Acônitos e Desconfiança

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Novamente, Ino estava na saleta escura e desinteressante, esperando para mais uma enxurrada de perguntas de Ibiki. Ela sabia que haveria um julgamento e, como de praxe, haveria um interrogatório antes, ela só não esperava que o interrogatório anterior – que foi interrompido – não iria servir e um novo seria feito.

A loira não cansava de se perguntar como tudo aquilo estava acontecendo. No fundo, ela sabia bem, só não queria acreditar.

— Já começou a buscar perdão por todas as suas atrocidades? — Ibiki perguntou sombrio, olhando-a ainda da porta.

— Como...? — ela chegou a arquear uma sobrancelha.

— Mortes, mais mortes, ainda mais mortes e, por fim, dezenas de pessoas envenenadas ao mesmo tempo. Devo imaginar que estava guardando o seu melhor para o final, heim...

— Não sei do que está falando! — ela se levantou e apoiou as mãos na mesa, era a mesma insinuação que Sakura havia feito a ela.

— Óh, ela não sabe... — a voz saiu debochada, enquanto ele entrava na saleta e sentava-se calmamente à mesa — Basta olhar o relatório bem detalhado que a Haruno fez, tem várias mansões honrosas a você.

A Yamanaka suspiro e sentou-se. Ainda mantendo o olhar irritado, ela foleou página por página, lendo fragmento de todo aquele relatório detalhado. Na maior parte, notou ela, se tratava da explicação do veneno utilizado tanto nas mortes quanto sua versão mais "moderada" utilizado na contaminação dos pacientes do hospital. Estranhamente, eram poderosos demais para passar despercebido por tanto tempo.

— Já chegou na página vinte e três? É minha preferida! — novamente, o tom animadamente debochado de Morino fez com que a garota suspirasse para manter a calma — Nele fica bem claro como você fez tudo...

— Como eu fiz tudo? Eu fiz tudo!? — a voz vacilava entre raiva e surpresa, até mesmo ela estava curiosa em saber o que estava acontecendo e como a culpa poderia ser dela, rapidamente, foleou até chegar na tal página e começou a ler.

"É normal que plantas ornamentais sejam tóxicas e que isto seja de desconhecimento da população. Normalmente, uma intoxicação não causa nada além de mal-estar, enjoo, coceiras e inchaços no caso de adultos, excerto em plantas mais perigosas, como a Dieffenbachia Seguine – repleta de Oxalato de Cálcio em suas estruturas – e Aconitum Napallus – cujo princípio ativo é o Aconitina. "

Neste momento, Ino imediatamente ligou os pontos sobre as mortes e as plantas: ambas conseguem obstruir a garganta das pessoas, matando por asfixia. Ela só não entendia como eram mortes rápidas o suficiente para que ninguém fizesse algo.

— Só se forem ingeridas... — a jovem sussurrou, como se contestasse as informações contidas ali.

— Não precisa se gabar! — ao receber um olhar confuso, Ibiki continuou — É claro que a grande mente dos Yamanaka iria pensar em uma solução para isso, criando um veneno que só de ser inalado, mata em alguns segundos...

— Não faz sentido algum! — ela novamente se levantou — Se fosse assim, quem comprou as flores morreria na floricultura! Eu e minha mãe já estaríamos mortas, assim como todos do clã! — as palavras saíram raivosas.

Tudo o que o investigador fez foi ter uma crise de risos, um claro afronto para todas aquelas verdades.

— Com licença... — Mozuku pediu, adentrando a sala com alguns papéis na mão — Houveram mudanças drásticas no decorrer do julgamento. Ele será amanhã pela manhã.

— Eu não terminei ainda! — Ibiki rosnou, cessando as gargalhadas e olhando o rapaz.

— E não adiantaria terminar... É uma Yamanaka, não apenas uma ninja, ela é alguém com capacidades de dominar a própria mente e as dos outros, por isso, o Hokage pediu para que o julgamento fosse adiantado e contasse com a presença de outros Yamanakas que trabalham na FTIK¹.

— Vão usar aquela máquina? — o homem perguntou com sua raiva se esvaindo.

— Sim...

— E vai ser tudo transmitido?

— Para todos os presentes.

— Ótimo! Se tem algo melhor do que ouvir a confissão de assassinatos, é assistir todos eles comendo algo! — o mais velho se levantou — Vou ir preparar algumas perguntas especiais, não quero deixar nada escapar!

Tanto Mozuku quanto Ino poderiam jurar que o Morino, grandalhão e amedrontador, mais parecia uma criança eufórica e ansiosa para receber algum presente o qual esperou muito. Depois de serem deixados sozinhos naquela pequena sala escura, ambos se entreolharam.

— Foi o melhor que eu pude fazer... — o rapaz comentou tristemente.

— Tudo bem — ela sorriu — Já é mais do que meus amigos conseguiram fazer...

— Não fale assim, tenho certeza de que Sakura e...

— A testa de marquise fez questão de montar um relatório detalhado, colocando a culpa em mim! Aposto que Sai vai acreditar nela, aquele... Aquele...

— Seu namorado?

— Traidor! — ela rosnou — Shikamaru e Choji praticamente me deixam de lado, nem parecem os mesmos de antes! Só ficam comigo para me vigiar... Aposto que desconfiam de mim desde o começo e... — ela foi interrompida.

— E aqueles que estavam na sala do hospital? Hinata, se não me engano, assim como o time de taijutsu...

— Aposto que estão contra mim também, me culpando pela Tenten! — as palavras eram sinal de frustração, enquanto ela andava até a porta — Se ela sobreviver, aposto que também vai me culpar...

Notando o estado da amiga, se é que podia considerar ela assim, Mozuku foi até ela e a abraçou. Não eram como os abraços calorosos de Sai e muito menos os fortes de Sakura, era quase como o abraço de sua mãe, como se ele fosse um irmão mais velho...

— Vai ficar tudo bem...

— Promete? — ela tentava se manter forte, mas ser acusada injustamente já estava acabando com as forças dela.

— Prometo — ele a abraçou um pouco mais — Vou estar lá também, farei com que todos vejam a verdade — sorriu.

— Obrigada...

Crime das FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora