O passeio durante a noite conseguiu fazer com que as lagrimas de Ino parassem. As ruas vazias, o ar fresco, o silencio... aos poucos a Yamanaka estava calma mais uma vez, chegando a sorrir enquanto pensava em qual seria o "crime" que iria cometer contra o namorado.
Os pensamentos eram divertidos, ela imaginava-se cortando relações com ele... Claro, seria um blefe! Mas valeria para ver ele ajoelhado, pedindo desculpas e falando o quanto a amava na frente de todos. No fundo ela sabia que Sai não agiria assim, mas ao menos na imaginação dela, ele faria tudo aquilo para recuperar o namoro.
O sorriso é dissipado completamente, dando lugar aos olhos marejados mais uma vez. Todo o equilíbrio que ela havia conquistado com a caminhada noturna foi desestabilizado por um terremoto de sentimentos ruins com apenas uma cena, simples, mas incriminatória o suficiente:
Em uma rua onde todos os estabelecimentos já estavam fechados, um fugia à regra, a pequena loja de doces ainda estava com as luzes acessas e com dois clientes ainda lá. Uma garota sentada, com o rosto sendo apoiado por um rapaz enquanto ele olhava-a atentamente, pareciam estar nas vésperas de um beijo. Uma cena comum de um casal que perdeu a noção do tempo, Ino conseguiria até mesmo achar aquilo romântico, se o tal rapaz não fosse Sai.
Aquilo explicava as tulipas, explicava a falta dele no jantar, explicava muitas coisas que passavam pela cabeça da Yamanaka em uma velocidade alucinante. Ela se aproximou um pouco, olhar aquilo por alguns segundos foi o suficiente para destruir todos os sentimentos bons que ela nutria por ele desde quanto se conheceram.
— Ino? — A surpresa na voz de Sai fez com que a loira despertasse do transe envolvendo tantos pensamentos — Não era para você estar aqui... — até mesmo ele entendia que não deveria falar nada agora porque não adiantaria.
Depois de tentar balbuciar algumas palavras sem sucesso algum, a Yamanaka bate em retirada, só permitindo que as lagrimas pingassem quando já estava longe o suficiente para que ele não as visse. Agora ela estava abrigada embaixo dos cobertores da própria cama, estrategicamente camuflada e se permitindo chorar tudo o que precisava.
Naquela noite, Sai cometeu um crime de traição contra Ino e, em resposta, o crime que ela cometeu foi matar qualquer sentimento por ele, queimar todas as lembranças boas com o ódio que estava sentindo e omitir qualquer sinal de tristeza por isso, deixando somente a indiferença para o ex-namorado.
Foi uma noite que exigiu um árduo trabalho mental para lidar com tudo aquilo, mas valeu a pena!
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Os raios de sol iluminavam tudo e os pássaros cantavam com alegria, sem dúvidas, um belíssimo dia para recomeçar a vida depois de um assassinato. Ino sorria enquanto caminhava, mas dessa vez ela não estava em um passeio para se descontrair, a garota tinha um destino bem definido em mente e já havia se preparado para aquele momento.
— Camélias vermelhas significam reconhecimento... — a voz dela era baixa, enquanto o olhar passava sobre uma das lapides do cemitério — Eu ainda não consigo entender o motivo de todas as coisas que o senhor já fez, ainda fico chateada por vir aqui todos os anos no seu aniversário, mas... Reconheço você como um dos maiores heróis de Konoha... — ela suspira, se abaixando e colocando as flores com cuidado sobre o túmulo — E eu sou muito orgulhosa por ser sua filha, pai... — ela sorri — E algum dia, quero ser reconhecida assim como o senhor...
— Belas palavras — aquela voz arrastada podia ser reconhecida de longe...
— Shikamaru! — A loira olha para o amigo, um tanto surpresa.
— Imaginei que você fosse estar aqui hoje... — ele sorri de canto.
— E você, por que está aqui? — Ela se ergue, encarando o moreno a sua frente.
— O que estava fazendo ontem à noite? — Ele coloca as mãos atrás da cabeça, como se fosse uma pergunta normal.
— Nem queira saber! — A voz sai irritada.
— Vai ser problemático... — ele suspira, já imaginando o que viria.
— Acredita que aquele idiota do Sai, ele... Ele... — antes de começar a cuspir as acusações com raiva, ela se lembra das ações tomadas em relação ao ex. — ... morreu para mim. — Ela sorri de canto.
— Morreu para você? — Uma das sobrancelhas é erguida enquanto Shikamaru pergunta.
— Sim! — Ela sorri se virando de costas — Eu tenho mais o que fazer do que ligar para gente morta... — ela começa a caminhar, jogando o cabelo e se focando em ser a mesma Ino de sempre — Deveria passar na floricultura e comprar alguma coisa para a Temari, ela gosta de flores!
— Não foi só ele quem morreu ontem à noite... — o olhar de Shikamaru passa sobre o túmulo, notando as flores — Contradição é um saco... — ele suspira, vendo a amiga descer as escadas.
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Crime das Flores
FanfictionCrimes cometidos com flores torna a investigação de Sai algo difícil e doloroso de ser cumprido, principalmente porque todas as suas suspeitas apontam diretamente para uma Yamanaka em especial: sua namorada.