Prólogo - COITADINHAS?

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Sally Wilson

Olhando para fora da janela do carro, haviam poucas pessoas na rua e apenas alguns bares abertos. Pensei que seria por conta do horário, mas quando olhei o relógio, eram apenas 19h da tarde na cidade de Mystery Spell. Isso era estranho, algo que deveria me preocupar ou poderia ser apenas meu nervosismo?

Comecei a torcer minhas mãos no meu colo. Era a primeira vez em que eu me mudava para uma nova cidade. Apesar das minhas hesitações, eu sabia que era preciso. Desde que meus pais morreram em um acidente de carro no ano passado eu pensava muito em me mudar, respirar novos ares. Então arrumei um emprego como babá de três dias por semana em uma residência por aqui, perto de uma faculdade, e em troca, me hospedarei na mesma. Eu não tenho muita experiência com crianças, mas de acordo com a ligação que fiz com meu novo patrão, Viktor Bartholy, a garotinha de quem eu iria cuidar, sua filha, era um amor.

Então vamos ser positivas, Sally! Dará tudo certo, você verá! Vai ser uma experiência única e dependendo de como for, talvez seja definitiva!

Repeti as frases várias vezes seguidas a mim mesma em pensamento, assim que notei o motorista estacionando o carro.

O motorista não saiu de seu assento, então resolvi me levantar. Abrindo a porta, o ar frio do lado de fora quebrou o cheiro intenso de chiclete e couro que havia dentro do táxi. Peguei minhas poucas bagagens que havia levado comigo no banco de trás, agradeci e paguei o motorista. Ao receber o dinheiro, nem se quer olhou pra mim. Quando deu partida, em alguns instantes pude ver o carro desaparecendo sob a nevoa que emanava no final da rua. Fiz uma careta.

Ao me virar para a residência em que eu iria me acomodar, a minha frente, me deparei com um enorme portão de ferro enferrujado, única entrada entre dois muros fortes, altos e extensos que contornavam e protegiam a grande propriedade dos Bartholy. Estava hesitante e em choque. Quando o Sr. Bartholy disse residência, eu não teria imaginado que fosse uma mansão enorme e assustadora!

Aquelas minhas mesmas frases encorajadoras passavam novamente pela minha mente, mas não pareciam ter o mesmo efeito calmante de antes.

Abri e passei pelo portão de ferro, uma estrada áspera me guiou pelo lado de dentro do vasto território dos Bartholy, na noite iluminada pela lua, até uma pequena cachoeira que ficava entre duas escadas estendidas para lados opostos uma da outra. Ambas me levariam á porta da grande mansão.

Após subir uma das escadas, fiquei parada em frente a residência. Uma de minhas mãos se levantou para pegar uma das aldravas da porta de madeira escura, um arrepio correu por toda minha espinha. Não sabia o que esperar desse lugar, estava com muito medo. Tremendo um pouco, sem saber se por causa de frio, segurei a argola de uma das aldravas e bati duas vezes fortemente na porta com receio de que alguém de dentro não fosse consegui-las ouvir. E, como se estivesse me preparando para o que viria, me afastei rapidamente da porta segurando minhas coisas firmemente.

Esperei ali. Estava quase anoitecendo e o vento estava ficando cada vez mais gelado. A ponta do meu nariz e as dos meus dedos já tinham congelado. A porta subitamente rangeu e revelou uma silhueta de estatura alta...não muito assustadora, na verdade, era o contrário disso, a silhueta era de um lindo homem loiro que parecia o deboche em pessoa.

Ele chegou mais próximo de mim no batente da enorme porta, sua altura consideravelmente era de centímetros a mais que a minha. Poderia ele ter quase dois metros...

O cara vestia um suéter branco colado de gola alta, o que realçava o contorno de seus músculos por baixo do tecido. Minhas bochechas coraram. Não estava acostumada a me encontrar com garotos, muito menos com um tão charmoso como ele.

Tentei desviar meu olhar o mais rápido possível de seus músculos para seus olhos para me manter profissional, mas claramente não passei despercebida. Ele estava olhando pra mim com um leve sorriso no rosto. Nos seus olhos cor de avelã se encontrava um brilho estranho que eu não tinha certeza do que significava ou do que ele poderia estar pensando. Suspirei atordoada e pisquei algumas vezes com a cabeça baixa, logo o encarando nos olhos novamente.

— Oi, desculpe, sou Sally Wilson — Levantei a mão com intenção de comprimento-lo, sem ter sido retribuída com um aperto eu a abaixei desconfortavelmente. Dei uma risada constrangida e voltei a falar — Fui empregada por Viktor Bartholy para cuidar da filha dele, uma garotinha chamada Lorie. Serei a nova babá dela, cheguei agora na cidade então...

— Você nunca para de falar? — interrompeu, o sorriso ainda no rosto. Nele um ar confiante emanava.

— Ah, eu... — eu tentei me explicar mas nada saiu da minha boca. Com um gesto preguiçoso, ele acenou para que eu esperasse ali e no momento seguinte desapareceu. Inconformada com sua atitude, eu fiz uma nova careta. Obrigada pelas boas vindas!

Do lado de fora, pude reconhecer e escutar a voz dele do lado de dentro chamando por alguém. Me inclinei contra a porta para ouvir melhor.

— Nicolae, as Coitadinhas que vão cuidar da Lorie estão aqui — avisou.

Como é que é?! Coitadinha? É claro que eu me lembro de ter mencionado meu nome a ele, mas dado o apelido, provavelmente ele não deu a mínima resolvendo me chamar assim! Mas, o mais curioso é que ele pronunciou o apelido no plural...e eu vim sozinha.

Coitadinhas..?

Instintivamente, me afastei da porta e olhei para os dois lados rapidamente suspeitosa. Logo depois, virei a cabeça para olhar pra trás e cerrei os olhos. Do outro lado do portão de ferro, na calçada, uma moça loira acabara de descer do que parecia ser um táxi, mala e bolsas ocupavam suas mãos. Ela estava se aproximando, não conseguia ver direito suas feições por conta da névoa, mas parecia ser jovem como eu.

Ela trabalhará comigo? Não haviam me avisado sobre isso. Porque uma única garotinha precisaria de duas babás? Um redemoinho de perguntas passava pela minha cabeça, mas a mais curiosa era...como aquele debochado soube da chegada da loira? Não ouviu-se sequer barulho de motor de carro e a névoa estava densa demais pra que ele pudesse vê-la atrás de mim, estávamos a passos consideráveis de distância dela.

Ao perceber o som de um ranger de passos sobre a madeira atrás de mim, me virei novamente para a porta. Com ela entreaberta, identifiquei um outro homem vindo em minha direção. Será o tal Nicolae?

... ... ...
Esse foi o prólogo. Espero que tenha gostado, leitor(a)!

Gostaria de pedir pra deixar sua curtida/comentário nesse capítulo para que eu tenha consentimento de sua opinião sobre a fanfic, assim posso continuar escrevendo e fazer mudanças caso necessário. Obrigada pela compreensão e apoio!

Até o próximo capítulo...🔮

Enfeitiçados pelo DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora