A cabeça de Claire doía. De novo.
Algo pegava fogo, ela podia sentir o cheiro da fumaça e estava com muito frio, e de repente
lembrou o que tinha acontecido – a neve, o prédio, a batida. Alfred.
Ela abriu os olhos e levantou a cabeça, a ação complicada e estranha, pois ainda estava presa no
assento, agora inclinado cerca de 45 graus – e lá estava Steve em seu assento, imóvel.
“Steve! Steve, acorde!”.
Steve gemeu e murmurou algo, e Claire respirou mais fácil. Depois de algumas tentativas ela
conseguiu se soltar, de pé no painel de instrumentos. Ela não podia ver muito pelo pára−brisa por
causa da inclinação, mas parecia que estavam dentro de um grande prédio. Havia uma passarela
lateral de metal a uns quinze metros na frente deles e apesar do profundo poço do lado direito do
avião, ela podia ver um pedaço da passarela a uns dois metros abaixo.
Mas cadê todo mundo? Onde está qualquer um? Se este fosse um complexo da Umbrella, porque
não havia uma dezena de soldados arrastando os dois para fora dos destroços? Ou ao menos
alguns zeladores irritados...
Steve se aproximou, e ela pode ver um baita inchaço em sua testa. Ela tocou sua têmpora direita e
descobriu que tinha um galo igual, cerca de um centímetro maior do que a descoberta quando
acordou... ontem? Um dia antes?
Deus, como o tempo passa quando você vive levando pancada na cabeça.
“O que está queimando? Steve perguntou, abrindo seus turvos olhos.
“Eu não sei”. Claire disse. Havia apenas um traço de fumaça na cabine, ela considerou que estava
vindo de outra parte do avião. De qualquer modo, ela não queria ficar por perto caso algo
explodisse. “Mas nós devemos sair daqui. Você consegue andar?”.
“Estas botas foram feitas para andar”. Steve resmungou, e Claire sorriu, ajudando−o com o cinto.
Eles pegaram o que restou do armamento aos seus pés, a metralhadora de Steve e sua 9mm.
Infelizmente, eles tinham pouca munição, e dois pentes estavam faltando. Ela tinha vinte e sete
balas, ele tinha quinze. Eles dividiram a munição e com nada restando para fazer a bordo, Steve se
posicionou sobre a passarela e saltou os últimos metros.
“O que tem aí?”. Claire perguntou, sentada na beira do buraco e guardando a arma no cinto.
Estava frio o bastante para ver sua respiração, mas pensou que podia agüentar mais um pouco.
“Nada de mais”. Steve disse, olhando em volta. “Nós estamos num prédio redondo – eu acho que é
um prédio em torno de um poço de mineração, tem uma queda livre no meio. Não tem ninguém
aqui”.
Ele olhou para ela acima e estendeu os braços. “Pode descer, eu te pego”.
Claire duvidou. Ele estava em forma, mas tinha o físico de um corredor, nada muscular. Por outro
lado, ela não podia ficar no avião o dia inteiro, e ela odiava pular de coisas mais altas que um
metro, ela certamente queria uma ajuda...
“Estou descendo”. Ela disse, e saltou do buraco, hesitando o máximo que pôde –
– e ela estava caindo, Steve emitiu um “oof”, e ambos estavam no chão, Steve deu costas para o
chão com seus braços em volta dela, Claire em cima dele.
“Bela pegada”. Ela disse.
Au, num foi nada”. Steve disse, sorrindo.
Ele estava quente. E atraente, e doce, e obviamente interessado, e por alguns segundos, nenhum
deles se moveu, Claire satisfeita por se conter... e Steve querendo mais, ela podia ver no modo
como ele olhava seu rosto.
Pelo amor de Deus, você não está de férias! Anda!
“Nós provavelmente devemos...”.
“... descobrir onde estamos”. Steve completou, e apesar de perceber um pouco de decepção em
seus olhos, ele fez o melhor que pôde para esconder, suspirando melodramaticamente enquanto
derrubava os braços como se fingisse rendição. Relutante, ela ficou de pé e o ajudou a levantar.
Realmente parecia uma mina, uns 20 metros de diâmetro, a passarela que estavam correndo por
metade da lateral – havia duas escadas de mão e ao menos duas portas, todas à esquerda e no
nível inferior. Só havia uma porta naquele nível, à direita, mas Steve confirmou que estava
trancada. “Onde você acha que todos estão?”. Ele perguntou em voz baixa. Certamente havia a chance de
fazer eco dado o tamanho da câmara vazia.
Claire balançou a cabeça. “Fazendo bonecos de neve?”.
“Ha Ha”. Steve falou. “O Alfred não devia estar aparecendo agora com um lança−chamas?”.
“É, provavelmente”. Claire disse. Ela estava pensando nisso. “Talvez ele ainda não esteja aqui, ou
não esperava que batêssemos, então ele está em um dos outros prédios onde deveríamos ter
pousado... se não pudermos chegar nos outros aviões antes que ele nos ache...”.
“Vamos fazer isso”. Steve disse. “Você quer se separar? Podemos cobrir mais lugares assim,
acelerar o processo”.
“Com Alfred vagando por aí? Eu voto não”. Claire disse, e Steve acenou, parecendo aliviado.
“Então, por ali”. Claire disse, e andou para a primeira escada, Steve logo atrás.
Uma curta descida depois e estavam na primeira porta, porta dupla na verdade. Também trancada.
Steve se ofereceu para dar um pontapé, mas ela sugeriu que verificassem as outras primeiro. Ela
estava se sentindo cada vez mais desconfortável com o quanto quieto as coisas estavam, e não
queria o forte eco de uma porta arrombada anunciando sua presença, mas precisariam estar em
coma para não terem notado a colisão do avião...
A próxima, a única outra porta antes da abertura que levava a uma escadaria. Claire girou a
maçaneta que colaborou suavemente; Claire e Steve prepararam suas armas por precaução – e
com o aceno de Steve, ela abriu a porta –
– e sentiu sua boca abrir, totalmente chocada.
Quais são as chances?
Era um dormitório escuro e fedido, e com o som da porta abrindo, três, quatro zumbis viraram para
eles, todos recém infectados, ainda com quase toda a pele. Só um estava em estado de gangrena,
o cheiro ruim de carne quente e podre pesado no ar.
Steve ficou pálido, e assim que ela fechou a porta, ele engoliu forte, parecendo e soando meio
enjoado. “Um daqueles caras trabalhou em Rockfort. Ele era cozinheiro”.
Claro! Por um segundo ela pensou que poderia ter havido um vazamento aqui também, mas seria
uma coincidência grande demais. Ao menos um daqueles aviões lá fora veio da ilha,
provavelmente um bando de funcionários desesperados que não perceberam estar infectados,
presumivelmente não cientistas.
Mais canibais viróticos doentios... e o que mais? Claire deu com os ombros, tentando imaginar que
tipo de soldado da Umbrella desejaria um ambiente gelado... e que animais nativos podem ter sido
infectados depois de sua chegada.
“Nós definitivamente devemos sair daqui”. Steve disse.
Bom, talvez Alfred tenha sido devorado, Claire pensou. Pensamento otimista, pois certamente
mereciam sossego. “Vamos”.
O último lugar para verificar era a escadaria que marcava o fim da passarela, descendo para a
quase total escuridão. Lembrando dos fósforos que encontrou em Rockfort, Claire deu sua arma
para Steve e pescou a caixinha da bolsa, dando metade a ele antes de pegar a arma de volta.
Steve assumiu a dianteira, acendendo dois fósforos na metade da escada e levando−os ao alto.
Não iluminavam muito, mas era melhor do que nada.
Eles chegaram no fim da escada e avançaram para o estreito corredor, Claire alerta enquanto o
escuro os cercava. Algo cheirava mau, como grãos apodrecendo, e apesar de não haver nada se
mexendo, não pareciam estar sozinhos. Ela geralmente confiava em seus instintos, mas estava tão
calmo e silencioso, nem mesmo um suspiro de som ou movimento...
Nervosismo, ela pensou esperançosa.
Eles só conseguiam enxergar um metro à frente, mas andavam o mais rápido possível, a sensação
de estarem totalmente expostos e vulneráveis empurrando−os adiante.
Alguns passos adiante e ela podia ver que o corredor se dividia, eles podiam ir reto ou à esquerda.
“O que você acha”. Claire suspirou – e de repente o corredor explodiu em movimento, asas
batendo e o cheiro podre soprando neles. Steve xingou quando os fósforos apagaram,
completando a escuridão. Algo esfregou no rosto de Claire, emplumado, leve e silencioso, e ela
reflexivamente afugentou a coisa, sem saber no que atirar.
“Vamos!”. Steve gritou, agarrando seu braço e puxando−a. Ela cambaleou atrás dele sem fôlego, e
de novo, algo agitado tocou seu rosto, seco e empoeirado –
– e então Steve a estava puxando através de uma porta e batendo−a atrás deles, ambos ofegando
apoiados nela, Claire tremendo, totalmente enojada. “Mariposas”. Steve disse. “Jesus, elas eram enormes, você viu elas? Grandes como pássaros,
como águias –“. Ela o ouviu cuspindo, como se estivesse tentando limpar a boca.
Claire não respondeu, procurando um fósforo. A sala estava escura e queria ter certeza de que não
havia mais delas por aí, mariposas, eca!
De alguma forma elas pareciam piores do que zumbis, elas podiam se esfregar diretamente em
você, voar no seu rosto – ela tremeu de novo, e acendeu o fósforo.
Steve a trouxe para um escritório aparentemente livre de mariposas gigantes e qualquer outra
surpresa da Umbrella. Ela viu um par de candelabros em um baú à sua direita e acendeu as velas
imediatamente, entregando uma delas para Steve antes de olhar em volta, a suave luz de vela
iluminando seu refúgio. Mesa de madeira, prateleiras, dois quadros – a sala era
surpreendentemente agradável, considerando o aspecto funcional do complexo. E não era fria.
Eles procuraram armas e munição nas não acharam nada.
“Ei, talvez haja algo que possamos usar ali”. Steve disse, indo para a mesa. Havia vários papéis e
o que parecia ser uma coleção de mapas espalhados na mesa – mas de repente, Claire ficou mais
interessada na coisa branca presa atrás do ombro direito de Steve.
“Não se mexa”. Ela disse, aproximando−se dele. Tinha uma grossa meleca parecida com teia
segurando a coisa, o objeto em si com uns quinze centímetros de comprimento e meio deformado,
como um ovo de galinha esticado.
“O que é? Tira daí”. Steve disse, tenso, e Claire aproximou a vela, viu que a coisa não era
totalmente opaca. Ela conseguia ver dentro, um pouco...
... uma gosma branca se mexendo lá dentro. Era um casulo, a mariposa tinha colocado um casulo
nele.
Claire quis vomitar, mas se conteve, olhando em volta atrás de algo para arrancá−lo. Havia papel
amassado no cesto de lixo perto do baú, e ela pegou um pedaço.
“Espere um segundo”. Ela disse, impressionada com o quanto casual ela soou enquanto tirava o
casulo do ombro dele. Não queria sair, a úmida teia agarrando firme, mas Claire conseguiu,
soltando o casulo no chão instantaneamente. “Saiu”.
Steve virou e abaixou perto do papel, segurando a vela – e levantou abruptamente, tão enjoado
quanto parecia. Ele desceu sua bota no casulo, forte, e geléia clara espirrou sob a sola.
“Ah, Deus”. Ele disse, sua boca para baixo. “Me lembre de vomitar depois que tivermos comido. E
da próxima vez que formos lá, nada de fósforos”.
Ele checou suas costas – e nada, graças a Deus – e então eles dividiram os papéis sobre a mesa,
Steve pegando os mapas e sentando no chão, Claire olhando o resto na mesa.
Inventários, contas, contas, listas... Claire esperou que Steve fosse mais sortudo. Pelo que
conseguiu entender, eles estavam no que a Umbrella chamava de “terminal de transporte”, e foi
construído numa mina abandonada – ela não sabia exatamente que tipo de mina, mas haviam
vários pedidos de novos equipamentos e materiais de construção. Quase o suficiente para
construir uma cidade pequena.
Ela achou uma série de mensagens entre dois senhores extremamente chatos, discutindo o
orçamento da Umbrella para o próximo ano. Era ainda mais chato porque tudo parecia
perfeitamente dentro da lei. Aquela sala pertencia a um deles, Tomoko Oda, e foi dele que Claire
achou algo interessante, uma observação no meio de seus incontáveis relatórios datados da
semana passada.
Obs: a propósito, lembra da história que você me contou quando vim aqui pela primeira vez, sobre
o “monstro” prisioneiro? Não ria, mas eu finalmente o ouvi, há duas noites, neste escritório. É tão
assustador quanto as histórias dizem, um tipo de grito irritado de sofrimento que ecoou dos níveis
inferiores. Meu assistente disse que os funcionários vêm ouvindo isso durante os últimos quinze
anos, quase sempre tarde da noite – dizem que ele grita daquele jeito porque alguém esqueceu de
alimentá−lo. Eu também ouvi dizer que ele é um fantasma, uma brincadeira, um experimento
científico que deu errado, e até um demônio. Eu ainda não formei minha opinião, e sendo que
nenhum de nós está autorizado a ir lá embaixo, eu suponho que isso continuará um mistério. Eu
vou te contar, depois de ouvir aquele horrível e insano grito, eu não me interesso em descer além
do B2.
Avise−me sobre aquele carregamento de válvulas de retenção. Atenciosamente, Tom.
Parecia que os trabalhadores de cima não sabiam o que acontecia embaixo. Talvez fosse melhor para eles, Claire pensou... talvez não, considerando a situação atual.
Steve riu de repente, um curto latido de vitória, e ficou de pé, sorrindo largamente. Ele abriu um
mapa político da Antártida sobre a mesa.
“Nós estamos aqui,”. Steve disse, apontando para uma marcação em vermelho que alguém
desenhou. “entre este posto japonês, Dome Fuji, e o pólo em si, em território australiano. E bem
aqui fica uma estação de pesquisa australiana – estamos falando de quinze a vinte e cinco
quilômetros no máximo”.
Claire sentiu seu coração pular uma batida. “Que ótimo! Se acharmos um bom equipamento
podemos ir andando...”.
E se conseguirmos sair desse lugar, ela pensou, parte de seu entusiasmo desaparecendo.
Steve desdobrou um segundo mapa. “Espere, essa não é a parte boa. Veja isso”.
A cópia de uma planta. Claire estudou os diagramas a mão, vista lateral e superior de um alto
prédio e seus três andares, os níveis de salas claramente rotulados – e se levantou, agitada
demais para ficar parada. Era um mapa do prédio que estavam, não era alto, mas sim profundo.
“É aqui que nós estamos agora”. Steve disse, apontando para um pequeno quadrado denominado
“escritório do gerente”, no nível B2. Ele traçou o dedo para baixo, para a esquerda e para baixo de
novo, parando numa área de forma incomum no fim do diagrama. O pequeno texto dizia “câmara
de mineração”, e havia um túnel rabiscado a lápis saindo da câmara dizendo “para a
superfície/inacabado” também, a lápis.
“E é para lá que precisamos ir”. Claire completou, balançando a cabeça incrédula. O mapa que
Steve achou pouparia horas de procura, e com o pouco de munição que tinham, também salvaria
suas vidas.
“Isso. Se encontrarmos portas fechadas, nós as quebramos ou atiramos na fechadura, talvez”.
Steve disse feliz. “E é quase um minuto andando daqui. Nós estaremos voando daqui a pouco”.
“Mas aqui diz que o túnel não está acabado –“. Claire começou, mas Steve a interrompeu.
“E daí? Se eles ainda estão trabalhando nele, deve haver algum equipamento por lá”. Steve disse,
empolgado. “Aí diz câmara de mineração, certo?”.
Ela não podia contestar sua lógica, e não queria. Era quase bom demais para ser verdade, e ela
estava mais do que preparada para boas notícias... e apesar de significar outra corrida pelas
mariposas, desta vez, eles estariam preparados.
“Você ganhou o prêmio”. Claire disse, cedendo ao seu próprio entusiasmo.
Steve ergueu sua sobrancelha inocentemente. “Sério? E qual é o prêmio?”.
Ela ia responder que estava aberta a sugestões quando um inesperado e alarmante barulho a
impediu, invadindo o escritório de todos os lados vindo de lugar nenhum. Por uma fração de
segundo ela achou que fosse uma sirene, era tão alto e penetrante, mas nenhuma sirene
começava tão profunda e baixa, ou tinha níveis de intensidade com sentimentos de medo. Havia
fúria no som, uma raiva cega tão completa que era incompreensível.
Congelados, eles ouviram enquanto o incrível e apavorante berro se esticava e morria, Claire
imaginando quanto tempo havia passado desde sua alimentação. Ela não tinha dúvidas de que era
uma das criações da Umbrella. Nenhum fantasma podia produzir um som tão visceral, e nenhum
humano podia produzir tal raiva.
“Vamos agora”. Claire disse baixo, e Steve acenou ansioso e de olhos arregalados enquanto
dobrava os mapas e os colocava de lado.
Eles aprontaram suas armas, bolaram um rápido plano e numa contagem até três, Steve abriu a
porta.
Enquanto o ronco da monstruosidade ecoava, Alfred sorriu através das grossas barras de metal da
úmida cela, admirando o trabalho de sua irmã. Ele também ajudou, claro, mas ela foi o gênio que
criou o vírus T−veronica, aos dez anos de idade... e apesar de ela ter considerado seu primeiro
experimento um fracasso, Alfred não concordou. O resultado era profundamente gratificante de um
modo particular.
As coisas estavam bem mais claras, desde que deixou Rockfort. Memórias tinham retornado,
coisas que tinha enterrado ou perdido, sentimentos que esquecera. Depois de quinze anos na
escuridão, de confusão e fantasias instáveis, Alfred sentiu que seu mundo finalmente estava
ficando em ordem – e agora ele entendia porque sua casa tinha sido atacada, e o quanto isso foi
bom.
“Eles também sabiam que era hora”. Alfred disse. “Se não fosse pelo ataque, eu teria continuado achando que ela estava comigo”.
Ele observou impressionado enquanto o monstro virava sua corrompida face na direção da porta,
ouvindo. Ele estava acorrentado à sua cadeira, vendado, mãos presas para trás... e apesar de não
ter sido capaz de nada durante uma década e meia, ele ainda respondia ao som das palavras.
Talvez ele ainda reconhecesse sua voz em algum nível de instinto animal.
Eu devia alimentá−lo, Alfred pensou, não querendo que ele morresse antes de Alexia acordar...
mas isso seria um breve, muito em breve – talvez o processo já tenha começado. O pensamento o
encheu de imaginação, ele estaria presente no miraculoso renascimento dela.
“Eu senti tanto a falta dela”. Alfred disse, suspirando. Tanto que ele criou um reflexo dela, para
compartilhar os solitários anos de espera. “Mas ela logo emergiria como uma rainha soberana,
sendo eu seu fiel soldado, e nunca nos separaremos de novo”.
Isso o lembrou de sua tarefa final, um último objetivo a ser cumprido antes que pudesse iniciar
confortavelmente a espera final. Sua alegria ao descobrir o avião acidentado durou pouco ao
achá−lo vazio, mas ao lembrar do layout do complexo, ele percebeu que só poderiam estar em um
lugar ou dois. Ele pegou um rifle da sala de armamentos em um dos outros prédios, uma
Remington de ação rápida 30.06 com uma magnífica mira telescópica, um delicioso brinquedo que
queria tentar usar. Ele não queria que Claire e seu amiguinho aparecessem num momento
inoportuno, atrapalhando a celebração –
De repente, Alfred começou a rir, uma idéia lhe ocorrendo. O monstro tinha que comer... porque
não trazê−lo os dois intrusos? Claire Redfield trouxe destruição para Rockfort, tentou enterrar o
nome dos Ashford, tal como o monstro tentara, de certo modo.
Ele consumirá os agentes inimigos em honrar ao retorno de Alexia... e então teremos uma reunião
familiar particular, só nos três.
Ao som de sua gargalhada, a monstruosidade ficou agitada, puxando suas correntes com tal força
que Alfred parou de gargalhar. Ele deu outro tremendo e longo grito, desejando se libertar, mas
Alfred acreditava que as correntes agüentariam mais um pouco.
“Eu volto logo”. Alfred prometeu, levantando seu rifle e indo embora, imaginando o que Claire
acharia de conhecer o pai de Alexia e Alfred sob circunstâncias tão incomuns – em outras palavras,
sua própria morte sangrenta.
A monstruosidade era atraída por calor do corpo e cheiro de medo, como Alfred gostava de
acreditar, querendo muito ver a pobre Claire sendo perseguida na escuridão.
Assim que Alfred começava a subir as escadas para o segundo nível, Alexander Ashford gritou de
novo, como fez quinze anos atrás quando seus próprios filhos o drogaram, roubando sua vida.
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Resident evil 6# Código Verônica
HorrorEm sua luta contra a Umbrella, Claire Redfield invade um prédio da companhia e é capturada, sendo levada presa à Ilha Rockfort, palco de mais um incidente biológico. No sexto livro de sua série, S.D. Perry relata as aventuras da personagem, seu irmã...