Cravos Roxos

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Mozuku precisava ser rápido, precisava pensar em alguma desculpa e precisava se livrar daquele lugar. Tudo o que passava por sua cabeça eram cenas em que Ino ria de sua desgraça... Não! Ele não poderia deixar algo assim acontecer! Ele quem iria da desgraçada dela!

E como faria isso?

Os amigos estavam empenhados em ajuda-la, Ibiki parecia estar sendo convencido pela verdade, Kakashi estava alheio o suficiente para declarar que até mesmo as flores eram inocentes.

E o que restava?

Sim... Oh, sim! O telão e o equipamento Yamanaka! Ino iria ser condenada pelo próprio clã!

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Sai tinha deixado a Srª Inoichi aos cuidados de Sakura em uma das salas. Certificou-se de que não era nenhum lugar assustador ou algo do tipo, não queria causar ainda mais mal-estar em ninguém. Agora, apressado, ele iria cuidar de uma outra Yamanaka...

Passos, corredores vazios, uma pequena corrida e mais passos, mais corredores... O percurso parecia ter dobrado de tamanho até que, finalmente, ele conseguiu avistar a grande porta da sala de julgamento. Perto dela, havia um grupo de jovens ninjas conversando, mas nenhum sinal de Ino.

— Está procurando pela Ino? — Choji notou o rapaz apressado e, ao receber um aceno positivo, continuou — Ela se escondeu em algum lugar, estava triste...

— Triste?

— Acho que ela não deve ter notado que somos proibidos de falar com ela... — Tenten parecia pensativa e um tanto culpada.

— Ela só deve ter ficado preocupada com a mãe — Hinata falou tão baixo que, caso não estivesse tudo tão silencioso agora, ninguém teria ouvido.

— A Ino só precisa de um tempo... — a voz de Shikamaru era tranquila — Quando recomeçar você chama ela.

Controlando todas as suas vontades de ir até a namorada e tentar a ajudar de alguma maneira a se sentir melhor, Sai apenas acenou positivamente e esperou junto com os outros.

Uma das regras era de que os envolvidos não poderiam falar absolutamente nada com a "plateia", nem mesmo durante o interrogatório, podendo ter até mesmo uma sentença caso isso acontecesse.

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Mais do que nunca, a jovem Yamanaka sentia-se uma florzinha roxa: a representação da solidão.

Seus amigos nem mesmo acenaram para ela, preferiram a ignorar. Talvez se não estivessem escondendo tudo dela desde antes, a chateação por conta disso não fosse tão grande agora. Ino imaginava que eles estavam diferentes e que se manteriam assim até mesmo depois de ela ser inocentada... Se fosse inocentada.

Sua mãe estava mal e foi amparada por uma das testemunhas mais importantes. Sem Sakura lá, falando que não era culpa dela, quem iria ajudar? Choji e Shikamaru eram bons amigos, mas não eram tão fundamentais quanto ela...

Kiba, um dos poucos que também poderiam ajuda-la, simplesmente sumiu! Foi junto com Ibiki para sabe-se lá onde fazer o interrogatório daqueles dois traidores. Tão traidores quanto Mozuku.

Tenten, Hinata, Lee e Shino, amigos que a ignoraram. Se não iriam ajudar, não iriam dar forças a ela, não iriam fazer nada, pra que foram lá!? Rir dela? Iriam ser como Mozuku, no fim das contas!?

... E se... E se todos fossem como Mozuku? E se todos estivessem prontos para a apunhalar pelas costas e esquecer lá?

DROGA!

Eram tantos pensamentos, tantos sentimentos, tantas coisas que estavam deixando Ino desnorteada e embaralhada. Tudo o que ela queria era chorar, coisa que ela tentou privar-se até o último momento. Havia prometido para si mesma que seria forte e teria que ser! Seus amigos a ajudando ou não, ela seria forte. Mozuku sendo pego ou não, ela seria forte. Sua mãe precisava que ela fosse forte. Sai... Foi por causa dele que ela aprendeu a ser forte.

Um pequeno sorriso brotou no meio de tantas e tantas lagrimas que escorriam junto com as dúvidas que eram geradas. Sai estava lá e iria ajudar ela! Mesmo tendo-a traído antes, ele iria ajuda-la, certo?

... Onde ele estava agora se não estava ali, ao lado dela?

O sorriso se desfez e mais lagrimas brotaram. Ino sentia-se como uma de suas flores quando tem suas pétalas arrancadas. Fica murcha, triste, curvada para o chão.

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Mozuku permaneceu sozinho naquela sala. Estava cheio de forças novamente e pronto para prender Ino em suas armadilhas, afinal, ele trabalhou anos e anos com Inoichi e sabia perfeitamente o que aquela aparelhagem era capaz de fazer, sabia como a mente funciona, sabia como enganar alguém.

Ibiki entrou quase derrubando as portas. Junto a ele entraram todos os outros que estavam do lado de fora, deixando apenas três lugares vazios: o de Ino, o de sua mãe e o de Kakashi.

Despreocupado, o rapaz preferiu ignorar a falta deles e continuar tramando detalhadamente seus passos. Ele sairia impune de lá, ele seria o inocente por mais que falassem o contrário!

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— Ino...

Aquela voz tão amável fez com que a garota olhasse ao seu redor. Quem iria ir atrás dela ali? Estava tão bem escondida em um canto da saleta que mais parecia uma cela em que havia estado antes.

— Mãe? — Os olhos azuis finalmente pararam de lacrimejar — Está melhor?

— Claro, não sou tão fraca assim, sabia? — A mais velha sorriu — Vamos? — Por fim, estendeu a mão para ela.

— Precisamos ir, a parte final vai começar...

Era a voz de Kakashi e vinha do corredor, ele sabia que ela estava lá o tempo todo? De qualquer jeito, ela precisava retomar a postura e seguir para a sua liberdade.

Crime das FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora