Capítulo 11

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A escrita e a pintura sempre foram partes fundamentais da minha construção emocional e intelectual. São as bases da minha personalidade. São os meus pontos de abrigo. Primeiro, descobri o meu amor pela pintura e, com uma idade mais avançada, descobri os mistérios e os benefícios da escrita.

Com a escrita, aprendi a ver as coisas com mais clareza e simplicidade. A despertar todos os monstros dentro de mim e fazê-los falar. A abrir a caixa de Pandora que é a minha mente. A clarificar o que o coração, como ser emocional, tende a complicar.

E, neste início de 2019 atribulado, a escrita foi o meu refúgio. Com a escola, mal tinha tempo para pegar nos meus materiais de desenho e de pintura e, por isso, agarrava-me às canetas e às folhas e escrevia o que sentia.

Nunca me senti tão conectada com as palavras como nesse ano e, ainda hoje, fermento esse pequeno vício que cresceu lenta e ferozmente dentro de mim.

Muitos dos textos que escrevi foram sobre ti, Alma. Sobre ti e os desenvolvimentos que a nossa relação teve desde aquele dia em que as nossas vidas tomaram, temporariamente, rumos diferentes. Aquele dia em que percebi que nunca tinha deixado de te amar.

"Por vezes, gostava de voltar no tempo para alterar algumas coisas, reescrever o passado. Nunca ter desistido. Por vezes, acredito que faria o mesmo e que voltaria a aprender com os meus erros. Desistir, crescer emocionalmente e reerguer-me sem ti.

Provavelmente, foi melhor assim. Quero acreditar nisso.

Ambos crescemos e tornámo-nos melhores, aprendemos com o passado e seguimos em frente. Reencontrámo-nos, mas o melhor foi voltar a afastarmo-nos. Somos amigos, cada um a viver a sua vida sem se preocupar muito com o outro. Tu com os teus problemas, eu com os meus. E como bem sabes eu tenho tantos problemas! Ajudaste-me em muitas situações, cresceste comigo e eu contigo e ser-te-ei eternamente grata por tudo o que fizeste, foste e és comigo. Mas nem sempre foi pacífico e melhor do que ninguém o sabes. Desejo-te tudo de bom.

Possivelmente, irei afogar-me em sentimentos outra vez e, desta vez, não vais estar aqui para me ajudares a reerguer-me, se algo correr mal. Mas já o fiz uma vez e espero ter força para o voltar a fazer, se precisar. Quem sabe se, desta vez, eu não vou alcançar finalmente a tão desejada felicidade?

Talvez seja com ele, aquele rapaz de quem já te falei, mas tu insistes em não recordar. Não sei o que esperar. Ainda não sei se gosto realmente dele.

Com ou sem ele, um dia irei alcançar a minha felicidade como tu já a alcançaste.

Enquanto não chega a minha hora, a vida deu voltas e algo inesperado aconteceu. Tu abandonaste-me e o que eu nutria por ti voltou. Mas terá voltado realmente? Começo a achar que nunca deixei de te amar."

AlmasOnde histórias criam vida. Descubra agora