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Através das salas e corredores da mansão, Claire teve que correr, com medo de ouvi−lo gritar
novo, com medo de não saber onde procurar. Passados os aveludados corredores, pela chegou
numa área carcerária, celas dos dois lados do corredor, o ambiente frio e escuro mais uma vez.
Um solitário infectado tentou alcançá−la através das barras, uivando.
“Steve!”.
Sua voz ecoou de volta para ela, cheia de tensão e medo, e sem uma resposta de Steve. Havia
uma pesada porta de metal à sua direita, diferente das outras, reforçada com barras de aço. Ela a
abriu, achando a ante−sala de uma ainda maior.
“Steve!”.
Sem resposta. A sala maior era comprida e mal iluminada, como um grande corredor, e ela não
conseguia ver o que havia no final dele. Ela viu um portão suspenso que separava os dois
ambientes, que definitivamente a fez parar. Ela olhou em volta e achou um pedaço de madeira
quebrada no chão, e a posicionou obstruindo o trilho do portão na parede, não querendo terminar
presa.
Ela correu pelo salão, intimidada pelas enormes estátuas de cavaleiros alinhadas nas sombrias
paredes, sua ansiedade crescendo a cada segundo. Onde ele estava, por que tinha gritado?
Ela estava na metade do corredor quando o viu, sentado numa cadeira na parede do fundo, com
um tipo de barra bloqueando seu peito.
Ah, Deus...
Claire correu, e enquanto se aproximava, viu que se tratava da barra de um comprido machado,
uma alabarba, a lâmina firmemente fincada na parede atrás dele. Ele parecia muito pequeno e
muito jovem, seus olhos fechados e cabeça abaixada – mas dava para perceber sua respiração, o
que diminuiu sua ansiedade.
Ela ficou ao seu lado e puxou o gigante machado, que não soltou. Ela agachou perto dele, tocando
seu braço, ele tremeu, abrindo os olhos.
“Claire!”.
“Steve, Graças a Deus você está bem, o que aconteceu? Como você veio parar aqui?”. Steve tentou puxar o machado e não conseguiu. “Alexia, deve ter sido a Alexia, ela se parecia com
o Alfred – ela me injetou algo, ela disse que faria o mesmo que tinha feito com seu pai, mas que
desta vez faria certo –“.
Ele empurrou o machado de novo, fazendo força, mas não estava se movendo. “Em outras
palavras, ela estava pirada. Eu acho que ela e Alfred eram bem próximos afinal de contas...”.
Steve parou de falar, suas bochechas corando de repente. Suas mãos começaram a se contorcer,
seu corpo tremendo.
“O que é isso?”. Claire perguntou, com medo, com muito medo, por seu corpo estar se curvando
seus dedos fechando um punho, seus olhos aterrorizados.
“C... Claire...”.
Sua voz foi o apagando, seu nome virando um grunhido, e então estava se torcendo na cadeira,
suas roupas rasgando. Ele abriu a boca e um gemido aguado saiu, assustado no começo e depois
bravo. Furioso.
“Não”. Claire suspirou, começando a recuar, e Steve segurou o machado, tirando−o da parede,
levantando. Seu corpo continuou encurvando, sua cabeça tombando, seus músculos inchando
debaixo da pele que estava ficando cinza esverdeada. Espinhos brotaram de seu ombro esquerdo,
dois, três deles, enquanto suas mãos alongavam−se, enquanto um enorme ferimento sem sangue
crescia em suas costas, enquanto seus olhos ficavam vermelhos e selvagens.
A coisa que uma vez foi Steve Burnside abriu a boca e gritou, enfurecida, e Claire virou e saiu
correndo, doente com a perda e o pavor, correndo mais do que podia.
O monstro a seguiu, varrendo com o machado, a afiada lâmina cortando o ar. Ela conseguia sentir
o vento causado pela lâmina e de alguma forma ganhou mais velocidade, suas pernas pulando,
acelerando mais rápido.
O monstro varreu de novo, o som vasto e ensurdecedor. Mais rápido, mais rápido, a ante−sala logo
à frente –
– e o portão estava descendo, estava para trancá−la junto com o monstro, como, não importava,
ela tinha que ir mais rápido ou estaria morta –
– e com um último e forte impulso, Claire mergulhou no espaço entre o portão e o chão, deslizando
sobre o estômago, o portão batendo atrás dela.
O monstro mugiu, começou a balançar o machado em abandono, faíscas voando enquanto
atacava as barras de metal. Chocada, Claire o observou quebrar três delas, dobrando o aço com a
ferocidade de seus golpes, antes de perceber que podia fugir dali.
A porta, eu a deixei aberta, ela pensou deslumbrada, e se levantou, e deu um passo na direção da
saída quando –
– algo atravessou a parede, não o monstro, mas sim uma coisa que a agarrou como uma cobra
constritora, levantando−a, outro tentáculo. O monstro continuou agredindo o metal, e o atravessaria
em segundos, o tentáculo a segurando firmemente.
Acordada de seu deslumbre, Claire bateu no tentáculo, mas o material era impenetrável. Ele
simplesmente a segurou, esperando pelo monstro atravessar o portão.
O monstro queria espancá−la e cortá−la, queria parti−la ao meio, e continuou batendo a arma nas
barras, e finalmente, surgiu um buraco por onde podia passar.
Ela fazia barulhos entre a coisa que a segurava, barulhos ofegantes que faziam seu sangue quente
em e excitado, que o fez levantar o machado, desejando o fim dela.
Ele desceu o machado, forte, lembrando do que tinha dito a ela, prometido a ela –
– você pega o próximo –
– eu vou –
– e a coisa, ele, parou a lâmina quase tocando sua cabeça. O tentáculo esperou, apertando ainda
mais, e ele lembrou.
Claire.
Steve levantou o machado novamente, com força. Ele era muito forte e desceu o machado no
tentáculo, fatiando ele.
Com um espirro de fluído verde, a grossa mangueira abanou e acertou seu peito, arremessando−o
contra a parede, e depois desaparecendo. Ele sentiu e ouviu costelas quebrando, sentiu o fervor de
seu sangue esfriando, sentiu sua força indo embora.
A dor veio, aguda, intensa e em todo lugar, mas ele abriu os olhos e ela estava lá, em segurança,
ela estava alcançando sua mão. Claire Redfield, tocando sua mão com lágrimas nos olhos. O monstro se fora.
Ela tocou sua mão e ele a levou até seu rosto, para seu bonito rosto, apoiando−a em sua
bochecha.
“Você está quente”. Ele suspirou.
“Agüente aí,”. Ela disse, apelando, o nó em sua garganta chocando−a. “por favor, meu irmão veio e
vai nos levar com ele, por favor, não morra!”.
Os olhos de Steve estavam agitados, como se estivessem tentando ficar abertos.
“Estou feliz por seu irmão ter vindo”. Ele sussurrou, sua voz falhando. “Estou feliz por ter te
conhecido. Eu... eu te amo”. Depois da última palavra, sua cabeça tombou, seu peito murchou e
não levantou mais, e Claire ficou sozinha.
Steve se fora.

Resident evil 6# Código Verônica Onde histórias criam vida. Descubra agora