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Na fria escuridão, Rodrigo descansou inseguro. Então ele ouviu um ruído no corredor, e fez força
para abrir os olhos, para se preparar. Ele ergueu sua arma, apoiando seu pulso na mesa quando
percebeu que não tinha força para segurá−la.
Eu vou matar qualquer um que mexer comigo, ele pensou, mais por hábito do que por outro motivo,
grato por ter uma arma mesmo se já for um homem morto. Um guarda zumbi caiu da escada e se
arrastou para a cela pouco tempo depois que a garota partiu. Rodrigo o matou com sua bota e
pegou sua arma, ainda no coldre da perna quebrada.
Ele esperou, desejando poder voltar a dormir, tentando ficar alerta. A arma acalmou sua mente,
levou boa parte de seu medo. Ele iria morrer logo, era inevitável... mas ele não queria se tornar um
deles, independente de qualquer coisa. Suicídio deveria ser um pecado particularmente ruim, mas
sabia que se não conseguisse eliminar um dos contaminados a tempo, comeria uma bala antes
que a criatura o tocasse. Ele provavelmente iria para o inferno.
Passos, e alguém estava se aproximando, bem rápido. Um zumbi? Seus sentidos não estavam
funcionando bem, ele não sabia dizer se as coisas estavam acelerando ou se ele estava ficando
devagar, mas ele sabia que atiraria em breve ou perderia a chance.
De repente, uma luz pequena mas penetrante – e lá estava ela, de pé na frente dele como um
sonho. A Redfield, viva, segurando um isqueiro no alto. Ela o deixou aceso na mesa como uma
lamparina.
“O que você está fazendo aqui?”. Rodrigo murmurou, e ela estava revirando sua bolsa ao redor da
cintura sem olhar para ele. Ele deixou a pesada arma cair de seus dedos, fechando os olhos por
um segundo ou por um momento. Quando ele abriu de novo, ela estava tocando seu braço, com
uma seringa na mão.
“É um medicamento hemostático”. Ela disse, suas mãos e voz suaves, a picada da agulha curta e
rápida. “Não se preocupe, você não vai ter overdose nem nada, alguém escreveu a dosagem no
verso do frasco. Ele vai diminuir o sangramento interno bem devagar, e você ficará bem até a ajuda
chegar. Eu vou deixar o isqueiro aqui... foi meu irmão que deu pra mim. Traz sorte”.
Enquanto ela falava, Rodrigo se concentrava em acordar, em superar a indiferença que tinha
tomado conta dele. O que ela estava dizendo não fazia sentido, pois ele a tinha soltado e ela se
fora. Por que ela voltaria para ajudá−lo?
Porque eu a deixei ir. A percepção o comoveu, o inundou com sentimentos de vergonha e gratidão.
“Eu... você foi muito gentil”. Ele suspirou, desejando ter algo que pudesse fazer por ela, algo que
pudesse dizer para retribuir sua compaixão. Ele procurou em suas memórias, rumores e fatos
sobre a ilha, talvez ela pudesse escapar...
“A guilhotina,”. Ele disse, piscando, tentando não distorcer demais suas palavras. “a enfermaria fica
atrás dela, a chave está no meu bolso... deve haver segredos lá. Ele sabe das coisas, peças dos
quebra−cabeças... você sabe onde fica a guilhotina?”.
Claire acenou. “Sei. Obrigado, Rodrigo, isso vai me ajudar muito. Agora descanse, tá bom?”.
Ela esticou a mão e tirou o cabelo da testa dele, um simples gesto tão doce e gentil que o fez
querer chorar.
“Descanse”. Ela disse de novo, e ele fechou os olhos, mais calmo, mais em paz do que jamais se
sentiu durante a vida. Seu último pensamento antes de apagar foi que se ela pudesse perdoá−lo
pelas coisas que fez, mostrasse tanta piedade quanto merecia, talvez ele não fosse para o inferno,
afinal.
Rodrigo estava certo sobre os segredos. Claire parou no fim do corredor subterrâneo secreto,
tentando impedir a si mesma de abrir a porta não identificada à sua frente.
A enfermaria em si era pequena e desagradável, nada mais do que esperaria de uma clínica da
Umbrella – nenhum equipamento médico à vista, nada moderno. Havia apenas uma maca na sala
da frente, o chão de madeira mal cuidado em volta dela manchado de sangue, uma bandeja de
instrumentos com aparência medieval ao lado. A sala adjacente estava irreconhecível; ela não
sabia dizer para que propósito servia, mas parecia uma mescla entre sala de recuperação e um crematório. Cheirava como tal também.
Havia um pequeno e bagunçado escritório depois da primeira sala, um único corpo esparramado
perto da porta, um homem de avental sujo que tinha morrido com um olhar de terror no fino e
chamuscado rosto. Ele não parecia ter sido infectado, e sendo que não havia infectados na sala e
nenhum ferimento óbvio, ela pensou que tivesse morrido de ataque cardíaco ou algo parecido. A
contorcida expressão em suas feições, olhos arregalados e boca retorcida, sugeriam que ele tinha
morrido de susto.
Claire passou por ele cuidadosamente e achou o primeiro segredo do lugar quase que por
acidente. Sua bota tinha chutado algo enquanto entrava no escritório, uma peça de mármore ou
pedra que rolou pelo chão – e que acabou descobrindo ser uma incomum chave. Era um olho de
vidro que pertencia a uma grotesca face de plástico do boneco de anatomia do escritório,
encostada no canto.
Considerando o que Steve tinha dito, sobre ninguém voltar da enfermaria, e considerando o que
ela já sabia sobre a insanidade que a Umbrella parecia atrair, Claire não ficou surpresa ao
descobrir a passagem atrás da parede do escritório. Um gasto conjunto de degraus de pedra foi
revelado ao colocar o olho no boneco, que também não a surpreendeu. Era um segredo, um
truque, e a Umbrella se resumia em segredos e truques.
Então abra a porta. Acabe logo com isso.
Certo. Ela não tinha o dia todo. Ela não queria deixar Steve sozinho por muito tempo, também, ela
estava preocupada com ele. Ele teve que matar o próprio pai; ela não podia imaginar o tipo de
dano psicológico que isso causaria em alguém...
Claire balançou a cabeça, irritada com sua própria perda de tempo. Não importava que ela estava
num lugar assustador e estéril, onde muitas pessoas poderiam ter morrido, onde ela podia sentir a
penetrante atmosfera de terror emanando das frias paredes, tentando envolvê−la como uma
mortalha...
“Não importa”. Ela disse, e abriu a porta.
Imediatamente, três contaminados tropeçaram na direção dela, ganhando sua atenção, impedindo
que ela visse os detalhes da grande sala onde estavam. Todos os três estavam severamente
desfigurados, membros faltando e longas tiras de pele rasgada, sua carne podre esfolada e crua.
Eles se moviam devagar, dolorosamente arrastando−se até ela, e ela pode ver cicatrizes mais
velhas na pele exposta. Mesmo enquanto mirava no primeiro, o nó de temor em seu estômago
estava aumentando, deixando−a enjoada.
Ao menos acabou rápido – mas a terrível suspeita que crescia em sua mente, que esperava ser
falsa, foi confirmada com uma única olhada em volta.
Meu Deus.
O salão era estranhamente elegante, a quieta iluminação vinda de candelabros pendurados. O
chão era de lajotas, com uma passadeira de carpete elegante até a área de estar do outro lado do
salão. Havia uma poltrona estofada de veludo e uma mesa de centro de cerejeira, a poltrona
posicionada de modo que alguém sentado nela pudesse ver todo o salão... pior do que o calabouço
do Chefe Irons, escondido no subterrâneo de Raccoon.
Havia duas piscinas construídas sob medida, uma com um pelourinho fixado no peitoril, e a outra
com uma jaula suspensa. Correntes penduradas nas paredes, umas com algemas bem usadas e
outras com colares de couro – algumas com ganchos. Haviam alguns mecanismos elaborados que
ela não olhou de perto, coisas com engrenagens e estacas de metal.
Engolindo a bile de volta, Claire focou na área de estar. A elegância dos móveis e da sala em si
tornava as coisas piores, adicionando um toque de ego deturpado para a óbvia psicose de seu
criador. Como se não fosse suficiente gostar de torturar pessoas, ele – ou ela – queria observar no
luxo, como algum aristocrata maluco.
Ela viu um livro na mesinha e andou para pegá−lo, mantendo seu olhar para frente. Zumbis,
monstros e morte em vão eram coisas horríveis, trágicas ou aterrorizantes, ou tudo isso – mas o
tipo doentio representado pelas correntes e pelos dispositivos em volta dela estava apavorando
sua alma, pois a fazia desistir de sua fé na humanidade.
O livro era na verdade um diário, com capa de couro e papel grosso de alta qualidade. A primeira
página dizia ser propriedade de um tal de Dr. Enoch Stoker, sem título ou qualquer outra inscrição.
“Ele sabe das coisas, peças dos quebra−cabeças...”.
Claire não queria tocá−lo quanto mais lê−lo, mas Rodrigo parecia achar que isso ajudaria. Ela
folheou algumas páginas, viu que nada estava datado, e começou a vasculhar a estreita e aracnídea escrita por uma palavra ou nome familiar, alguma coisa sobre quebra−cabeças, talvez...
ali, uma anotação que fazia várias referências a Alfred Ashford.
Ela respirou fundo e começou.
Nós finalmente discutimos hoje sobre os detalhes de minhas preferências e prazeres. O Sr.
Ashford não quis compartilhar as suas, mas estava mais incentivador do que quando cheguei há
seis semanas. Ele foi informado no começo que minhas necessidades não eram convencionais,
mas agora ele sabe de tudo, até as pequenas coisas. Eu estava desconfortável no começo, mas o
Sr. Ashford – Alfred, ele insistiu que eu o chamasse de Alfred – provou ser um animado
expectador. Ele disse que sua irmã e ele apoiavam fortemente a pesquisa nos limites da
experiência. Ele me disse que eu deveria pensar neles como espíritos semelhantes, e que aqui, eu
tenho total liberdade.
Foi estranho, descrever em voz alta meus sentimentos, sensações e pensamentos que nunca tinha
compartilhado. Eu contei como tudo tinha começado, quando eu ainda era um menino. Sobre os
animais que usei no começo e mais tarde com outras crianças. Até então eu não sabia que era
capaz de matar, mas eu sabia que ver sangue me excitava, que causar dor preenchia um vazio e
solitário espaço dentro de mim, com profundas sensações de poder e controle.
Eu acho que ele entende sobre gritos, sobre o quanto importante os gritos são para mim e
Já chega. Isso não era o que estava procurando, e a estava fazendo querer vomitar. Ela virou
algumas páginas, achou outra anotação sobre Alfred e sua irmã, viu algo sobre uma casa particular
– e voltou um pouco, franzindo.
Alfred participou hoje de uma das minhas autópsias vivas, e depois de tudo disse que Alexia tinha
perguntado por mim, queria saber se eu tinha tudo o que precisava. Alfred protegia Alexia, não
deixava ninguém chegar perto dela. Eu ainda não pedi para conhecê−la, e nem pretendo fazer
isso; Alfred quer que sua casa particular continue privada, e manter Alexia só para si. Ela fica atrás
da mansão de recepção, ele me disse, e a maioria das pessoas não sabe de sua existência. Eu
acho que ele aprecia ter uma conhecida com interesses em comum.
Ele disse que Rockfort tem muitos lugares que requerem chaves incomuns – tais como o olho que
ele me deu – algumas novas, outras bem velhas. Edward Ashford, o avô de Alfred, era
aparentemente obcecado por segredos, uma obsessão compartilhada por outros fundadores da
Umbrella, segundo Alfred. Ele e Alexia são os únicos vivos que conhecem todos os esconderijos de
Rockfort, ele disse. Alfred ganhou molhos completos feitos para os dois herdeiros quando assumiu
a posição de seu pai. Eu brinquei dizendo que era sempre bom ter chaves reserva em caso de ficar
preso, e ele riu. Ele disse que Alexia sempre o deixaria entrar.
Eu acredito que gêmeos tem laços mais apertados do que a maioria dos irmãos – que de modo
figurativo, se você cortar um, o outro sangrará. Eu gostaria muito de testar essa teoria de modo
mais literal, levando em conta níveis de dor. Eu descobri que preencher um ferimento fresco com
cacos de vidro e costurá−lo é um
Enojada, Claire largou o livro e limpou as mãos em seu jeans, decidindo que já tinha informações o
suficiente para continuar. Ela desejava sinceramente que o corpo lá em cima fosse do Dr. Stoker,
que seu coração escuro o tivesse deixado na mão e que o pensamento de ir pro inferno tivesse
congelado seu rosto numa máscara de terror – e ela percebeu abruptamente que já teve o
suficiente daquela atmosfera, que se passasse mais um segundo na enfermaria, certamente iria
vomitar. Ela virou e andou rápido para a porta, corria a toda quando chegou na escada. De dois em
dois degraus, ela chegou lá em cima e correu pela sala, sem olhar para o corpo, sem pensar em
mais nada exceto na necessidade de sair.
Quando ela chegou no lado de fora que levava para a porta da guilhotina, ela se jogou na parede e
ofegou pulmões cheios de ar, concentrando−se em manter sua garganta para baixo. Levou alguns
minutos antes que estivesse fora da zona de perigo.
Quando se sentiu pronta, Claire colocou um pente novo em sua semi−automática e começou a
voltar para o complexo de treinamento. Ela percebeu que tinha perdido a segunda arma que Steve
a tinha dado em algum lugar entre o salão de tortura e a porta da frente, mas não havia nada no
mundo que a faria por os pés lá dentro de novo. Ela iria atrás de Steve, e eles iriam achar aquelas
malditas chaves, e iriam dar o fora do hospício que a Umbrella tinha criado em Rockfort. Steve chorou por um tempo, e rolou para lá e para cá, ciente de que tinha feito uma Grande Coisa
– por experiência de vida, havia as pequenas coisas, depois as grandes, e depois as Grandes com
G maiúsculo. Havia algumas coisas que mudavam a vida de uma pessoa para sempre, e esta era
uma delas. Ele teve que matar seu próprio pai. Seus pais, boas pessoas inofensivas, estavam
mortos. Isso significava que não tinha mais ninguém no mundo para amá−lo agora, e foi esse
pensamento que continuava se repetindo, fazendo−o chorar e rolar para lá e para cá.
Foi o pensamento das Lugers que finalmente o chacoalhou de seu inferno emocional particular,
que o fez lembrar onde estava e o que estava acontecendo. Ele ainda se sentia completamente
terrível, doendo por dentro e por fora, mas começou a sintonizar−se no ambiente, desejando que
Claire estivesse com ele, desejando um copo d’água.
As Lugers. Steve esfregou seus olhos inchados e tirou as armas do cinto, olhando−as. Era
besteira, sem importância – mas em algum lugar no fundo de sua mente, ele finalmente percebeu
que ao tirar as armas da parede, ficou preso e o aquecimento começou. Foi uma armadilha... e até
onde podia imaginar, o único propósito de uma armadilha assim era para evitar que alguém
pegasse as armas.
O que significa que elas poderiam ser úteis para algo além de atirar. É, elas eram douradas,
bonitas e provavelmente bem caras, e os Ashford não tinham problemas financeiros... e se as
armas tiverem algum valor sentimental, porque estavam sendo usadas como parte de uma
armadilha?
Ele decidiu que queria voltar e olhar mais de perto o local onde estavam, ver se colocá−las de volta
faria alguma coisa. Era uma caminhada de dois minutos de volta para a mansão, melhor, ele
poderia ir e voltar em cinco; Claire esperaria por ele caso voltasse primeiro.
E se eu ficar aqui, vou ficar chorando. Ele queria, precisava de algo para fazer.
Steve ficou de pé, sentindo−se trêmulo e meio vazio enquanto sacudia a terra de suas calças,
incapaz de evitar olhar para onde seu pai tinha morrido. Ele sentiu uma onda de alívio quando viu
que Claire tinha coberto o corpo com um retalho de pano. Ela era uma ótima garota... apesar de,
por algum motivo, ele sentiu−se estranho sobre ela, sobre querer dizer tudo aquilo para ela. Ele
não tinha certeza do que sentia.
Ele saiu de lá, e ficou vagamente surpreso por ver que não estava no pátio frontal do complexo de
treinamento. Ele também ficou vagamente surpreso por ver que na pequena área de muros altos
havia o que parecia ser um tanque Sherman da Segunda Guerra Mundial. Gigante, com esteiras
encrostadas de lama, canhão giratório, o conjunto completo.
Ele poderia ter ficado interessado antes, ou ao menos mais do que apenas surpreso – não havia
motivo algum para haver um tanque na base de Rockfort – mas tudo o que queria fazer agora era
verificar a armadilha das Lugers, ver se ao menos conseguia contribuir com algo que pudesse
tirá−los da ilha. Ele ficou mal imaginando se Claire não estava demorando por estar interrogando o
cara da Umbrella, sendo que foi idéia dele.
Do outro lado do tanque estava uma porta que dava no pátio do complexo de treinamento. Ao
menos seu senso de direção não estava completamente perdido. Parecia mais escuro do que
antes; Steve olhou para cima e viu que o céu tinha ficado nublado de novo, bloqueando a lua e as
estrelas. Ele estava na metade do pátio quando ouviu um trovão, alto o suficiente que fez o chão
parecer tremer sob seus pés. Ao alcançar o outro lado, começou a chover de novo.
Steve apertou o passo, virando à direita ao sair e correndo para a mansão. A chuva estava pesada
e fria, mas era bem vinda. Ele abriu a boca e voltou o rosto para o céu, deixando a chuva lavá−lo.
Steve ficou ensopado em apenas alguns segundos.
“Steve!”.
Claire.
Ele sentiu seu estômago dar um pequeno nó, virando para vê−la se aproximar. Ela o alcançou
antes do portão para a mansão, usando uma preocupada expressão no rosto.
“Você está bem?”. Ela perguntou, estudando as dúvidas dele, tirando a chuva de seus olhos com
um piscar.
Steve queria dizer que estava ótimo, que tinha sacudido o pior de tudo e que estava pronto para
voltar ao espancamento de zumbis, mas quando abriu a boca nada disso foi de dito.
“Eu não sei. Eu acho que sim”. Ele disse honestamente. Ele conseguiu sorrir um pouco, sem
querer que ela se preocupasse demais e não querendo falar sobre isso, também.
Ela parecia entender, mudando de assunto suavemente. “Eu descobri que os gêmeos Ashford têm uma casa particular atrás da recepção”. Ela disse. “E eu não tenho cem por cento de certeza, mas
as chaves que estamos procurando podem estar lá. Há uma boa chance”.
“Você descobriu tudo isso com o, eh, Rodrigo?”. Steve perguntou cheio de dúvidas. É difícil
imaginar que um empregado da Umbrella diria tudo isso para o inimigo.
Claire hesitou, depois acenou. “Indiretamente sim”. Ela disse, e de repente ele teve a sensação de
que ela não queria dizer algo. Ele não pressionou, apenas esperou.
O problema é chegar na casa,”. Ela continuou. “Eu tenho certeza de que está bem trancada. Eu
acho que devemos fuçar a recepção mais um pouco, ver se achamos um mapa ou uma
passagem...”.
Ela tirou seu cabelo molhado dos olhos sorrindo. “... e, você sabe, sair da chuva antes que
fiquemos ensopados”.
Steve concordou. Eles cruzaram o portão para o bonito jardim, passando por cima de alguns
corpos pelo caminho. Ele contou sua idéia sobre as Lugers, idéia que ela considerou importante
perseguirem – apesar de ter apontado que com a família Ashford comandando a ilha, os
quebra−cabeças da Umbrella poderiam não ser tão lógicos.
Eles pararam na porta da frente para fazerem o que podiam com suas roupas, o que não foi muito
afinal. Ambos estavam ensopados e fizeram o melhor que podiam para tirar o excesso. Felizmente,
seus pés estavam secos; roupas molhadas eram uma droga, mas tentar andar por aí com botas
encharcadas eram um pé no saco.
De armas para cima, Steve abriu a porta. Tremendo de frio, eles entraram –
– e ouviram uma porta fechar, escada acima e à direita.
“Alfred,”. Steve disse em voz baixa. “quer apostar quanto? O que me diz de fazemos alguns
buracos em seu traseiro?”.
Ele foi na direção da escada, a pergunta retórica. Aquele canalha lunático precisava estar morto,
por mais motivos que Steve podia contar.
Claire o alcançou e tocou seu ombro. “Escute, eu descobri essas coisas lá na prisão... ele não é só
maluco, mas seriamente desordenado. Como um psicopata desordenado”.
“Tá, entendi”. Steve disse. “Mais um motivo para pegá−lo o mais rápido possível”.
“Apenas... vamos tomar cuidado, está bem?”.
Claire parecia preocupada, e Steve sentiu−se protetor de repente, bom divertimento.
Ah, sim, ele não vai escapar, ele disse bravo, mas acenou para Claire. “Pode deixar”.
Eles subiram rapidamente, parando do lado de fora da porta que tinham ouvido fechar. Steve deu
um passo à frente de Claire, que levantou uma sobrancelha, mas não disse nada.
“No três”. Ele suspirou, girando a maçaneta bem devagar, aliviado por estar destrancada. “Um –
dois – três!”.
Ele empurrou a porta com o ombro, bem forte, invadindo a sala e a varrendo com a pistola, pronta
para atirar em qualquer coisa que se movesse − mas nada se moveu. A sala, um bem iluminado
escritório com estantes de livros, estava vazio.
Claire seguiu adiante e virou à esquerda, depois do sofá e mesa de centro da parede norte.
Desapontado, Steve foi atrás dela, esperando outra porta para outro corredor, tão cansado
daqueles labirintos idiotas em todo canto que podia apenas –
Ele parou e olhou, exatamente como Claire. Três metros adiante havia uma porta com dois
espaços vazios em um brasão na altura do peito, os espaços na forma de Lugers.
Steve sentiu uma descarga de adrenalina, de vitória. Ele não tinha motivos para acreditar que
tinham achado o caminho para a casa privativa dos Ashford, mas acreditava mesmo assim. Tanto
quanto Claire.
“Eu acho que conseguimos,”. Ela disse suavemente. “quer apostar quanto”.

Resident evil 6# Código Verônica Onde histórias criam vida. Descubra agora