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A suposta doca não era exatamente uma doca, para o desgosto de Steve, e não havia um barco à
vista. Ele estava esperando um longo cais com passarelas de madeira e gaivotas, e meia dúzia de
barcos para escolher, cada um com uma despensa cheia de comida e camas macias. Ao invés
disso, ele achou uma pequena área à beira de uma lagoa acinzentada, isolada do oceano por um
paredão de pedras que não conseguia enxergar na escuridão. Havia uma plataforma pequena com
um timão de navio na ponta, provavelmente algum monumento idiota em homenagem ao oceano,
ou qualquer coisa, uma mesa bagunçada, um mofado colete salva−vidas pendurado no canto, uma
vez brilhante laranja agora um tom mostarda manchado. Nada maior que uma canoa jamais
ancoraria naquela doca; resumindo, uma droga.
Ótimo. Então como todo mundo fugiu da ilha, nadando?
Agora ele tinha que achar outra rota de fuga, e disse que encontraria Claire aqui. Ele não podia
apenas partir, mas também não queria ficar esperando.
Ele ainda podia abandonar ela.
Steve fez cara feia, chutando o maquinário enferrujado. Talvez ela fosse um pouco tagarela, um
pouco ingênua... mas ela tinha salvado sua vida, e ela querer ajudar um cara da Umbrella só
porque ele a tinha libertado – isso era... era bom, era uma coisa boa. Deixá−la para trás era errado.
Incerto sobre o que fazer em seguida, ele andou para o timão e o girou, surpreso com o quanto
suave ele girava, considerando o quanto ruim o resto da “doca” era –
– e com um baixo ruído mecânico, a plataforma abaixo dos pés dele se afastou abruptamente da
parte pavimentada e deslizou sobre a água, enquanto bolhas gigantes começavam a estourar na
superfície da água na frente dele.
Deus! Steve segurou o timão com uma mão, apontando uma das Lugers douradas para as bolhas.
Se for uma das criaturas da Umbrella, levaria chumbo –
– e um pequeno submarino emergiu da água como um peixe escuro de metal, a escotilha abrindo
convenientemente na frente dele. Uma escada de metal descia para o submarino aparentemente
vazio. Diferente do resto do local, o pequeno submarino parecia forte e bem cuidado.
Steve olhou para ele. Que droga é essa? Parecia uma atração temática de um parque de
diversões, tão estranho que não sabia o que pensar.
Seria mais estranho do que tudo o que eu vi hoje?
Observação feita. O mapa da mansão era vago, apenas algumas setas e as palavras doca e
aeroporto... e aparentemente você deve passear de submarino para chegar lá. A Umbrella era uma
companhia estranha.
Ele pisou na primeira barra da escada e hesitou, sua pele ainda vermelha por causa do último
desconhecido que enfrentou. Ele não preferia se afogar ao invés de cozinhar.
Ah, dane−se, só descobrirá tentando.
Novamente, observação feita. Steve desceu a escada e quando saiu dela, acionou uma placa
sensível no piso. Acima dele, a escotilha fechou. Ele rapidamente pisou na placa de novo e a
escotilha abriu. Ao menos era bom saber que não sufocaria.
O interior do submarino era bem simples, tão grande quanto um banheiro grande, com uma escada
tipo marinheiro no meio. Havia um pequeno banco na lateral, nada atrás e uma mesa de controle
na frente.
“Vamos ver o que temos aqui”. Steve murmurou, indo para os controles. Eles eram
riduculosamente simples, uma única alavanca de dois níveis – a alavanca estava para cima, marcando “principal”. A parte de baixo estava marcada “transporte”, e Steve sorriu, impressionado
por ser tão fácil. Isso é que é “fácil de usar”.
Ele pisou na placa sensível de novo para fechar a escotilha, imaginando se Claire ficaria
impressionada com sua descoberta enquanto abaixava a alavanca. Ele ouviu um suave barulho
metálico e o submarino começou a se mexer, descendo. Havia uma única janela, mas estava
escuro demais para ver algo além de bolhas subindo.
O passeio anticlimático estava acabado em dez segundos. O submarino parecia estar parando e
ele ouviu um barulho agudo e metálico vindo da escotilha, como se estivesse raspando em algo –
certamente não era um barulho do ambiente aquático.
Yeesh. Era como aqueles aquários em que você anda num túnel vendo os peixes. Ele nunca
gostou dessas coisas, achando fácil demais o vidro quebrar enquanto um tubarão estiver
passeando pelo local... ou algo pior.
Suficiente. Steve saiu no corredor e andou, fazendo duas curvas, olhando deliberadamente para
frente. Foi a primeira vez desde o ataque à ilha que se sentiu tenso de verdade. Nem tanto
claustrofobia como medo primário, como algo surgindo na água escura vindo na direção do vidro,
um animal ou outra coisa – uma mão pálida, talvez, ou um rosto branco morto pressionado contra o
vidro, sorrindo para ele –
Ele não podia fazer nada. Ele saiu em disparada, e quando chegou na porta que aparentemente o
tirava daquele ambiente, chamou a si mesmo de marica, mas estava vastamente aliviado.
Ele abriu a porta – e viu dois, três... quatro zumbis ao todo, e todos eles bem animados com sua
presença. Cada um deles virou e começou a mancar até ele, os farrapos de suas roupas –
uniformes da Umbrella sem dúvida – pendurados em seus braços esticados. Havia um cheiro de
peixe morto.
“Unnnh”. Um deles gemeu, e os outros o acompanharam, os gemidos suaves de certo modo, meio
tristes e perdidos. Considerando o que a Umbrella o tinha feito passar, ele não sentia compaixão.
Nem um pouco.
A sala era dividida ao meio por uma parede, os três zumbis da esquerda incapazes de ver o
solitário da direita... ou talvez podiam, ele pensou, olhando melhor. Cada um dos três tinham olhos
que pareciam brilhar um estranho vermelho escuro. Eles o lembraram de um filme que viu uma
vez, sobre um homem com uma super visão raios−X, que via todo tipo de coisa.
Acho que nunca veremos o que eles vêem. Steve mirou no mais próximo, fechou os olhos e bam,
um limpo buraco aparecendo em sua testa cinza−esverdeada como mágica. Os olhos vermelhos
da criatura pareciam apagar enquanto caia de joelhos, depois de cara no chão, sploosh. Grosseiro.
Os companheiros do zumbi nem perceberam e continuaram vindo. O avanço do solitário foi
interrompido por uma mesa; ele continuou andando assim mesmo, aparentemente sem saber que
não iria a parte alguma.
Steve derrubou o próximo igual ao primeiro, com um único tiro, mas por algum motivo não sentiu
nada de mais com isso. Atirar neles daquele jeito não o incomodava quando estava na prisão –
depois pareceu bom e até poderoso; ele ficou preso lá o bastante para deixá−lo de saco cheio, e
ter algum controle de novo parecia com o natal, como um ótimo e grande presente de natal que
aguardou o ano inteiro, como ele costumava esperar...
Cale a boca. Steve não queria pensar nisso, era besteira. Ele não sentia mais vontade de bater
palmas toda vez que derrubava um deles, e daí? Isso só queria dizer que ele estava ficando
entediado.
Ele apressadamente atirou nos últimos dois, os tiros parecendo mais altos do que antes,
praticamente ensurdecedores. Uma rápida vasculhada por algo útil – se clips de papel e xícaras
sujas de café fosse úteis, ele estaria bem – e já estava pronto para seguir em frente. Havia duas
portas na parede de trás, uma de cada lado da sala; ele escolheu a da esquerda. Ele leu uma vez
que dada uma escolha, a maioria das pessoas escolhia a direita.
Depois de verificar a munição, ele passou por um grande aquário que dominava a parede esquerda
da sala e cuidadosamente abriu a porta, captando o máximo que podia com uma única olhada.
Escuro, cavernoso, cheira água salgada e óleo, nenhum movimento. Ele cruzou a porta, varrendo o
local com a Luger –
– e gargalhou, uma corrente de pura alegria lavando seu sistema enquanto sua risada ecoava de
volta para ele. Era um hangar aquático, e havia um baita avião aquático bem na sua frente. Grande
para ele, pois só tinha pilotado um daqueles jatos particulares.
Profundamente agradecido, Steve andou até o avião, parado logo abaixo da plataforma gradeada sob seus pés. Ele era um piloto inexperiente, mas achava que sabia o suficiente para não cair.
Primeiro as prioridades, entrar no avião e checar o combustível, condições gerais, aprender os
controles...
Ele parou na beira da plataforma e olhou para baixo, franzindo. Ele estava a pelo menos três
metros acima da escotilha, e parecia estar bem trancada.
Havia um maquinário à sua esquerda, alguns painéis acesos. Steve andou e olhou para eles,
sorrindo ao ver o controle para ligar a plataforma de acesso. O sistema também devia abrir a porta
do avião, de acordo com o pequeno diagrama.
“Presto”. Ele disse, apertando o botão. Um alto som mecânico soou no gigante hangar, fazendo ele
recuar, mas parou depois de alguns segundos, assim que a plataforma para dois subiu até a beira
da plataforma.
Ele pisou na plataforma, estudou o painel de controle – e começou a xingar, cada palavra ruim que
podia lembrar, duas vezes. Ao lado dos três espaços em forma de hexágono estava escrito “insira
as peças aqui”. Sem as peças, sem energia.
Elas podiam estar em qualquer lugar da maldita ilha! E quais as chances das três estarem juntas?
Ele respirou fundo, se acalmou um pouco, e passou os minutos seguintes tentando entender como
os controles do avião estavam conectados com o resto do sistema, procurando um jeito de evitar
as peças. E depois de um cuidadoso e pensativo debate, ele começou a xingar de novo. Quando
finalmente cansou disso, rendeu−se ao inevitável.
Steve virou e começou a vasculhar a área, olhando em cada rachadura, formulando teorias sobre o
paradeiro das peças hexagonais enquanto corria as mãos sobre os maquinários sujos de poeira e
graxa – e decidiu que iria dançar sobre todos os ossos do próximo funcionário da Umbrella que
matar, só por ter trabalhado num lugar tão complicado. Chaves, emblemas, peças e submarinos;
incrível como conseguiam fazer alguma tarefa.
O contaminado estava usando um avental de laboratório e sua mandíbula estava perdida por aí;
ele gargarejava e cuspia horrivelmente, sua língua batendo fracamente contra o pescoço. Claire
não sabia se era homem ou mulher, apesar de achar isso desnecessário. Por mais patético e
revoltante que era a visão, ela o tirou de sua miséria com um único tiro na têmpora, e depois
vasculhou a área – escritório/inventário – antes de voltar para o corredor, desencorajada com sua
falta de sucesso. A porta que abriu depois de sair da mansão, dava num grande pátio de terra e
totalmente utilitário – mais parecido com o presídio do que com a mansão, apesar de não saber do
que o local se tratava depois de ter vasculhado algumas salas; algum tipo de local de teste, talvez,
ou um campo de treinamento para guardas e soldados.
Talvez um prédio construído para acabar com as esperanças, ela pensou, olhando para a porta de
entrada. Ela tinha entrado há uns dez minutos, esperando que Rodrigo não estivesse morto, que
Steve tivesse achado um barco, que o Sr. Psicopata Ashford e sua irmã não estivessem
planejando explodir a ilha – e em apenas dez minutos todas essas esperanças dançaram. Tudo o
que ela realmente queria era um frasco de remédio, porque assim estaria a um passo de partir.
Ela tinha tentado o andar de cima primeiro, tendo um pequena e empolgante aventura que levou
alguns anos de sua vida. Tudo o que achou lá em cima foi um pequeno e trancado laboratório com
um monte de vidro quebrado no chão, do que parecia ser um dos tanques de contenção. Ela viu
tudo isso através de uma janela de observação, e estava para partir quando um pobre cara
ensangüentado vestindo uma roupa especial se jogou na janela. Foi seu último ato; a roupa não
tinha ajudado muito, sua cabeça praticamente explodiu, manchando o interior do capacete com
sangue. Isso não fez muito bem para o coração dela, quase a matando de susto, e para acabar
com a experiência do andar de cima, uma porta de emergência deve ter sido acionada pelo cara e
ela praticamente teve que rolar as escadas para não ficar presa.
Whee.
Ela já matou nove zumbis até agora, três deles com aventais de laboratório, e nenhum algodão
sequer. Nada no vestiário – e ela procurou em praticamente cada dos armários, revirando cuecas e
pornografia – nada na pequena e estranha sala de banho, nadica de nada.
Ela tinha pensado que uma companhia farmacêutica deveria ter alguns remédios em algum lugar,
mas isso parecia improvável no momento.
Claire voltou para o corredor que levava a outro pátio. Ela esperava achar algo para Rodrigo sem
ter que deixar o prédio, mas não tinha jeito.
Se eu me perder, é só seguir a trilha de corpos, ela pensou, andando rapidamente pelo corredor. Não era engraçado, mas ela não se sentia politicamente correta no momento. Ela estava ficando
sem munição, também, o que a fez menos inclinada a ter uma mente positiva.
Ela saiu do relativo calor do corredor para o pátio enevoado, o cheiro do oceano permeando na fria
e cinza noite. Um pequeno foco de incêndio ardia contra uma parede. O complexo de Rockfort
inteiro era estranho, ela pensou, uma mistura de novo e velho. Não eficiente, mas interessante; o
pequeno pátio era pavimentado com pedras, definitivamente não era recente –
Claire congelou. O fino feixe vermelho de uma mira laser fatiou a neblina mais adiante, vindo de
cima na direção dela. Era uma sacada acima dela, a escada de acesso contra a parede leste.
Escada, se esconda!
Foi tudo o que ela teve tempo de pensar antes que o ponto vermelho passasse pelo seu peito. Ela
se atirou dali assim que o primeiro tiro cortou o ar, enterrando−se numa fonte miniatura de
estilhaços de pedra.
Ela rolou e ficou de pé e correu para a escada, o feixe vermelho balançando para lá e para cá,
tentando achá−la. Bam, um segundo tiro, não acertou, mas passou perto o bastante para ouvi−lo
cortando o ar, um som como o de uma mosca. Ela reparou no atirador antes de se esconder atrás
da balaustrada de pedra da escada, não surpresa ao ver o cabelo loiro e o casaco vermelho com
detalhes dourados.
Ela estava mais brava do que assustada. Depois de tudo o que passou não aprendeu a ser mais
cuidadosa – e quase foi morta por um maluco elitista esquisito como ele.
Isso acaba agora. Claire levantou a arma acima da mureta de pedra e atirou duas vezes na direção
de Alfred. Ela foi imediatamente recompensada com um grito de surpresa. Não é tão bom quando
os animais retornam fogo, não é?
Pronta para aumentar a surpresa dele, Claire subiu três degraus e arriscou olhar para por cima da
mureta – só para vê−lo cruzar a porta da parede oeste.
Ela subiu a escada e correu atrás dele, passando pela porta e descendo o corredor iluminado pela
lua, dutos de luz fria gentilmente perfurando as sombras. Não era uma decisão consciente
persegui−lo, ela apenas o seguiu, não querendo cair em mais uma de suas emboscadas. Ela podia
ver o que parecia ser uma máquina de refrigerante no fim do corredor, ainda podia ouvir seus
passos correndo –
– e ouviu uma porta bater antes de alcançar o final do corredor, uma pequena área com duas
velhas máquinas de venda e duas portas para escolher.
Claire hesitou, olhando para cada porta – e colocou as mãos nos joelhos para recuperar o fôlego,
desistindo da perseguição. Com sua experiência, ele estaria de pé atrás de uma das portas,
esperando ela passar.
Pega de bobeira. Não seria uma grande vitória. Com alguma sorte, ela estaria deixando a ilha em
breve, Alfred Ashford apenas uma lembrança ruim.
Depois de um momento, ela se ergueu, indo verificar as máquinas de venda – uma de aperitivos e
a outra de bebidas. Ela percebeu de repente que estava faminta e sedenta. Quando foi sua última
refeição?
As máquinas estavam quebradas, mas alguns chutes fortes resolveram o problema; a maioria era
besteira, mas havia algumas embalagens de nozes e latas de suco de laranja. Não exatamente um
jantar, mas considerando as circunstâncias, uma abundante boquinha. Ela comeu rapidamente,
guardando alguns pacotes no colete para mais tarde, sentindo−se mais concentrada quase que
imediatamente.
Bom... porta número um ou porta número dois? Minha mãe mandou – a porta cinza, à direita do
corredor. Ela duvidava que Alfred tivesse paciência para ainda estar esperando, mas não deixou de
ter cautela só por precaução, abrindo a porta com o cano da 9mm.
