“O sistema de autodestruição foi ativado”. Uma gravação começou, reverberando pelo poço, o eco
misturando com o resto da mensagem. “Você tem quatro minutos e quarenta segundos para
alcançar a distância mínima de segurança”. Chris já estava alerta mesmo antes da luta começar.
Alexia levantou a mão para acertar Claire e Chris atirou, a .357 pulando em sua mão, o tiro se
sobrepondo às sirenes, ensurdecedoramente explosivo.
Isso! Um tiro certeiro, bem na barriga, e Claire já estava no elevador, apertando o botão e entrando
na cabine –
– mas ao invés de sangrar, ao invés de cambalear, Alexia sorriu para ele. Ela levantou uma de
suas mãos acinzentadas e a fez penetrar em seu corpo, a carne afrouxando como água em
movimento. Um segundo depois ela retirou a bala e gentilmente a jogou em sua direção.
Ruim, isso é muito, muito ruim, Chris pensou, e então ela começou a mudar.
A flexível mulher agachou na grade de metal e sua carne líquida começou a tremer, formando altos
e baixos em todo o se corpo, o tecido borbulhando, expandindo. Os altos virando montanhas, os
baixos virando vales, tudo cinza e inchado enquanto seus membros começavam a dobrar em si
mesmos. Seus braços curvaram e se juntaram à massa expandindo, as pernas desaparecendo no
meio de tudo, a textura ficando áspera e ressecada, veias como cabos levantando, e ela continuou
inchando. Sua cabeça rolou para baixo e se tornou parte do gigante corpo, o cinza virando um
músculo avermelhado, o roxo e azul dos vasos sanguíneos conectando−se como se carregados
pela maré.
“Você tem quatro minutos para alcançar a distância mínima de segurança”. Alguém disse, e Chris
mau ouviu, ele estava recuando, cada vez mais convicto de que aquilo não acabaria bem. O
elevador estava bloqueado, e ela continuava crescendo.
Grossos tentáculos saíram de baixo da elefântica massa, ondulando como ondas, espalhando−se
pela plataforma. As costas de Chris tocaram a parede, e a coisa, o massivo tumor se separou de
uma cintura que não existia, abrindo gigantes asas, asas de libélula, expelindo uma retorcida e
deformada face humana.
A face abriu a boca e um alto grito rouco saiu, suas asas tremendo com a vibração do poderoso
som – e então cuspiu nele, um fino jato verde amarelado de bile que atingiu a plataforma aos seus
pés, começando a corroer o metal.
“Droga!”. Chris gritou, e mal teve tempo de sair do caminho enquanto um dos tentáculos atacava.
Ele tinha que ficar de olho na boca e nos tentáculos ao mesmo tempo –
– e dos circulares e trêmulos buracos que nasceram ao redor da base de seu gigante corpo,
rastejantes criaturas começaram a sair.
Chris correu para o canto mais distante de Alexia e levantou a .357, sem saber onde atirar. As
pequenas subcriaturas estavam caindo na plataforma, como pedras achatadas com tentáculos,
alguns parecidos com besouros e outros como nunca tinha visto antes, e todos estavam vindo em
sua direção, e bem rápido.
Os olhos, se não puder matá−la, ao menos poderia cegá−la – mas os olhos já eram cegos, esferas
cinzas com escuridão sob elas, e ele já sabia o quanto eficazes as balas eram contra ela. Isso fez sua decisão. Chris mirou e atirou –
– e a pulsante e inchada criatura gritou de novo, desta vez com dor, uma de suas asas caindo na
plataforma.
Alguns dos pequenos organismos tinham alcançado ele, um deles saltando em sua perna,
tentando subir. Enojado, ele o varreu de lá, mas logo outro assumiu seu lugar, e um terceiro. Um
tentáculo voou em seu rosto, vindo de uma das criaturas. Chris o bloqueou, por pouco.
Anda!
“Você tem três minutos para alcançar a distância mínima de segurança”.
Chris correu ao longo da parede, chegando no canto em frente à criatura e mirou de novo, tentando
a outra asa. Ele errou o primeiro tiro, mas acertou o segundo.
Ela uivou, a asa pendurada por fiapos de tecido, e cuspiu de novo, o jato de bile errando seu rosto
por centímetros. Agora a coisa só tinha as duas asas de cima, e apesar de saber que a tinha
machucado, não parecia ter sofrido nenhum ferimento grave.
E só tenho duas balas sobrando.
Devia haver algo que pudesse fazer, algum modo de pará−la, o sistema de autodestruição iria
mandá−los para o inferno e seria tudo culpa sua. Ele saltou quando outro tentáculo atacou da base
da criatura, tentando pensar, essa era uma baita emergência e ele tinha que pensar –
– somente em caso de emergência.
O inflamado monstro gritou. Mais besouros estavam pulando nele, mas ele os ignorou, tendo
apenas que virar a cabeça para ver a cavidade da arma perto da porta, aquela com uma barra de
segurança. Um lançador de mísseis ou de granadas, que seja, era uma beleza, mas a barra ainda
estava abaixada, não tinha liberado.
“Você tem dois minutos para alcançar a distância mínima de segurança”.
Ka−chunk.
A barra levantou.
Chris correu e tirou a arma, levantando−a e mirando no arregaçado corpo da criatura. Ele não
sabia o que a arma faria, mas esperava que fosse boa, esperava que fosse acabar com aquela
vadia.
Não havia trava de segurança, nada para abastecer. Chris puxou o gatilho –
– e uma fúria de luz branca e calor partiu do cano, explodindo no alvo como uma flecha em um
balão. O efeito foi enorme, a explosão monstruosa.
Uma fonte de sangue e gelatina cinza espirrou do rasgado buraco, respingando em seu rosto, mas
ele só tinha olhos para a aberração Alexia gritando enquanto sua carne e estrutura cediam,
murchando –
A parte de cima da criatura estava tentando se livrar da massa morrendo, as duas asas se
debatendo freneticamente, mas com apenas duas, ela não podia se libertar... e estava morrendo,
ele sabia porque podia ver seu sangue drenando, porque a cor de sua horrível pele estava
mudando, ficando pálida, as subcriaturas estavam encolhendo, por causa do absoluto ódio em sua
face... e pela absoluta surpresa.
Enquanto o monstro Alexia silenciava e começava a cair, sua cria derretendo, Chris ouviu que
restava apenas um minuto.
Claire.
Ele largou a arma incendiaria e correu.
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Resident evil 6# Código Verônica
HorrorEm sua luta contra a Umbrella, Claire Redfield invade um prédio da companhia e é capturada, sendo levada presa à Ilha Rockfort, palco de mais um incidente biológico. No sexto livro de sua série, S.D. Perry relata as aventuras da personagem, seu irmã...