Não havia um palavrão forte o bastante para expressar precisamente seu terror. Claire largou a
inútil arma instantaneamente e correu, desviando para a direita, não querendo ser encurralada no
canto, sem acreditar que tinha esquecido de conferir a arma. havia seis ou sete caixas empilhadas
do lado direito da porta da cabine, mas sem cobertura lá, em ambos os lados; a criatura iria
encurralá−la.
Vai vai vai!
Enquanto ela corria ao lado da parede direita, a enorme criatura virava lentamente para
acompanhá−la, ela tirou a 9mm do cinto e a destravou sem olhar, com medo de perdê−lo de vista.
Ele andou para ela sobre suas troncudas pernas, totalmente concentrado nos passos dela.
A área de carga não era tão grande, talvez dez metros comprimento por três e meio de largura. Ela
logo chegou na traseira do avião, o vento gelado subitamente puxando−a tentando sugá−la para as
nuvens. Agachando, tentando não tropeçar, Claire cruzou o espaço aberto e alcançou a outra
parede, agarrando um pedaço torto de metal com seus dedos trêmulos.
A criatura estava a quase seis metros de distância. Claire segurou na parede, esperando ele
chegar mais perto antes de correr de novo. Pelo menos era lento, mas ela precisava pensar em
algo, ela não podia ficar andando em círculos.
Ela estava de olho na criatura, podia vê−la claramente... mas o que aconteceu depois foi algum
tipo de ilusão ótica. Ele abaixou sua cabeça um pouco e –
– e de repente estava a um metro e meio, a distância coberta em menos de uma fração de
segundo, e estava descendo seu braço direito, partindo o ar com um whoosh, as facas brilhando –
Claire não pensou, ela correu, seu estômago de repente na garganta, seu próprio movimento
desapercebido. Por um segundo ela foi apenas um corpo, agachando e correndo – e então estava
do outro lado do avião, perto das caixas, olhando para a criatura que virava devagar.
Ah, que se dane! O avião sobreviveria a alguns buracos, ela abriu fogo, mandou oito balas de 9mm
na direção do peito dele – e acertou todos. Ela viu buracos aparecerem perto de onde seu coração
estaria se fosse humano, nenhum sangue exceto a exposição de um tecido escuro e úmido,
formando um inchaço esponjoso em torno dos ferimentos. A criatura parou onde estava – e andou
novamente depois de dois segundos, um lento passo depois do outro, seu objetivo inalterado.
Uma facada de pânico a acertou, tenho que dar o fora daqui, ele vai me matar, Steve, talvez outra
arma –
Não, ela não podia, e não iria ajudar, apenas tornaria as coisas piores. O Mr. X tinha sido
programado para um único propósito, obter uma amostra do vírus; ela suspeitava que essa criatura
estivesse especificamente atrás dela, e se ela deixasse a área, a criatura rasgaria a porta, matando
ela e Steve. Ao menos assim, ele terá uma chance. E a 9mm era o maior poder de fogo a bordo –
se ele agüentava oito balas no peito, outra arma não faria diferença.
Tente tiros na cabeça, como no monstro de braço comprido.
Ela podia tentar, mas sentia que algo que não sangrava provavelmente não ficaria cego. Seus
olhos eram estranhos, talvez nem fossem usados para visão... e também tinha o fato de estarem
num avião em movimento, um que balançava e tremia; sem chão firme, como ela iria mirar?
Tudo isso passou em sua mente em um segundo e já estava andando de novo, indo para a parte
traseira mais uma vez – com medo de correr, com medo de ficar parada, imaginando quanto tempo
restava antes dele correr de novo e o que ela faria depois –
– e ele abaixou a cabeça como antes e, de novo, o corpo de Claire reagiu, mas uma idéia estava
se formando, também. Ela saiu da parede e correu para ele, angulando seu trajeto, se não
funcionar, estarei morta –
– e ela sentiu o frio de sua estranha carne quando passou correndo por ela, passou tão perto que
pode sentir o cheiro podre. E então ambos estavam em lados opostos, ele virando lentamente,
mecanicamente. Tinha funcionado, por pouco; um centímetro mais perto e um passo mais devagar,
já estaria acabado.
Armas não funcionavam, ela não podia fugir, então era a criatura que devia ir, mas como? A
correnteza de ar na abertura era forte, mas não sugaria a pesada monstruosidade... ela tinha que
tirar seu equilíbrio, talvez atraí−lo até a abertura e desviar, ela não era forte o bastante para
empurrá−lo...Pense, droga! Ele começou a ir na direção dela de novo, um passo, dois. Ela olhou em volta o
bastante para examinar o chão perto da abertura, procurando algum que possa fazê−lo tropeçar,
talvez um trilho hidráulico –
O trilho hidráulico.
Usado para empurrar caixas pesadas até a comporta, para carga e descarga. De fato, duas caixas
vazias estavam na plataforma metálica no início dos trilhos, do lado direito da porta da cabine, os
controles do lado esquerdo.
Muito devagar, não tem jeito. Talvez devagar por estar carregando muito peso; se houvesse
apenas um contêiner vazio ou dois, a que velocidade iria? Ela tinha que ver os controles, tinha que
–
Houve um movimento borrado, e a massa de espetos estava indo na direção da cabeça dela.
Claire pulou para frente, mas não foi rápida o bastante. Os espetos não há pegaram, mas seu
braço sim, batendo dolorosamente em sua orelha, levando−a ao chão.
Instantaneamente, a criatura ajoelhou e desceu o braço direito, mas ela já estava em movimento,
rolando assim que caiu no chão. As lâminas da mão acertaram o chão e faíscas voaram, a criatura
gritando de raiva enquanto Claire ficava de pé, tentando não reparar nos pontos pretos que
cruzavam a sua visão e no assobio de sua audição. Ela correu até os controles enquanto a criatura
ficava de pé, seus movimentos novamente mecânicos, tão sem emoções quanto furioso há alguns
segundos.
Alguns passos largos e estava olhando para o simples painel de controle, liga/desliga, teclado
numérico para especificar o peso, botões para frente e para trás, um pequeno visor, e
desligamento de emergência. Claire apertou o botão de ligar, digitando o peso máximo que podia,
pouco menos de três toneladas.
Ela olhou para a criatura, ainda a uma distância segura, e viu que estava a um ou dois passos de
ficar diretamente no caminho da plataforma. Sua mão pairou sobre o botão azul de acionamento,
que mandaria a carga através do compartimento a uma incrível velocidade. Alguns quilos de caixa
onde três toneladas eram previstas, iria bater na criatura como um taco de golfe.
Quase... quase... agora!
Quando a criatura ficou quase que diretamente na frente dos trilhos, Claire apertou o botão – e
nada aconteceu, absolutamente nada.
Droga! Ela mexeu no interruptor de novo, talvez não o tivesse ligado – e viu o que estava no visor,
e gemeu alto e apertado. As simples instruções diziam, “Carregando – espere o sinal”.
Bom Deus, quanto tempo vai demorar?
A criatura ainda estava a seis metros de distância, andando quase que totalmente ao longo dos
trilhos. Ela pode não ter melhor chance, porque outro golpe poderia muito bem significar sua morte
– mas se ficasse onde estava e a criatura a alcançasse antes que a plataforma fosse carregada,
ela ficaria encurralada e seria esmagada contra a porta da cabine.
É melhor correr.
É melhor ficar.
Claire hesitou um pouco demais, e a criatura moveu−se de novo. O monstro ia para ela como um
desastre natural e era tarde demais, sem tempo para virar e entrar na cabine –
– ping!
– e ele desceu sua mão esquerda cheia de espetos assim que Claire apertou o botão, seus olhos
fechando, certa de que o mundo desapareceria numa nevasca de dor –
– e a criatura se afastava dela, rosnando, as caixas vazias tirando−o do chão, empurrando−o para
longe. Antes que pudesse aceitar que o plano tinha funcionado, a criatura usou uma de suas
incríveis explosões de velocidade e ficou na frente das velozes caixas, o suficiente para começar a
contê−las –
– mas Claire não esperou para ver quem era mais forte. Ela abriu fogo de novo, duas, três balas
acertando−o na cabeça, sem causar danos – conseguindo distraí−lo. A criatura lutou durante outro
meio segundo, e então ele e as duas caixas sumiram, mergulhando no céu.
Claire olhou para os jatos de atmosfera passando por um tempo, sabendo que deveria sentir−se
aliviada – que tinha matado o monstro, que tinha sobrevivido a outro desastre da Umbrella, que
finalmente, finalmente estavam a salvo... mas ela foi chacoalhada, qualquer possibilidade de sentir
fortes emoções lançada pela comporta junto com o grandalhão Mr. X.
“Por favor, que esteja acabado”. Ela disse suavemente, e virou e abriu a porta da cabine.
Enquanto subia os dois degraus da área dos pilotos, Steve olhou para ela, franzindo. “O que aconteceu? Tá tudo bem?”.
Claire acenou, sentando ao lado dele, completamente acabada. “Tá. Marque mais um ponto para
os mocinhos. Ah, a comporta da área de carga se foi”.
“Você tá brincando?”. Steve perguntou.
“Não”. Claire disse, e bocejou amplamente, de repente tomada pelo cansaço. “Ei, eu vou
descansar meus olhos por um minuto. Se eu dormir, me acorde em cinco minutos, tá?”.
“Claro”. Steve disse, parecendo confuso. “A comporta se foi”.
Claire não respondeu, o escuro já convocando ela, seu corpo derretendo no assento...
... e então Steve estava balançando ela, repetindo seu nome várias vezes.
“Claire! Claire!”.
“Que foi”. Ela murmurou, certa de que não tinha dormido enquanto abria os olhos, imaginando
porque Steve a torturaria desse jeito – até que viu suas expressões, e um trovão de alarme a
sacudiu, acordando−a.
“O que, o que foi?”. Ela perguntou, melhorando a postura.
Steve parecia muito preocupado. “Há um minuto, nós mudamos de direção e os controles travaram
de repente”. Ele disse. “Eu não sei o que é, não temos rádio, mas todo o resto parece estar
funcionando bem – exceto por não conseguir virar e mudar a altitude e a velocidade. Parece estar
travado no piloto automático”.
Antes que ela pudesse dizer algo, houve um som de estática vindo de um monitor instalado perto
do teto. Linhas flutuantes se espalharam pela tela, mas quando a imagem apareceu, estava clara o
bastante.
Alfred!
Parecia que ele também estava voando, preso no primeiro assento de um caça a jato, ou algo
similar. Ele ainda tinha restos de maquiagem no rosto, seus olhos contornados de preto, e quando
falou, foi com a voz de Alexia.
“Minhas desculpas,”. Ele rugiu. “mas eu não posso deixá−los escapar agora. Parece que vocês
escaparam de outro de meus brinquedos – malvados, malvados”.
“Maluco travestido”. Steve repreendeu, mas Alfred não ouviu ou não se importou.
“Aproveitem o passeio”. Alfred disse, cacarejando, e com um zumbido final de estática, o monitor
ficou em branco.
Claire olhou para Steve, que olhou sem resposta, e ambos olharam para o mar de nuvens, olhando
silenciosamente enquanto os primeiros raios de luz surgiam.
Steve estava sonhando com seu pai quando começou a acordar, com medo por algum motivo, o
sonho indo embora enquanto lembrava de onde estava. Claire soou sonolenta no fundo da
garganta e se aconchegou mais perto, sua cabeça contra seu ombro esquerdo, sua respiração
quente em seu peito.
Oh, Steve pensou, com medo de se mexer, não querendo acordá−la. Eles tinham adormecido lado
a lado contra a parede da cabine, e aparentemente tinham se aproximado em dado momento. Ele
não tinha idéia de quando foi isso, ou quanto tempo tinham dormido, mas ainda estavam voando, a
luz do sol ainda atravessando as janelas.
Eles tinham conversado por um tempo depois que Alfred tomou controle do avião, mas não sobre o
que iriam fazer depois que seu seqüestro terminasse. Claire respondeu, já que não havia nada que
pudessem fazer, não havia motivo para se preocupar. Ao invés disso, eles comeram – Claire tinha
pego alguns pacotes de nozes das máquinas automáticas, coisa que fez Steve eternamente grato
– e fizeram o possível para se limpar usando uma garrafa de água, e depois conversaram. De
verdade.
Ela contou sobre ter ido para Raccoon City procurar Chris, e tudo o que aconteceu lá, e tudo o que
sabia sobre a Umbrella e o tal espião Trent... e ela falou sobre um monte de outras coisas,
também. Ela estava na faculdade, era dois anos mais velha que ele, e pilotava uma moto, mas
provavelmente desistiria por ser muito perigoso. Ela gostava de dançar, então gostava de dance
music, mas também gostava de grunge, achava política chata e sanduíche era sua comida favorita.
Ela era totalmente, incrivelmente legal, a garota mais legal que já tinha conhecido – e melhor, ela
estava interessada no que ele tinha a dizer. Ela riu com muitas de suas piadas, achou legal ele ser
corredor, e quando ele falou sobre seus pais, ela ouviu sem ficar incomodada.
E era tão esperta e bonita...
Ele olhou para ela, para seu cabelo desarrumado e longas mechas, seu coração batendo mesmo tentando relaxar. Ela se moveu de novo, sua cabeça caindo um pouco para trás – e seus lábios
levemente abertos estavam perto o bastante para ele beijá−los, tudo o que precisava fazer era
abaixar o rosto alguns centímetros, e queria tanto que começou a fazê−lo, abaixando sua boca na
direção da dela –
“Mmmm”. Ela murmurou, ainda totalmente adormecida, e ele parou, recuando, seu coração
batendo ainda mais rápido. Ele queria, mas não daquele jeito, não se ela não quisesse. Ele pensou
que ela queria, mas ela também falou um pouco sobre seu amigo Leon, e ele não tinha certeza de
que eram apenas amigos.
Sentindo−se torturado, tê−la tão perto, mas não para si, ele ficou aliviado quando ela se afastou
segundos depois. Ele ficou de pé, esticando as pernas, e andou para frente do avião, imaginando
se o tanque de combustível reserva estava sendo usado, o pensamento de ter que lidar com
aquele Ashford maluco de novo estava consumindo seus pensamentos positivos. Ele esperava que
Claire dormisse mais um pouco, ela estava muito cansada –
– até ver o que estava do lado de fora, e ler o destino, perceber que a altitude tinha caído
consideravelmente. O avião estava começando a arremeter um pouco. No mapa ao lado da
bússola, estava uma latitude−longitude aproximada de sua posição.
“Claire, acorde! Você tem que ver isso!”.
Alguns segundos depois ela estava ao seu lado, esfregando os olhos – os quais abriram bastante
ao olhar pela janela. Havia neve estendendo−se até onde podiam ver.
“Estamos sobre a Antártida”. Steve disse.
“No Pólo Sul?”. Claire perguntou, incrédula. Ela agarrou o assento do co−piloto enquanto o avião
subia e descia. “Pingüins e baleias assassinas, e tudo mais?”.
“Eu não sei sobre a vida selvagem, mas estamos na latitude de 82.17 Sul”. Steve disse.
“Definitivamente o fundo do mundo. E não tenho certeza, mas acho que estamos para pousar.
Estamos perdendo velocidade”.
Talvez o plano de Alfred fosse jogá−los no meio do nada para morrerem congelados. Nada original,
mas certamente daria certo. Steve desejou colocar as mãos no cara por apenas um minuto, só um.
Ele não era muito lutador, mas Alfred derreteria como bolinho de creme.
“Nós devemos estar indo para lá”. Claire disse, apontando para a direita, e Steve olhou, quase
incapaz de enxergar através da nevasca... e então viu outros aviões, e os longos e baixos prédios
a apenas alguns minutos de distância.
“Você acha que são da Umbrella?”. Steve perguntou, sabendo antes que ela dissesse. Onde mais?
O nariz do avião continuava descendo, levando−os para o lugar planejado por Alfred, mas Steve
estava aliviado. Visitar a Umbrella de novo que seria uma droga, claro, mas ao menos outra pessoa
estaria no comando, nem todos os funcionários da Umbrella eram distorcidos como Alfred. Ele não
conseguia imaginar todo mundo largando o que estava fazendo para puxar o saco de Alfred.
Talvez Claire e ele pudessem negociar com alguém, ou subornar...
Eles estavam se aproximando do primeiro passo, o passeio estava ficando conturbado, as asas
provavelmente pesadas com gelo – quando Steve percebeu que estavam muito baixo e muito
rápido. O trem de pouso tinha abaixado em algum momento, mas não podiam aterrissar com essa
velocidade e altitude.
“Levanta, levanta...”. Steve disse, vendo os prédios ficarem grandes muito rapidamente, sentindo
gotas de suor correndo por toda parte. Ele sentou na cadeira do piloto, agarrando o manche e
puxando – e nada aconteceu.
Ah, Deus.
“Ponha o cinto, nós vamos cair!”. Steve gritou, pegando o seu enquanto Claire pulava no assento, o
cinto travando assim que tocaram o chão –
– e alarmes começaram a tocar assim que o trem de pouso foi esmagado e arrancado, a barriga do
avião batendo no chão. A cabine balançou violentamente, os cintos de segurança a única coisa
que os impedia de bater a cabeça no teto. Claire soltou um grito assim que uma onda de neve
bateu no pára−brisa, e houve um gigante rasgo de metal atrás deles enquanto a cauda ou uma asa
era arrancada –
– e a cortina de neve saiu do pára−brisa para eles verem o prédio bem à frente, o avião fora de
controle deslizando na direção dele, fumaça em algum lugar, ele iriam bater e –
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Resident evil 6# Código Verônica
HorrorEm sua luta contra a Umbrella, Claire Redfield invade um prédio da companhia e é capturada, sendo levada presa à Ilha Rockfort, palco de mais um incidente biológico. No sexto livro de sua série, S.D. Perry relata as aventuras da personagem, seu irmã...