Claire relaxou. Uma pequena e aconchegante sala, dois sofás, uma antiga máquina de escrever na
mesa e um grande e empoeirado baú no canto. Parecia bem seguro; Alfred deve ter ido pela porta
número um. Ela entrou para vasculhar, atraída para um conjunto de objetos no sofá, uma bolsa
amontoada entre os outros itens, que incluía duas agulhas novas e uma seringa, uma caixa de
fósforos à prova d´água, meia caixa de munição de 9mm – e um pequeno frasco pela metade do
mesmo hemostático que Rodrigo estava precisando, exatamente o que estava procurando. Havia
outros itens curiosos no kit de sobrevivência improvisado, uma caneta, uma pequena chave de
fenda, uma camisinha... ela rolou os olhos, sorrindo. Interessante o que algumas pessoas
consideravam uma necessidade. O sorriso dela sumiu quando reparou nas marcas de sangue na
bolsa, mas ainda se sentia melhor do que nos últimos dias. Ela abasteceu a bolsa e a amarrou na cintura, transferindo algumas coisas de seus bolsos cheios.
Ela mau podia acreditar em sua sorte. O remédio era sua maior preocupação, e foi um alívio maior
achar mais munição. Até um único pente de balas seria bem vindo.
O resto da busca na sala terminou em nada. Ela sentia que o fim estava próximo, um fim para essa
terrível e horrorosa noite.
Volte para a prisão, dê o remédio para Rodrigo, depois veja se Steve teve sorte em encontrar uma
carona pra casa, ela pensou feliz, saindo da sala. Foi um passeio difícil, mas se comparado a
Raccoon, isso era um piquenique –
O pesado chacoalho da porta metálica fechando a envolveu, seu momento de alegria dissipado
enquanto o corredor, sua saída, era bloqueada com um estrondo.
Não! Claire correu para a porta de enrolar metálica, batendo nela com os punhos, já sabendo que
não havia chance. Ela estava presa, a única possibilidade de escapar residindo na porta que ainda
não havia tentado. A que Alfred tinha escolhido.
“Bem−vinda, Claire”. Uma voz soou, esnobe e pretensiosa como antes, com o mesmo falso tom.
Havia um alto−falante acima das máquinas, no canto superior da área.
Olá, Alfred, ela pensou com tristeza, não querendo dar o gostinho de raiva e medo para ele. O
complexo inteiro devia ter circuito sonoro. Ela foi burra por não ter pensado nisso, só porque não
via uma câmera, não significava que não existia uma.
“Você está prestes a entrar num parque de diversões especial, nada grande,”. Alfred continuou. “e
tem um amigo meu que eu gostaria muito de apresentá−la; acredito que vocês se divertirão juntos”.
Fantástico, mal posso esperar.
“Não morra cedo, Claire. Eu quero me divertir”.
Ele deu aquele insano, irritante e forçado cacarejo, e parou.
Claire olhou vaziamente para a porta que deveria usar, pensando nas opções. Provavelmente foi a
melhor coisa que Chris já lhe ensinou, que sempre havia uma escolha, independente do perigo, e
pensar nas alternativas causava um efeito tranqüilizante.
Eu posso me esconder na sala ao lado, viver de petiscos e refrigerante enquanto eu espero a
Umbrella aparecer. Eu posso sentar aqui e rezar para que uma amigável equipe venha me
resgatar. Eu posso tentar passar pela porta de aço, ou por uma das paredes... com aquela chave
de fenda e alguns arranhões nos cotovelos, eu posso fugir daqui a 10.000 anos. Eu posso me
matar. Ou eu posso passar pelo parquinho do Alfred, ver o que tem lá.
Havia um número de variações, mas ela achou que resumiam bem a situação... e apenas uma
delas fazia algum sentido.
Tecnicamente, nenhuma delas fazia sentido! Parte dela gritou. Eu devia estar em meu dormitório,
comendo pizza fria e estudando para alguma prova!
Objeção anotada, ela pensou secamente, pegando um pente de balas cheio em sua nova bolsa,
colocando outro em seu sutiã para acesso rápido. Era hora de ver o que Alfred e seus
subordinados tinham aprontado por lá, ver se a Umbrella tinha finalmente encontrado a fórmula
perfeita para seus guerreiros bio−orgânicos.
Claire foi até a porta e parou, imaginando se deveria entrar na batalha com algum profundo
pensamento sobre sua vida, ou amor, imaginando se estava pronta para morrer... e decidiu que
poderia se preocupar com isso mais tarde. Se não houver um mais tarde, ela não precisaria se
preocupar com isso, não é?
“Deus, eu sou esperta”. Ela murmurou, e empurrou a porta antes que perdesse os nervos.

Resident evil 6# Código Verônica Onde histórias criam vida. Descubra agora