poder continuar, foi interrompida.

— Não, mãe... — a loira suspirou, tampando o rosto com as mãos — Por que eu e não qualquer outro?

— Me faço a mesma pergunta a todo momento... — a senhora Inoichi puxou, gentilmente, a filha para que apoiasse a cabeça no colo dela.

— Quem mais sabe? O Shikamaru sabe? Por que vocês não me falaram de uma vez!? Foi por causa daquele buquê de jacintos... não foi? — a intensidade da voz mudava conforme ela se pressionava para não chorar.

Mesmo tendo muitas perguntas para fazer, a tristeza falou mais alto e as lagrimas escorreram. Apesar de ser uma belíssima mulher, nestes momentos, Ino era vista pela mãe como uma garotinha com medo de algum pesadelo.

— Vai ficar tudo bem porque o Shikamaru já está cuidando de tudo, Choji e Sakura estão ajudando ele também... — a voz da mais velha tentava ser o mais tranquila possível, enquanto ela alisava os fios loiros com carinho — Pode me contar o que aconteceu?

— E-Eu fechei a floricultura, daí fui levada para um interrogatório e tinham várias e várias fotos dos meus clientes... — o choro a fez dar um soluço — As flores! Também tinham flores e... — outro soluço, dessa vez a forçando a respirar fundo antes de continuar — E se não fosse o Mozuku...

— Ino, se acalme! — a mãe apertou a bochecha dela, a impedindo de falar — Deve ter sido horrível, mas já passou... — ela voltou aos carinhos nos cabelos longos — Depois você me conta com calma o que aconteceu, tá?

A jovem Yamanaka balançou a cabeça de forma positiva, se deixando chorar mais um pouco até que se acalmasse sobre tudo. Os olhos azuis procuravam qualquer coisa para dispersar a mente, até notarem um arranjo em um canto escondido da sala.

— Mãe... — ela encarou a mais velha — Você quem fez esse arranjo?

— Sim, mas nem ouse falar que está feio, mocinha! — a senhora riu, já sabendo aonde aquilo iria parar — Eu posso não ter todo o seu talento com flores, mas esse arranjo foi feito dias atrás e ficou muito bonito.

— Ficou mesmo bonito — o comentário foi seguido de um sorriso meigo. Aqueles jarros brancos conseguiam trazer um sentimento de paz e tranquilidade — Ficou com saudades de mim?

— Claro que sim, Ino.

— Ficou preocupada por eu ter chego tarde hoje?

— Fiquei, filha...

— Preocupada quanto?

— Tanto que até fiquei na chuva esperando você! — a senhora Inoichi não aguentou e começou a rir. Aquelas perguntas eram um meio da mais nova se distrair, Ino sempre fazia isso, desde pequena.

— A senhora Yamanaka esperando na chuva por um misero mortal? Não acredito! — a mais nova riu, se sentando.

— E por que não!? — os risos só aumentaram.

— Porque até hoje eu nunca vi a senhora nem se quer despenteada! Imagine então com os sapatos sujos de lama ou a roupa respingada de água!

— Falando em respingos de água, você está encharcada! — a mulher se levantou — Já para o banho, mocinha! — e apontou em direção aos quartos.

— Sim, sim... — Ino também se levantou, acalmando os risos — Mãe... Sabe o que me faria ficar ainda mais feliz?

— Seu pai ver como você é uma menina grande e forte?

— Eu ia falar que comer um pudim me deixaria bem... — a loira suspirou, ficando com os olhos marejados de novo — mas eu também queria que ele estivesse aqui. — ela sorriu, dessa vez um tanto corada, e começou sua caminhada em direção ao banheiro.

— Seja onde ele estiver, tenho certeza de que tem muito orgulho de você, querida... — a senhora Inoichi sorriu — E eu vou fazer o seu pudim, mas não se acostume!

As risadas ecoaram de novo enquanto Ino subia as escadas.

A mais velha pegou o arranjo com cuidado e colocou de novo no centro da mesa. Mais do que nunca ele seria preciso naquela casa.

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NOTA:

Jarros Brancos, Copos-de-Leite e Callas Brancas são as mesmas flores.
Eu só quis mesmo fazer um trocadilho com o nome... ¯\_(ツ)_/¯

Crime das FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora