O tempo foi passando. Os dias arrastavam-se como lesmas. Ia aguentando como podia a minha vontade de te mandar mensagem, de tentar falar contigo sobre o que tinha acontecido. Precisava desesperadamente de tentar resolver as coisas contigo. Não ia cometer mais erros. Ia deixar que tivesses o tempo que tinhas pedido, mas esperava que depois me ouvisses. Tinha a esperança de que conseguiria resolver tudo. Não ia forçar nada. Ia ser perfeita. Ia ser o que querias que eu fosse. Independentemente do que isso me poderia causar.
Pelo menos, tentei. Mas tornou-se difícil conciliar o coração com a razão. E, em janeiro de 2019, mandei-te mensagem. Não conseguia aguentar mais. Tinha de resolver as coisas ou acabar com tudo de forma definitiva. Não aguentava a indefinição em que me tinhas colocado.
Surpreendentemente, ouviste-me e acolheste-me no teu colo. Mas tinhas condições. Ao meu primeiro erro, acabaria tudo. Segundo as tuas próprias palavras, não davas uma segunda oportunidade a quem já tinha errado contigo anteriormente. Era um aviso. Eu já tinha errado demasiadas vezes no passado. Mas, mesmo assim, deste-me uma nova oportunidade com condições que ridiculamente apontavam para a tua crença na minha habilidade para cometer erros. Acreditavas que eu não seria merecedora do teu tempo, perdão ou talvez amor.
Também falaste em manter a nossa relação em segredo, deixar que as pessoas pensassem que ainda estávamos chateados. Por muito estranha que essa ideia me pareceu, aceitei-a. Mesmo desconfiada, percebia que era melhor manter as outras pessoas afastadas de todo o nosso drama.
Voltamos a ter uma amizade, se lhe posso chamar assim. Sentia-me presa ao que me tinhas imposto. Tinha medo de que algo que eu dissesse fosse mal interpretado e que conduzisse a um fim que eu não queria. Tinha medo de agir. E passei a ter medo de ti, Alma. Principalmente, passei a ter medo de te perder porque, naquele momento, eu já te amava demasiado. E passei a acreditar que inevitavelmente iria voltar a errar.
E, em fevereivo de 2019, algo vem, mais uma vez, alterar o rumo dos acontecimentos. Desta vez, foi intrínseco à nossa relação. Decidimos ser amigos com benefícios. Entre nós, não usamos propriamente essa expressão, mas também pouco tempo convivemos como tal.
Tu fizeste a proposta, eu aceitei-a naturalmente. Já não tinha nada a perder. Amava-te e se era assim que poderia ter algo contigo, assim iria ser. Se era isso que tu querias, eu dar-te-ia. No fundo, eu sabia que ia dar mau resultado, mas, no momento, não pensei nas consequências. E, naquele momento, voltei a ser impulsiva. Voltei a ser irracional e a escutar somente a voz do coração.
Durante uma semana, fomos amigos coloridos.
Planeámos um encontro para o dia 15 de fevereiro de 2019, fizemos todo para que ele acontecesse, mas o Destino pregou-nos uma partida e não deixou que ele se realizasse.
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Almas
RomanceCom o aparecimento da vida na Terra, surgiu também uma entidade que desde logo causou uma enorme controvérsia. Será que existe? Será que é real? Será que realmente comanda as nossas vidas? O Destino nem sempre é favorável para com as Almas, mas ele...